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Estudo: asteroide é "testemunha" da formação dos planetas

27 out 2011 - 17h28
(atualizado às 18h19)
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O asteróide Lutetia, que a sonda europeia Rosetta sobrevoou no dia 10 de julho de 2010, é um denso resíduo dos planetesimais, grandes blocos rochosos que vieram a formar os planetas do Sistema Solar, segundo estudos publicados nesta quinta-feira.

"Temos claramente, quase que pela primeira vez, uma testemunha da fase de formação dos planetas e este é o primeiro objeto desse tipo que vemos", explicou Stéphane Erard, astrônomo do Observatório de Paris, integrante de uma equipe internacional que analisou as observações efetuadas graças à Rosetta.

A sonda conseguiu captar mais de 400 imagens, mostrando várias crateras na superfície do asteróide descoberto em 1852 e batizado segundo o nome latino de Paris. Situado a 450 milhões de km da Terra, o Lutetia é um objeto antigo, "vestígio dos planetesimais primordiais" que formaram, alguns há mais de 4 bilhões de anos, todos os planetas do Sistema Solar, segundo conclusões publicadas na revista científica americana Science.

As imagens revelam um objeto de cerca de 120 km de comprimento por 100 Km de largura, de geologia complexa e de uma densidade muito elevada para um asteróide.

"A partir deste tamanho são realmente objetos originais que permaneceram mais ou menos no estado em que estavam no momento em que se formaram os planetas", ressalta Stéphane Erard. "Acreditamos que este não seja um fragmento de colisões mais ou menos antigas, como a grande parte dos pequenos objetos do cinturão principal de asteróides. É, pelo contrário, provavelmente um dos restos da população primitiva do que chamamos de planetesimais", acrescenta.

Durante as colisões, esses planetesimais se combinam uns com os outros e acabam gerando objetos maiores, embriões dos planetas. O Lutetia tem uma densidade de 3,4 g/cm³, uma das mais elevadas para asteróides, e uma temperatura máxima de -28°C em sua superfície.

"Este é um objeto completamente seco. Não há traço de hidratação na superfície, o que quer dizer que, provavelmente, ele foi aquecido em algum momento", aponta Erard, responsável francês pelo espectrômetro da sonda Rosetta.

O Lutetia mantém as marcas de uma longa história de colisões: o bombardeio por asteróides menores criou diversas crateras de várias dezenas de quilômetros. Em algumas regiões jovens e lisas, como no pólo norte, cobertas de uma espessa camada de rególito, camada de poeira produzida pelo impacto dos meteoritos, grandes deslizamentos de terra deixaram traços visíveis.

A sonda Rosetta passou no ano passado a 3.142 km da superfície de Lutetia, que está posicionada no cinturão principal de asteróides entre as órbitas de Marte e de Júpiter. Lançada em 2004, a Rosetta tem um encontro em 2014 com o cometa 67/P Churyumov-Gerasimenk.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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