Estudo afirma que a dislexia pode ter ligação com a audição
4 ago2011 - 12h36
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Muitas pessoas consideram a dislexia como sendo apenas um problema de leitura, no qual as crianças misturam as letras e interpretam erroneamente palavras escritas. Mas os cientistas cada vez mais acreditam que as dificuldades de leitura da dislexia sejam parte de um quebra-cabeça maior: um problema na maneira como o cérebro processa o discurso e junta palavras de unidades sonoras menores.
Um estudo publicado na semana passada no periódico Science sugere que a maneira como os disléxicos escutam a linguagem pode ter mais importância do que se pensava. Pesquisadores do MIT descobriram que pessoas disléxicas têm mais problemas para reconhecer vozes do que pessoas que não sofrem da condição.
John Gabrieli, professor de neurociência cognitiva, e o estudante de graduação Tyler Perrachione pediram a pessoas com e sem dislexia que escutassem gravações de vozes combinadas a personagens de desenho animado, em telas de computador. As pessoas tentaram associar as vozes aos personagens corretos, primeiro com áudio em inglês e depois numa linguagem não familiar, o mandarim.
Os não-disléxicos associaram corretamente as vozes aos personagens em quase 70 por cento das vezes quando a linguagem era o inglês e metade das vezes quando era o mandarim. Mas as pessoas com dislexia eram capazes de fazer a mesma coisa apenas em metade das vezes, independente da linguagem apresentada nas gravações. Especialistas não envolvidos no estudo disseram que essa foi uma notável disparidade.
"Normalmente, você enxerga enormes diferenças na leitura, mas existem diferenças sutis, no âmbito geral, entre indivíduos que sejam ou não afetados pela dislexia quando a gama de testes é ampla", diz Richard Wagner, professor de psicologia na Universidade Estadual da Flórida.
Sally Shaywitz, diretora do Centro para Dislexia e Criatividade da Universidade Yale, diz que o estudo "demonstra a centralidade do discurso falado na dislexia - que o problema não está no significado, mas sim na captação dos sons do discurso".
Segundo ela, isso explica porque crianças disléxicas frequentemente expressam-se com dificuldades, citando dois exemplos tirados da vida real. "Uma criança estava assistindo a um jogo dos Red Sox no Fenway Park, e disse, 'Oh, estou com sede. Podemos ir ao confessionário (em inglês, 'confession stand', enquanto 'concession stand' refere-se a uma pequena lanchonete como as de estádios)?", diz ela. "Outra pessoa, atravessando um cruzamento lotado, onde muitas pessoas estão andando, disse, "Oh, esses presbiterianos ('Presbyterians' em inglês, em vez de 'pedestrians': pedestres) deveriam ter mais cuidado". Não é questão de não saber, mas sim de ser incapaz de ligar o significado correto e que se sabe aos sons que tem-se que emitir para expressá-lo".
Gabrieli diz que as descobertas ressaltaram um problema crítico para as crianças disléxicas que estão aprendendo a ler: a capacidade de uma criança ouvir, por exemplo, um pai ou professor falar e conectar as unidades auditivas que formam as palavras - os chamados fonemas - com a visão das palavras escritas. Segundo o professor, se uma criança tem problemas para absorver os sons que compõem a linguagem, adquirir habilidade para leitura torna-se mais difícil.
A pesquisa mostra que as deficiências na linguagem falada persistem até mesmo quando os disléxicos aprendem a ler bem. Os sujeitos do estudo eram, na maioria, "jovens adultos altamente funcionais, de QI alto e que haviam superado suas dificuldades de leitura", diz Gabrieli. "E mesmo assim, quando tinham de distinguir vozes, não eram nem um pouco melhores, mesmo quando trabalhando com vozes na língua inglesa, que ouviram durante a vida inteira".
Os especialistas dizem que o novo estudo também mostra a interconectividade dos processos cerebrais envolvidos no ato da leitura. Muitos cientistas consideravam que o reconhecimento vocal era "como reconhecer-se melodias ou coisas primariamente não verbais", diz Gabrieli.
Antes, pensava-se que o reconhecimento vocal era, no cérebro, uma tarefa separada do entendimento da linguagem. Mas essa pesquisa mostra que a leitura normal envolve um "circuito, a habilidade de ter todos esses componentes integrados de maneira absolutamente automática", diz Maryanne Wolf, especialista em dislexia da Universidade Tufts. "Uma das grandes fraquezas na dislexia é que o sistema não é capaz de integrar esses sistemas guiados por fonemas" a outros aspectos da compreensão da linguagem.
Como prosseguimento da pesquisa, os pesquisadores do MIT têm examinado os cérebros de voluntários enquanto fazem reconhecimentos vocais e outras atividades e descobriram "enormes diferenças entre disléxicos e não-disléxicos, em uma gama surpreendente ampla de tarefas", diz Gabrieli. "Nós pensamos que deva existir um tipo de aprendizado mais amplo nesses indivíduos, que não esteja operando muito bem, e que em algumas áreas você pode contornar essa deficiência de maneira bem satisfatória. Mas, na linguagem e leitura, esse contorno é difícil".
Os especialistas dizem que um dos destaques do estudo do MIT é que ele isolou a habilidade de processar o discurso vocal, da leitura e das habilidades que envolvem o significado da linguagem. As sentenças eram básicas, como "O garoto estava lá quando o sol subiu", e os sons em mandarim não significavam nada para os ouvintes.
Wagner sugeriu, que algo como a tarefa do reconhecimento vocal poderia ser usada para identificar jovens crianças propensas à dislexia. Os testes diagnósticos frequentemente exigem a separação dos sons e palavras. Pode pedir-se a uma criança que diga a palavra "cowboy" sem dizer "boy".
"Para crianças pequenas, é uma tarefa realmente difícil", diz Wagner. "Algumas vezes, elas simplesmente vão dizer 'cowboy sem dizer boy', porque foi exatamente o que foi pedido a elas. O Santo Graal seria a criação de tarefas que possam ser aplicadas em crianças de 3 anos de idade". Shaywitz diz que os estudos também têm implicações para o ensino.
"Se uma professora perguntasse 'Johnny, qual é a capital do estado de Nova York?', Johnny faria 'Uh, uh, uh' e o professor diria, 'Oh Deus, você não sabe", diz Shaywitz. "É mais provável que isso seja um problema de retenção de palavras do que falta de conhecimento. Se ela reformulasse para, 'A capital é Houston ou Albany?', Johnny teria maior probabilidade de responder corretamente".
Ethan Henderson, no Reino Unido, usou uma proteção de gesso aos três anos por ter um desvio de 42° na coluna. A proteção lhe rendeu o apelido de "tartaruga humana". Leia notícia relacionada
Foto: Barcroft Media / Getty Images
A criança se recuperou de uma cirurgia para corrigir um desvio de 42° na coluna vertebral. Ele teve que usar durante três meses a proteção
Foto: Barcroft Media / Getty Images
O desvio poderia deixar o menino paralisado. Contudo, se o procedimento não desse certo, Ethan poderia igualmente perder o movimento das pernas
Foto: Barcroft Media / Getty Images
A operação durou oito horas e a criança recebeu varetas e pinos para corrigir a espinha
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Após três meses na proteção de gesso, agora Ethan pode ficar em pé e correr como uma criança normal
Foto: Barcroft Media / Getty Images
James Aspland, da Inglaterra, é cego de nascença e está aprendendo a se movimentar com técnica usada por morcego e golfinhos, que consiste em estalar a língua e escutar como o ruído reverbera em superfícies próximas. Leia notícia relacionada
Foto: BBC Brasil
O bebê Alfie, da Inglaterra, nasceu com malformação da Veia de Galeno. Médicos tiveram que deslizar um cateter da largura de um fio de cabelo através do seu cérebo e usaram uma espécie de super cola para selá-lo ao longo da artéria. Leia notícia relacionada
Foto: O Dia
Oscar sofria de uma deformidade grave no rosto causada por um acidente, que tornava difícil respirar, engolir e falar.
Foto: AFP
O espanhol Oscar foi o primeiro paciente no mundo a receber um rosto completo em trasplante, em julho de 2010. Leia notícia relacionada
Foto: AFP
Morgan LaRue, de 9 anos, foi a primeira a receber uma prótese que "cresce", evitando novas cirurgias, nos EUA. Leia notícia relacionada
Foto: Texas Children''''s Hospital / BBC Brasil
Christopher Sands passou três anos soluçando constantemente até retirar 60% de um tumor no cérebro em cirurgia no Japão. Leia notícia relacionada
Foto: BBC Brasil
A francesa Isabelle Dinoire de 38 anos foi submetida ao primeiro transplante parcial de rosto. Leia notícia relacionada
Foto: AP
Especialistas de dois hospitais fizeram a operação no final de novembro de 2005, na cidade de Amiens, norte da França.
Foto: AP
A paciente superou dois episódios de rejeição ao tecido e duas insuficiências renais.
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Isabelle Dinoire recebeu um novo nariz, lábios e queixo
Foto: AP
Isabelle teve a face desfigurada por um cachorro enquanto dormia.
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O menino iraquiano sofre de Malformação Aneurismática da Veia de Galeno. Leia notícia relacionada
Foto: Barcroft Media / Getty Images
A doença dificulta a circulação de sangue no cérebro de Sirwaan
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A doença causava a saída de sangue do órgão pelo olho esquerdo do menino iraquiano e inchava a região
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A equipe com uma dúzia de médicos demorou cinco horas para realizar a cirurgia no menino iraquiano, que foi considerada um sucesso
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Segundo o doutor Shakir Hussain, neurologista do hospital, o menino iraquiano passou por diversos exames e os especialistas decidiram fazer uma operação inovadora "ao fazer desvios ou passagens alternativas para o sangue"
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Para salvar a vida do filho, o pai levou Sirwaan até Nova Delhi, na Índia
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Finley sofria de uma rara condição genética chamada Síndrome de Apert, que deixa o crânio em um formato cônico parecido a um chifre. Médicos separaram o crânio do garoto em diversos pedaços pequenos e os grudaram de volta em outro formato. Leia notícia relacionada
Foto: Kitty Gale/Landmark Films / BBC Brasil
Milagros Cerrón Arauco nasceu com a deformação chamada "síndrome de sereia". Leia notícia relacionada
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Ela passou por uma operação para separar as pernas da virilha até o calcanhar.
Foto: AFP
Bebê nasceu com a síndrome da sereia
Foto: AP
A estudante russa Darya Egorova, 6 anos, passou por uma cirurgia pioneira contra um câncer de osso, em Londres. Leia notícia relacionada
Foto: Harley Street Clinic / BBC Brasil
Os médicos britânicos trataram em apenas três horas o câncer localizado na perna da menina
Foto: Harley Street Clinic / BBC Brasil
Cirurgiões retiraram parte do osso da canela e o reimplantaram após tratamento com radioterapia em clínica londrina
Foto: Harley Street Clinic / BBC Brasil
A novidade da operação é que o osso afetado não teve de ser enviado a um hospital enquanto o paciente aguardava na mesa de cirurgia. Tudo foi feito na clínica
Foto: Harley Street Clinic / BBC Brasil
A adolescente britânica de 14 anos da Inglaterra, que tem alergia a nozes teve de ser hospitalizada após beijar seu namorado, que tinha comido cereais que continham avelãs. Ela recebeu uma injeção de adrenalina e se recuperou totalmente. Leia notícia relacionada
Foto: BBC Brasil
Sharon Phillips antes (dir.) e depois (esq.) de uma dieta que, segundo ela, permitiu descobrir três tumores fatais. Leia notícia relacionada
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Segundo os médicos que trataram a mulher, ela descobriu o câncer no momento exato para que pudessem salvá-la
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Sharon em imagem feita enquanto estava em tratamento. A mulher se livrou dos três tumores
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Após descobrir os tumores, ela iniciou o tratamento imediatamente.
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A canadense Aleisha Hunter foi curada de câncer de mama quando tinha 3 anos. Leia notícia relacionada
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A mãe de Aleisha, Melanie, foi quem descobriu o caroço no peito da criança, quando a secava depois de um banho
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Aleisha Hunter, de Toronto, no Canadá, foi diagnosticada em dezembro de 2008, quando tinha 2 anos
Foto: Barcroft Media / Getty Images
A criança canadense foi curada quando tinha 3 anos e não apresenta mais sinais da doença
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Aleisha foi a pessoa mais jovem a ter a doença diagnosticada
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Jordan Harden viveu 2 anos com câncer até que os médicos desistiram dos tratamentos e lhe deram semanas de vida. Entretanto, o câncer desapareceu sozinho. Casos de regressão espontânea são raríssimos na medicina. Leia notícia relacionada
Foto: Scope Features / BBC Brasil
Mason Lewis se tornou a menor pessoa da Grã-Bretanha a receber um transplante de pulmão aos 4 anos. Ele media apenas 93 cm de altura. Leia notícia relacionada
Foto: BBC Brasil
O bebê britânico Freddie Allen nasceu saudável após contrair uma doença e passar por uma transfusão de sangue ainda dentro do útero. Leia notícia relacionada
Foto: Caters / BBC Brasil
Joshua Baker sofreu uma parada cardíaca aos 5 anos e seu coração não bateu por 40 minutos, mas um médico conseguiu reanima-lo com uma massagem cardíaca. Leia notícia relacionada
Foto: Caters / BBC Brasil
Giles é portador da síndrome Goldenhar, que fez com que ele nascesse com um pequeno lóbulo no lugar de sua orelha direita. Uma cirurgia plástica, na Inglaterra, corrigiu a deformação. Leia notícia relacionada
Foto: Agência Ross Parry / BBC Brasil
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Foto: EFE
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Foto: EFE
Rafael recebe o carinho da enfermeira que o acompanhou nas 14 semanas de internação
Foto: EFE
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Foto: Reuters
O agricultor, que não conseguiu recuperar a visão, é conduzido pelos médicos do hospital
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Foto: The Royal Zoological Society of Scotland / Divulgação
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Foto: The Royal Zoological Society of Scotland / Divulgação
Um urso polar teve que passar por uma cirurgia após os veterianários descobrirem que ele estava sofrendo dores
Foto: The Royal Zoological Society of Scotland / Divulgação
O pinguim Happy Feet perdeu a rota de migração e foi parar na Nova Zelândia. Leia notícia relacionada
Foto: AP
John Wyeth, chefe da gastroenterologia do hospital de Wellington e um dos mais renomados médicos da Nova Zelândia, conduziu uma operação em um pinguim. O animal foi encontrado em uma praia do país após comer areia - que o pinguim teria confundido com gelo
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Após ser "extraviado" de seu país, Happy Feet é operado no "asilo" da Nova Zelândia
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Foto: Reuters
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A fêmea, de 32 anos de idade, teve seu útero operado por médicos e veterinários