Rússia recupera hegemonia com fim de ônibus espaciais dos EUA
24 jul2011 - 10h06
(atualizado às 10h26)
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A Rússia recuperou a hegemonia espacial após o fim da era dos ônibus espaciais americanos, que deixaram às lendárias naves Soyuz a missão de ser o único elo entre a Terra e a plataforma orbital. "As Soyuz são absolutamente confiáveis. Não há motivo para se preocupar", assegurou neste sábado Vitali Davídov, subdiretor da agência espacial russa (Roscosmos).
Meio século depois da façanha do primeiro cosmonauta da história, Yuri Gagarin, as Soyuz voltam a comandar a corrida espacial, área na qual a China irrompeu com força nos últimos anos. "Não deixamos de evoluir. A segurança é a maior prioridade", ressaltou. Davidov respondeu assim a alguns especialistas americanos que colocaram em dúvida a capacidade das Soyuz após a aterrissagem nesta quinta-feira do Atlantis, que deu fim à era dos ônibus espaciais americanos.
"As Soyuz garantem todas as necessidades da Estação Espacial Internacional (ISS). É verdade que não teremos um substituo durante vários anos e isto é uma grande responsabilidade, mas contamos com dezenas de Soyuz e cargueiros Progress em funcionamento ou em construção", afirmou.
As naves russas, que sofreram duas catástrofes em 1967 - em seu primeiro voo tripulado - e em 1971, nas quais morreram quatro cosmonautas, não sofreram nenhum acidente grave desde a queda da União Soviética em 1991. Por outro lado, 14 astronautas americanos morreram nas explosões das naves da Nasa (agência espacial americana) Challenger, em 1986, e Columbia, em 2003.
"As Soyuz e os ônibus espaciais americanos são incomparáveis. São naves de distinta classe. Nossas naves são planejadas para a mudança e o retorno de cosmonautas, mas não para o transporte de carga, enquanto os ônibus espaciais podem levar até 30 toneladas", ressaltou. Davidov considera que os ônibus espaciais são um marco na história da conquista espacial, mas lembra que sua aposentadoria é inevitável por causa de seu alto custo, já que quando o projeto nasceu há 30 anos se falou que para garantir sua rentabilidade deviam ser realizados entre dez e 15 voos anuais.
O cosmonauta soviético Vladimir Titov, que voou tanto nas Soyuz quanto no Atlantis e no Discovery, acredita que as naves russas são mais confortáveis para a decolagem, enquanto as americanas o são para a aterrissagem. Outra diferença entre ambas é que as Soyuz podem levar apenas três cosmonautas a bordo, enquanto os ônibus espaciais podiam levar até sete tripulantes, acrescentou à agência oficial "RIA Novosti".
Por sua vez, Davidov lembrou que a URSS também desenvolveu sua própria nave nos anos 1980 (Buran) no marco da corrida espacial, mas "seu custo era muito grande e tomamos a decisão, eu acho que correta, de estacionar o projeto". Ele lembrou que a Roscosmos encarregou a corporação Energuia, a fabricante das Soyuz, do desenho de uma nova nave pilotada capaz de efetuar voos interplanetários, que poderia estar pronta em meados desta década. "Devemos estar preparados, já que as Soyuz serão o único meio de transporte para a ISS durante vários anos. Os americanos dizem que enviarão em dois ou três anos naves comerciais à estação, mas isso ainda veremos", disse.
O subdiretor da Roscosmos considerou que "felizmente" a era de confronto espacial é "um vestígio do passado" estreitamente vinculado com o antagonismo político da Guerra Fria. "Agora temos assinados vários acordos com os Estados Unidos para a mudança de seus astronautas e suas equipes para a plataforma orbital. Graças a Deus compreendemos a tempo que é melhor solucionar os problemas cooperando do que competindo", acrescentou.
Segundo ele, a Rússia quer que a China se some ao projeto da ISS, do qual participam 16 países, mas, como as decisões devem ser tomadas de maneira colegiada, por enquanto não há acordo para que o país se integre. "Há um acordo para que a ISS opere até 2020, mas isso não significa que será encerrada nesse ano. Tudo dependerá do interesse dos participantes e de suas possibilidades técnicas", revelou.
Quanto ao turismo espacial, Davidov reconheceu que a Roscosmos por enquanto descartou seu retorno à ISS após mais de dois anos de interrupção. "Terá que esperar cerca de dois ou três anos. A rotação agora é muito complexa. Existe a possibilidade de os turistas espaciais viajarem em uma nave adicional preparada especialmente para eles. Ainda veremos", acrescentou.
Colares de condensação (cones de Mach), causados pela onda de choque durante o lançamento, aparecem nesta imagem. O efeito primário é causado pela parte da frente da fuselagem, mas colares secundários são causados pelos foguetes e pelo próprio Atlantis - inclusive com as asas
Foto: Nasa / Divulgação
A missão STS-51J marcou o primeiro voo do ônibus espacial Atlantis, em 3 de outubro de 1985. A nave levou um satélite de telecomunicações do Departamento de Defesa dos EUA. Os tripulantes da missão também realizaram estudos sobre reações do corpo à gravidade zero
Foto: Nasa / Divulgação
Em preparação para o lançamento, o Atlantis é fotografado contra o Sol nascente antes da missão STS-122 que levou o módulo Colombus à ISS
Foto: Nasa / Divulgação
Na missão STS-71, tripulantes da ISS fotografaram, com uma lente olho-de-peixe, o ônibus espacial Atlantis
Foto: Nasa / Divulgação
O Atlantis visto acima do Oceano Atlântico no início da missão STS-104 que levaria novos equipamentos à ISS
Foto: Nasa / Divulgação
Tanque de combustível é retirado da barca Pegasus, em Nova Orleans. A embarcação é usada especificamente para o transporte dos tanques dos ônibus espaciais
Foto: Nasa / Divulgação
A imagem mostra uma bolha de água flutuando na gravidade zero durante a missão STS-129 realizada pelo Atlantis em 2009. A bolha reflete o astronauta Leland Melvin
Foto: Nasa / Divulgação
Astronauta observa a Terra, o Atlantis e o braço robótico Canadarm2 do laboratório Destiny, da Estação Espacial Internacional
Foto: Nasa / Divulgação
Tanque de combustível fica danificado após queda de granizo em tempestade no Centro Espacial Kennedy
Foto: Nasa / Divulgação
Parte do Atlantis é "desmembrada" durante preparação para lançamento
Foto: Nasa / Divulgação
A cabine do Atlantis é equipada com um painel eletrônico multifuncional conhecido como MEDS, que faz do Atlantis a nave mais moderna da frota da Nasa
Foto: Nasa / Divulgação
Atlantis decola, pela primeira vez após a instalação dos painéis MEDS, para a missão STS-101, que levaria equipamentos e provisões à Estação Espacial Internacional
Foto: Nasa / Divulgação
Um lançamento durante o ocaso causou este estranho efeito, em 7 de fevereiro de 2001. O topo da coluna de fumaça é iluminado pelo Sol, enquanto a parte inferior já está coberta pela sombra da Terra. A Lua aparece na direita da imagem. O alinhamento entre Sol, coluna de fumaça e a Lua cria uma sombra que dá a impressão de que a coluna começa no satélite natural
Foto: Nasa / Divulgação
O Atlantis chega ao seu destino final, no Centro Espacial Kennedy da Nasa, após a missão STS-117, e será preparado para a sua próxima viagem
Foto: Nasa / Divulgação
No Centro Espacial Kennedy, da Nasa, o ônibus espacial Columbia está estacionado ao lado do Atlantis, que recebia reparos no tanque de hidrogênio
Foto: Nasa / Divulgação
Furacão é registrado por astronauta do Atlantis
Foto: Nasa / Divulgação
O astronauta Andrew Feustel, preso à ponta do braço de manipulação remota do Atlantis, passa próximo ao telescópio Hubble em maio de 2009
Foto: Nasa / Divulgação
Um tripulante do Atlantis em missão de outubro de 2002 fotografou a ISS contra a escuridão do espaço e a luz do Sol
Foto: Nasa / Divulgação
Quatro anos após sua primeira missão, o Atlantis decolou para colocar em órbita a sonda Galileo, que iniciou uma missão de seis anos a Júpiter
Foto: Nasa / Divulgação
A nave Atlantis se acopla à Estação Espacial russa MIR, onde é recebida pelos cosmonautas Anatoliy Y. Solovyev e Nikolai M. Budarin, que haviam sido levados ao espaço pela própria Atlantis
Foto: Nasa / Divulgação
Durante a missão STS 101, em maio de 2000, os astronautas podiam ver um nascer ou pôr-do-Sol a cada hora e meia, aproximadamente
Foto: Nasa / Divulgação
O Atlantis é transportado durante os preparativos da missão STS-115 em um dia de forte neblina
Foto: Nasa / Divulgação
Astronautas são vistos no Atlantis em imagem de abril de 2002
Foto: Nasa / Divulgação
Uma plataforma móvel leva o Atlantis para o local de lançamento. Pessoas aparecem no lado esquerda da imagem, o que dá ideia do tamanho do ônibus espacial - e da plataforma móvel
Foto: Nasa / Divulgação
A fotografia é de uma série de registros feita com uma câmera digital fixada no ônibus espacial Atlantis em junho de 2007. A imagem mostra parte do sistema de proteção térmica da nave que estava a cera de 200 m da ISS
Foto: Nasa / Divulgação
O Atlantis é coberto por plataformas e equipamentos enquanto é preparado para mais um lançamento
Foto: Nasa / Divulgação
Na imagem, o Atlantis está em preparações para ser transportado ao centro de montagem na Califórnia, onde seria modificado e testado para novas missões até agosto de 1998
Foto: Nasa / Divulgação
O Atlantis deixa um rastro de fumaça após o lançamento da missão STS-117, de 2007, que contribuiu com a construção de parte da ISS
Foto: Nasa / Divulgação
Um comboio recebe o ônibus espacial Atlantis no regresso da missão STS-132, em maio de 2010, após 12 dias de viagem à ISS
Foto: Nasa / Divulgação
A fotografia registra o momento que a estrutura de serviço é retirada da base de lançamento revelando a nave Atlantis pouco antes do lançamento em 6 de outubro de 2002
Foto: Nasa / Divulgação
Avião da Nasa registra lançamento de um ângulo diferente