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Genética aumentaria em 9 vezes risco de 2º câncer que mais mata

13 jun 2011 - 08h58
(atualizado às 08h59)
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Chico Siqueira
Direto de São José Do Rio Preto

Pesquisa desenvolvida no Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), no campus de São José do Rio Preto, indicou novos fatores genéticos de risco para desenvolvimento do câncer de estômago, considerado o quarto tipo mais frequente e a segunda principal causa de morte relacionada a câncer no mundo. Segundo os pesquisadores, o estudo pode levar à prevenção do tumor.

Estudo brasileiro indica que fatores genéticos influenciam no desenvolvimento de tipo comum e mortal de câncer
Estudo brasileiro indica que fatores genéticos influenciam no desenvolvimento de tipo comum e mortal de câncer
Foto: Getty Images

A pesquisa analisou amostras de DNA de 723 pacientes atendidos pelo Hospital de Base de Rio Preto - 207 com câncer gástrico, 276 com gastrite crônica e 246 saudáveis e chegou à conclusão de que, em determinadas alterações genéticas, as pessoas têm até nove vezes mais chance de contrair a doença. No entanto, fatores como o uso de álcool ou a adoção de medidas de prevenção podem aumentar ou diminuir essas chances.

A pesquisa analisou em laboratório os chamados poliformismos, que são variações encontradas nas sequências genéticas das pessoas. Essas variações contêm informações que podem indicar se a pessoa tem predisposição para determinados tipos de doenças, como o câncer. De acordo com a professora Ana Elizabete Silva, orientadora da pesquisa, foram escolhidas 10 variações com genes que apresentaram reação ao processo inflamatório desenvolvido com a bactéria Helicobacter pylori, a causadora do câncer do estomago.

"Foi a primeira vez que 10 variações foram analisadas e tiveram as informações cruzadas ao mesmo tempo em laboratório", explicou Ana Elizabete. Com isso, foi possível constatar, por meio de estatísticas, as possibilidades que portadores desses genes têm em contrair o câncer. "Das 10 variações, seis delas apresentaram genes relacionados com a resposta inflamatória, ou seja, apresentaram risco de câncer, sendo que três apresentaram altos índices desse risco", declarou.

Os resultados demonstraram que pessoas com determinadas variantes apresentaram até 2,7 vezes mais risco para desenvolvimento de gastrite crônica e até 5,2 vezes mais para câncer gástrico, enquanto que outros receptores foram associados apenas ao risco de câncer de estomago entre 1,92 a 2,31 vezes mais. Mas outras três combinações de genes apresentaram riscos de até 9,33 para o câncer.

Além dos fatores genéticos, também foram analisados fatores ambientais, como idade e uso de bebidas alcoólicas pelos 723 pacientes analisados. O estudo comprovou que pessoas que fazem uso de bebidas alcoólicas e com idade superior a 60 anos têm mais chances ainda de contrair o câncer do estomago. O sexo também é outro fator de risco: o homem tem 1,8 vezes mais possibilidades que a mulher; as pessoas com mais de 60 anos têm 1,6 vezes mais chances de contrair o câncer; os que fazem uso de bebida alcoólica têm aumentada as chances em 3,4 vezes.

A intenção do estudo é facilitar para que as pessoas possam fazer um diagnostico precoce do câncer, mas isso somente será possível no futuro quando os laboratórios tiverem condições de disponibilizar testes genéticos que hoje são feitos nas instituições de pesquisa. "É bem possível que num futuro próximo isso será possível e daí as pessoas terão mais chances de lutar contra o câncer", diz Ana Elizabete. Outro avanço é que o estudo poderá facilitar outras pesquisas relacionadas aos genes causadores do câncer e também a busca para novas drogas contra a doença.

Fonte: Terra
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