Estudo: aquecimento global está derretendo gelo permanente
17 abr2011 - 21h07
(atualizado às 21h39)
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O aquecimento global está devorando as costas do Ártico, onde erosões de até 10 m ao ano estão afetando comunidades e ameaçando a sobrevivência de espécies de plantas e animais locais. Esta é a principal conclusão de um duplo estudo publicado neste domingo por um consórcio de 30 cientistas de 10 países que analisou a situação de 100 mil km de costa, equivalente às fronteiras terrestres dos oito países que fazem fronteira ao norte com o oceano Ártico.
"Parece que a erosão do litoral do Ártico está acelerando de forma dramática. O corte médio é de meio metro ao ano, mas em algumas zonas chega a ser de 10 m ao ano", diz Volker Rachold, investigador do Instituto Alfred Wegener de Potsdam, na Alemanha.
As áreas mais afetadas são, segundo o relatório científico, o mar de Laptev e o leste da Sibéria, ambos na Rússia, e o mar de Beaufort, que faz fronteira com as costas do Canadá e Alasca, nos Estados Unidos. O estudo alerta que, como as costas do Ártico representam um terço do total do litoral do planeta, "a erosão pode chegar a afetar áreas enormes no futuro".
Tal retrocesso do litoral é consequência, sem dúvida, do aquecimento global, um problema que se agrava no Círculo Polar Ártico, onde os incrementos dobram o aumento térmico meio global, explica o investigador alemão.
O processo climatológico está descongelando parte do permafrost litorâneo, a camada de gelo permanente dos níveis superficiais do solo própria das regiões muito frias. "Vemos rápidas mudanças em uma situação que permaneceu estável durante milênios", denuncia o estudo, o primeiro de caráter compreensivo que analisa as consequências físicas (geológicas e químicas), ecológicas e humanas da erosão do litoral ártico.
Seu impacto é "substancial" para os ecossistemas árticos litorâneos e para a população humana assentada nessas regiões, aponta o documento "Estado do litoral Ártica 2010", de 170 páginas e disponível na internet. Os mais afetados pelas mudanças são os animais selvagens que habitam nessas regiões, especialmente os extensos rebanhos de renas, e os frágeis ecossistemas dos lagos de água doce próximos à costa.
O homem também se vê afetado por este grave processo erosivo, mas dada a pouca população no litoral mais setentrional do planeta, o estudo retrata mais como incentivo que como vítima neste problema meio ambiental.
2011 - Equipe da Nasa registra cânions na Groenlândia. A missão IceBridge, da agência espacial americana, está no terceiro dos seus seis anos de duração. A operação pretende estudar a modificação do gelo durante este período na Groenlândia e na Antártida
Foto: Nasa / Divulgação
A missão começou em 2009, quando o satélite ICESat parou de coletar dados do gelo na Terra. Os cientistas fazem registros aéreos. Em 2015, o ICESat-2 deve entrar em órbita para continuar o trabalho. Na imagem, de 2011, o Jakobshavn, o glaciar que se move mais rápido na Groenlândia
Foto: Nasa / Divulgação
2011 - O avião P-3 sobrevoa cânions na Groenlândia. A missão mapeia os gelos dessas regiões uma vez por ano - março e maio no norte e outubro e novembro no sul do planeta
Foto: Nasa / Divulgação
2011 - Avião P-3B é preparado para levantar voo nas ilhas Wallops, no Canadá, com destino à base Thule, na Groenlândia
Foto: Nasa / Divulgação
2010 - O monte Murphy se destaca na paisagem plana do oeste da Antártida
Foto: Nasa / Divulgação
2010 - A plataforma de gelo Getz se estende por quilômetros no glaciar Getz. A parede de gelo tem mais de 200 m acima da água e acredita-se que tem mais de 300 m abaixo da água
Foto: Nasa / Divulgação
2010 - Os restos da plataforma de gelo Wilkins são registrados na Antártida
Foto: Nasa / Divulgação
2010 - Gelo flutuante deixa rastro no mar ao deixar a Antártida
Foto: Nasa / Divulgação
2010 - Um pinguim de Magalhães é visto em Turis-Otway, na Patagônia chilena. O local fica próximo a Punta Arenas, base da missão no sul, também no Chile
Foto: Nasa / Divulgação
2010 - Avião DC-8 sobrevoa estação de pesquisa no Polo Sul antes de retornar a Punta Arenas
Foto: Nasa / Divulgação
2010 - O avião DC-8 voa sobre blocos de gelo em 26 de outubro, primeiro dia da missão na Antártida naquele ano
Foto: Nasa / Divulgação
2010 - O avião DC-8 da Nasa deixa a base de Thule, na Groenlândia
Foto: Nasa / Divulgação
2010 - Missão registra passagens de água no gelo do norte
Foto: Nasa / Divulgação
2010 - Glaciar é registrado ao sul de Thule
Foto: Nasa / Divulgação
2008 - Antes do início da missão, o cientista John Sonntag registrou este pequeno iceberg nas águas da Groenlândia
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - No 20º voo da missão na Antártida, os cientistas registraram esta paisagem, na geleira Larsen
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - Segundo a agência espacial, esta imagem representa bem a criosfera da Antártida. O gelo no topo dos montes é permanente, enquanto o gelo nos vales se move rapidamente em direção à costa
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - Gelo fino é visto no glaciar da ilha de Pinos
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - O gelo do glaciar da ilha de Pinos encontra o mar
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - Esta imagem registra quebra do gela na plataforma de Larsen, na Antártida
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - A plataforma de gelo Larsen foi uma das regiões onde foram feitos registros durante a missão na Antártida
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - O DC-8 sobrevoa a Cordilheira Transantártica
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - Missão registra blocos de gelo no mar de Bellingshausen, oeste do continente gelado
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - Avião sobrevoa a ilha Pino
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - Tempestade de neve atinge Punta Arenas antes de voo da missão
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - No primeiro voo da missão no sul, em 16 de outubro, a equipe registrou imagens na costa de Amundsen
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - No primeiro voo, a equipe mapeou a região de Amundsen, na Antártida
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - Iceberg de 20 m (acima da água) se desprende do gelo da Antártida
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - O gelo marítimo é um dos objetos de estudo da missão
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - Registros da missão mostram formas do gelo no continente
Foto: Nasa / Divulgação
2009 - Em 2004, cientistas já sobrevoavam a plataforma de gelo de Larsen e fizeram imagens que seriam usadas na missão atual