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EUA divulgam documentos sobre experiência com sífilis na Guatemala

29 mar 2011 - 21h26
(atualizado em 31/3/2011 às 12h34)
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Os Arquivos Nacionais dos EUA recuperaram e publicaram na internet os documentos relacionados ao contágio de sífilis e gonorréia provocado na década de 1940 em guatemaltecos por parte de cientistas americanos.

Os documentos, disponíveis no site dos Arquivos Nacionais e em suas instalações em Atlanta (Geórgia), foram elaborados pelo doutor John C. Cutler, que liderou o estudo sob o controle do Serviço de Saúde Pública americano.

A coleção, doada pelo próprio Cutler em 1990 à Universidade de Pittsburgh (Pensilvânia), inclui ao redor de 12 mil páginas de relatórios, fotografias, cartas e históricos médicos de pacientes.

Entre eles, no entanto, não há nenhum relatório final que detalhe as conclusões do experimento, que tentava determinar se a penicilina, utilizada para curar a sífilis, podia, além disso, prevenir que a doença se estendesse pelo organismo nos primeiros períodos do contágio.

Para isso, foram infectadas com o vírus 696 pessoas - a maioria delas presos e pacientes de instituições mentais - através de visitas de prostitutas que tinham a doença, por introdução direta em seu órgão sexual, ou, inclusive, mediante injeções na medula.

Os documentos de Cutler apontam que foi um funcionário de saúde guatemalteco quem propôs que o estudo fosse conduzido por médicos americanos, mas não esclarecem se o pedido foi feito com pleno conhecimento sobre os perigos dos experimentos.

Quando a história foi divulgada, em outubro passado, os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH) indicaram que houve "algum tipo de cumplicidade" por parte do Governo do presidente guatemalteco Juan José Arévalo Bermejo (1945-1951), mas até o momento não havia nenhuma prova de seu envolvimento.

Os dados pessoais e quadros médicos dos pacientes contidos nos documentos, resgatados em outubro pela pesquisadora Susan Reverby, permitem determinar que houve pelo menos uma vítima, morta por um ataque epilético.

A revelação de Susan provocou ligações do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e da secretária de Estado, Hillary Clinton, ao governante da Guatemala, Álvaro Colom, para se desculpar pelo estudo desenvolvido entre 1946 e 1948.

Esse pedido de desculpas e as duas pesquisas sobre os fatos abertos pelo Governo americano não impediram que centenas de guatemaltecos apresentassem neste mês um processo em Washington contra o Governo, para conseguir uma indenização em nome dos contaminados.

EFE   
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