PUBLICIDADE

Rara doença cerebral faz com que mulher não tema nada

16 dez 2010 - 19h34
(atualizado em 17/12/2010 às 09h13)
Compartilhar

Cientistas americanos detectaram em uma mulher uma rara doença cerebral que faz com que não tema nada - nem uma serpente que se aproxima de seus filhos e nem uma faca em seu pescoço, por exemplo. A mulher não experimenta a sensação de medo porque tem destruída a parte de seu cérebro em que os cientistas acreditam que esse sentimento seja gerado.

Nas últimas duas décadas, os cientistas acompanharam a mulher, identificada como SM, em busca de dados sobre sua condição que podem fornecer pistas para o tratamento do estresse pós-traumático, particularmente em soldados que retornam da guerra. "É bastante surpreendente que ainda esteja viva", disse Justin Feinstein, cujo estude é publicado no jornal Current Biology.

"A natureza do medo é a sobrevivência e a amídala cerebral nos ajuda a evitar as situações, as pessoas ou os objetos que colocam nossa vida em perigo", assegurou Feinstein. "Ao perder sua amídala, SM perdeu também a sua capacidade de detectar e evitar o perigo", completou.

Em lugar de medo, SM, cuja rara condição é conhecida como doença de Urbach-Wiethe, mostra um incontível sentimento de curiosidade". Para estudar suas reações, os pesquisadores a levaram a uma loja de animais exóticos cheia de aranhas e cobras, animais dos que havia dito repetidamente que "odeia" e tenta evitar. "Assim que entrou no local, SM se dirigiu ao serpentário e ficou fascinada com a grande coleção de cobras", indicou o estudo Consultada sobre se queria segurar uma cobra, SM respondeu afirmativamente e brincou com uma durante três minutos.

Os cientistas ressaltaram que a mulher "nunca foi condenada por um delito, mas que foi vítimas de vários". Feinstein disse que espera que a experiência de SM possa ajudar a tratar pessoas com estresse pós-traumático, um problema comum entre soldados que retornaram do Iraque e do Afeganistão. "Suas vidas estão marcadas pelo medo, muitas vezes são incapazes inclusive de sair de suas casas devido à sempre presente sensação de perigo", disse. "Se entendermos como o cérebro processa o medo, talvez algum dia sejamos capazes de conceber tratamentos voltados para áreas selecionadas do cérebro que permitem que o medo se apodere de nossas vidas".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
TAGS
Publicidade