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Pesquisadora: vida extraterrestre pode ser irreconhecível

4 dez 2010 - 20h35
(atualizado às 20h37)
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Lígia Hougland
Direto de Washington

Pamela G. Conrad, astrobióloga do Centro Goddard, da Nasa, disse em entrevista ao Terra que acredita que a descoberta de uma nova forma de vida, baseada em arsênio, indica que os seres vivos fora da Terra podem ser tão diferentes que poderemos nem reconhecê-los quando estudamos outros astros. Pamela esteve presente no anúncio oficial da descoberta, na quinta-feira, na sede da Nasa. Questionada se conseguiria reconhecer um ser extraterrestre, Pamela afirma:

Astrônomo explica descoberta de vida feita pela Nasa:

"Acho que seremos capazes de reconhecer algo que não é material terrestre. Se a vida for tão diferente da encontrada na Terra ao ponto de não sabermos quais são as pistas que devemos procurar, podemos não reconhecê-la. Se pensarmos da maneira mais ampla possível sobre como a vida pode parecer e desconsiderarmos as observações de tudo que temos certeza de que não é vida, é possível que encontremos vida extraterrestre. Mas grande parte da Ciência é sorte, e temos que contar com isso também."

Para a astrobióloga, a Nasa tem um alvo, bem próximo da Terra (em escala astronômica), para procurar vida. "Estamos, é claro, muito interessados em Marte, pois é nosso vizinho mais próximo. Foi 'feito' na mesma época que a Terra. Como tem um ambiente muito diferente do ambiente terrestre atual, gostaríamos de saber se já houve vida lá. Estudaremos isso com a Missão do Laboratório de Ciência de Marte, que será lançada em março de 2011", diz.

Pamela, além de astrobióloga, é mineralogista e estuda as moléculas e minerais estáveis da superfície de Marte para comparar a evolução primitiva do planeta vermelho com o nosso. Ela já participou de sete expedições às zonas polares, duas a águas profundas do oceano Atlântico e uma ao Pacífico para estudar os seres que sobrevivem nos extremos da Terra. Sobre as pesquisas desses seres encontrados em locais inóspitos, como desertos, gelo e lagos tóxicos, ela explica:

"Queremos entender ambientes extremos por que na Terra temos uma variação de temperatura relativamente moderada, mas em Marte a variação é bem maior. O mesmo acontece em Titã (uma das luas de Saturno), onde é bem mais frio; cerca de -140° C. Logo, ao estudarmos outros lugares do Sistema Solar que apresentem condições bem mais extremas em temperatura, pressão ou composição química do que a Terra, precisamos entender como aquele lugar se desenvolveu de modo diferente e o que isso significa para uma possibilidade de existir vida em tal lugar."

Outra forma de procurar vida fora da Terra é pesquisar ondas de rádio. Nesse caso, os pesquisadores estão procurando inteligência extraterrestre e esperam captar alguma comunicação entre esses seres. "A maneira pela qual eles examinam o espectro é ampla. Eles sabem que alguns dos comprimentos de ondas são parecidos com raios cósmicos galácticos de plano de fundo e de outros fenômenos astronômicos e tentam localizar sinais que não pareçam ser estas radiações de plano de fundo", diz Pamela.

Sobre os relatos de objetos voadores não identificados (ovnis), abduções e outros casos que envolveriam a presença de vida alienígena na Terra, a pesquisadora disse que não há provas, mas nada pode ser desconsiderado. "Ainda não temos nenhuma prova concreta. Um bom cientista nunca desconsidera nada, mas avalia e verifica se há prova que suporte uma alegação. Até agora, na literatura científica, não há prova de que ETs tenham visitado a Terra. Mas acredito que todos os cientistas estão abertos para encontrar evidências disso."

Por fim, a pesquisadora, ao ser questionada qual seria sua maior realização como astrobióloga, afirma: "gostaria de encontrar um tipo de vida que não exista na Terra."

Fonte: Especial para Terra
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