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Pesquisadores brasileiros sequenciam variante do vírus da raiva

16 set 2010 - 09h38
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Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros avançou um passo importante ao concluir o sequenciamento completo do genoma de uma variante do vírus da raiva mantida pela espécie Desmodus rotundus, morcegos que se alimentam de sangue (hematófagos).

Há mais de uma década o Brasil tem conseguido controlar a raiva urbana, que é transmitida principalmente pelo contato com cães. Mas, apesar de controlada, variantes do vírus continuam circulando por meio de animais silvestres.

De acordo com a pesquisadora científica do Instituto Pasteur e Coordenadora do Núcleo de Pesquisas em Raiva do Laboratório de Virologia Clínica e Molecular do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), Silvana Regina Favoretto, que orientou o estudo, o sequenciamento abre caminho para novos trabalhos científicos.

Segundo Silvana, que também é professora credenciada do programa, das quase 1,2 mil espécies de morcegos somente três ¿ Desmodus rotundus, Diphylla eucaudata e Diaemus yungii ¿ são hematófagos.

"Os morcegos Desmodus rotundus são os mais bem adaptados à invasão do homem ao seu habitat. A variante do vírus da raiva mantida por esse morcego é a mais importante do ponto de vista econômico e de saúde pública, ao atingir animais de criação (rebanhos) e também humanos", explicou.

Essa variante pertence ao gênero Lyssavirus e é encontrada em uma região que compreende do meio norte do México até o norte da Argentina ¿ com exceção da Cordilheira dos Andes. Os estudos genéticos são uma excelente alternativa para compreender por que outros hospedeiros são tão vulneráveis a essa variante genética distinta do vírus e por que, até hoje, não foi observada uma variante diferente em Desmodus rotundus.Segundo a pesquisadora, há pouco mais de 15 anos só conseguíamos saber se alguém tinha raiva ou não. Todas as variantes do vírus já circulavam entre nós, mas, como não sabíamos o tipo atribuíamos normalmente à variante mantida por populações de cães. O sequenciamento poderá ajudar a identificar como o vírus evolui e se mantém circulante com tanto sucesso.

A pesquisa compreende também a tese homônima de Angélica Cristine de Almeida Campos, cujo trabalho, sob orientação de Silvana, é realizado no ICB-USP e vinculado ao Programa de Pós-Graduação Interunidades em Biotecnologia, que reúne alunos da USP, do Instituto Butantan e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

A sequência completa da variante do vírus da raiva será depositada em breve no banco do National Center for Biotechnology Information (NCBI).

Com informações da agência Fapesp

Fonte: Redação Terra
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