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Programa de Computador criado pelo MIT decifra língua antiga

5 jul 2010 - 15h06
(atualizado às 17h10)
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Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) e da Universidade do Sul da Califórnia, ambos nos Estados Unidos, afirmam ter desenvolvido um programa de computador que foi capaz de decifrar grande parte do extinto idioma ugarítico. Essa língua foi descoberta a partir de escritos encontrados na cidade perdida de Ugarit, na Síria, cujas ruínas foram achadas em 1928. As informações são da Agência Fapesp.

O ugarítico foi descoberto a partir de escritos encontrados na cidade perdida de Ugarit, na Síria, cujas ruínas foram encontradas em 1928
O ugarítico foi descoberto a partir de escritos encontrados na cidade perdida de Ugarit, na Síria, cujas ruínas foram encontradas em 1928
Foto: Divulgação

O ugarítico era uma língua semítica escrita em alfabeto cuneiforme com 27 consoantes e três vogais. Os escritos ajudaram em estudos sobre o Velho Testamento, em especial a clarificar textos hebraicos e revelar como os textos utilizavam frases comuns, expressões literárias e frases empregadas pelas culturas gentis que o cercavam.

Os cientistas acreditam que o programa, além de ajudar a decifrar línguas antigas, pode ampliar a quantidade de idiomas em sistemas automatizados de tradução, como o Google Tradutor.

Segundo a agência, Regina Barzilay, do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência da Computação do MIT, e seus colegas fizeram várias proposições. A primeira é que a língua a ser decifrada pelo computador estaria próxima de outra, no caso, o hebraico.

Outra possibilidade é de que os símbolos relacionados deveriam ocorrer com frequências semelhantes nas duas línguas. O sistema também fez asserções no nível semântico - entendendo que as línguas relacionadas teriam pelo menos alguns cognatos, isto é, palavras com raízes em comum.

O programa determinou, então, radicais semelhantes e conjuntos de sufixos e prefixos consistentes, entre outras relações entre as palavras das duas línguas. Como o ugarítico já havia sido decifrado anteriormente, os cientistas puderam avaliar a capacidade do programa de computador.

"O sistema repetiu as análises dos dados resultantes centenas de vezes, e, a cada vez, os acertos eram mais frequentes, pois estávamos chegando mais perto de uma solução consistente. Finalmente, chegamos a um ponto no qual a alteração do mapeamento das similaridades não aumentava mais a consistência dos resultados", disse outro autor do estudo, Ben Snyder, também do MIT.

Das 30 letras do alfabeto extinto, o sistema foi capaz de mapear corretamente 29 com seus correspondentes em hebraico. Cerca de um terço das palavras em ugarítico tem cognato em hebraico e, desse total, o sistema identificou corretamente 60%.

"Das palavras identificadas incorretamente, na maior parte das vezes o erro foi por apenas uma letra. Ou seja, o sistema deu palpites bem razoáveis", disse Snyder. Os pesquisadores afirmam, contudo, que o programa não é capaz de substituir o ser humano no trabalho de tradução, mas é considerada uma ferramenta poderosa cujo desenvolvimento poderá ajudar no processo de decifrar línguas desconhecidas e de traduzir outras existentes mais eficientemente.

Fonte: Redação Terra
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