PUBLICIDADE

Estudo: falta de gases de gigantes herbívoros esfriou planeta

23 mai 2010 - 17h00
(atualizado às 18h55)
Compartilhar

O rápido declínio dos mamutes e de outros herbívoros, que ocorreu com a chegada dos agrupamentos humanos ao continente americano, poderia explicar o brutal esfriamento da superfície da Terra há 12,8 mil anos, indicou neste domingo um grupo de cientistas.

Há 13,4 mil anos, antes do homem caçar no continente americano, centenas de espécies de herbívoros povoavam a região, produzindo enormes quantidades de metano em seu processo digestivo. O metano é um gás que provoca o efeito estufa e, segundo o trabalho publicado neste domingo na revista científica Nature Geoscience, o surgimento do período glacial há 12,7 mil anos, conhecido como Dryas, pode estar relacionado com a brusca redução destas emissões. A temperatura média caiu 7°C na ocasião.

A extinção dos grandes herbívoros "teve profundos efeitos sobre as emissões de metano na atmosfera", o que pode ter provocado uma "mudança repentina do clima", segundo Felissa Smith, da Universidade do Novo México, em Albuquerque.

"Pensamos que a perda da megafauna pode explicar entre 12,5% e 100% da redução do metano observado", afirmam os pesquisadores, que apontam a extinção dos grandes herbívoros como o "primeiro evento catastrófico atribuído à atividade humana".

Se isto for verdade, o Antropoceno - época em que o homem teve influência maior sobre o clima - não começou com a revolução industrial, há dois séculos, mas com a chegada em massa dos predadores bípedes à América, há 13,4 mil anos.

Os pesquisadores defendem então recuar a data do início do Antropoceno em 13 mil anos. Antes da intervenção do homem, os herbívoros pré-históricos americanos emitiam entre 2,3 e 25 milhões de t de metano na atmosfera por ano, segundo estimativas baseadas nas emissões dos ruminantes atuais.

Os pesquisadores observaram uma queda repentina da concentração de metano na atmosfera de 180 ppbv (partes por bilhões por volume) na mesma época da extinção dos grandes herbívoros na América, no período glacial de Dryas. Cada redução de 20 ppbv na concentração de metano corresponderia a uma queda de 1°C na temperatura, segundo dados climáticos.

O paleontólogo Sérgio Cabreira trabalha no fóssil do <i>Prestosuchus chiniquensis</i>, uma espécie de tecodonte
O paleontólogo Sérgio Cabreira trabalha no fóssil do Prestosuchus chiniquensis, uma espécie de tecodonte
Foto: Ulbra / Divulgação
AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade