Erupção na Islândia é pequena demais para resfriar o planeta
16 abr2010 - 15h35
(atualizado às 16h10)
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Grandes erupções vulcânicas já tiveram efeito refrigerador no clima da Terra, mas o recente evento na Islândia é pequeno demais para trazer alívio ao aquecimento global antropogênico, disseram cientistas nesta sexta-feira.
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O evento marcante desta capacidade de refrigeração vulcânica dos últimos 20 anos ocorreu em 1991, quando o monte Pinatubo entrou em erupção nas Filipinas, resfriando a superfície terrestre em 0,5°C no ano seguinte, o suficiente para compensar o impacto dos gases causadores de efeito estufa entre 1991 e 1993.
Um episódio refrigerador menor ocorreu em 1980, quando o monte Santa Helena, no Estado americano de Washington, teve seu topo pulverizado, um evento que embora tenha sido impressionante, expeliu apenas um décimo do material liberado pelo Pinatubo.
O resfriamento se explica por uma fórmula simples: o vulcão libera grande quantidade de cinzas vulcânicas e dióxido de enxofre, que são transportados para a estratosfera, camada da atmosfera acima da troposfera, a mais próxima da superfície.
Lá, fenômenos físico-químicos criam uma fina camada de partículas esbranquiçadas que, durante meses ou anos, circundam a Terra e refletem parte dos raios solares, impedindo que a radiação atinja o solo.
"Basicamente, é como colocar um escudo refletor sobre o pára-brisa do carro, impedindo que o interior aqueça demais", comparou Colin Macpherson, da Universidade Durham University, nordeste da Inglaterra.
Mas ele e outros afirmaram que a erupção do vulcão na geleira Eyjafjallajokull foi pequena demais, não produzindo enxofre suficiente, e sua pluma circundou a uma altitude baixa demais para ter qualquer impacto climático.
Qualquer efeito será "muito insignificante", disse, de Genebra, Scylla Sillayo, da Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês).
"No momento, estamos olhando para algo que é cerca de 100 vezes menor do que o monte Santa Helena. Na escala em que está agora, é relativamente improvável que tenha qualquer efeito perceptível no clima", explicou Kathryn Goodenough, da British Geological Survey (BGS).
"Com o Pinatubo, as cinzas chegaram a 18 mil m de altitude nos trópicos", afirmou Emmanuel Bocrie, do serviço climático francês Meteo France.
"Não é a mesma situação neste caso, onde a pluma está, em média, a 6 mil m, com picos de 11 mil m. Além disso, esta é uma parte da atmosfera (a troposfera) onde há ventos potentes, que têm grande efeito dissipador", explicou.
Os cientistas chegaram a afirmar que a erupção da geleira islandesa poderia ter um efeito regional no clima da Europa, mas só se durasse alguns anos. "Na década de 1780, uma grande erupção no sul da Islândia levou cerca de dois anos e gerou grande quantidade de enxofre", disse Macpherson.
"Isto causou um 'smog' terrível, as colheitas foram afetadas pela chuva ácida e a qualidade do ar ficou realmente muito ruim. Mas foi preciso dois anos (de erupção) para causar este efeito e certamente não estamos confrontados com algo semelhante agora", afirmou.
Outra hipótese é que a atual erupção poderia desencadear outra ainda maior, no vizinho vulcão Katla. Em 1821-1823, o atual vulcão entrou em erupção e depois se silenciou, e ao fim do ciclo, foi a vez do Katla entrar em erupção.
"As pessoas sugeriram que talvez haja vínculos entre eles, através de fissuras, mas é importante enfatizar que não há provas que um vá desencadear erupções no outro", disse Goodenough.
De qualquer forma, o resfriamento vulcânico é apenas uma quebra temporária nos efeitos das emissões de gases estufa antropogênicas, apontadas como responsáveis pelas mudanças climáticas.
Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a temperatura do planeta aumentou 0,74º C entre 1906 e 2005. No últimos cinquenta anos deste período, o aquecimento dobrou, com um aumento de cerca de 0,13º C por década.
Vista aérea mostra fumaça sendo expelida pelo vulcão, nesta terça-feira
Foto: AFP
O vulcão da geleira Eyjafjallajokull segue em atividade, nesta terça-feira
Foto: Reuters
Fumaça é expelida pelo vulcão da geleira Eyjafjallajokull, nesta terça-feira
Foto: Reuters
Lava é expelida pela primeira vez pelo vulcão da geleira Eyjafjallajokull, na Islândia
Foto: AP
Lava é vista pela primeira vez
Foto: AP
Vista aérea mostra o vulcão Eyjafjallajokull em plena atividade, na região glacial do país
Foto: AP
Cinzas cobrem fazenda da cidade de Eyjafjoll, próxima ao vulcão
Foto: Reuters
Vulcão segue em plena atividade neste sábado
Foto: AP
Coluna de fumaça provocou o cancelamento de voos na Europa
Foto: AP
Carros passam por estrada coberta por cinzas do vulcão, na Islândia
Foto: AP
Estrada da cidade de Vik fica encoberta pelas cinzas do vulcão
Foto: Reuters
Fazendeiro limpa parte das cinzas vulcânicas acumuladas sobre o pasto em uma propriedade próxima ao vulcão
Foto: Reuters
Grande quantidade de fumaça é expelida pelo vulcão
Foto: Reuters
Imagem aérea mostra a coluna de fumaça provocada pelo vulcão
Foto: Reuters
Cinzas cobrem o horizonte de estrada em Myrdalssandur, no sul da Islândia
Foto: Reuters
Pedaços de gelo levados pela enchente se acumulam à beira do rio Markarfljot, na Islândia
Foto: AP
Região do rio Markarfljot fica coberta por lama e água
Foto: AP
Homem deixa pegadas sobre cinzas em Myrdalssandur, na Islândia
Foto: AP
Morador mostra cinzas que se acumularam nas ruas por causa da erupção
Foto: AP
Nuvem de cinzas cobre a cidade de Vaasa, na Finlândia
Foto: AFP
Gelo próximo ao vulcão derrete por causa da erupção
Foto: Reuters
Nuvem de cinzas cobre a região próxima ao vulcão, na Islândia
Foto: Reuters
Gelo derretido cobre região próxima ao vulcão
Foto: Reuters
Lava que sai do vulcão expele fumaça
Foto: AFP
Imagem aérea mostra a região da Islândia coberta por nuvens de cinzas
Foto: AFP
Nuvem de cinzas alcança quilômetros de altura
Foto: AP
Imagem de satélite registra fumaça expelida pelo Eyjafjallajokull
Foto: Reuters
As cinzas negras do vulcão cobrem gelo na Islândia
Foto: AP
Fumaça lançada pelo vulcão cobre o céu sobre a geleira de Eyjafjallajokul
Foto: AP
Coluna de fumaça de mais de 6 km de altura pode ser vista saindo da cratera de um vulcão na geleira de Eyjafjallajokul
Foto: Reuters
Vulcão islandês lança lava e fumaça sob a geleira de Eyjafjallajokull
Foto: EFE
Carros ficam cobertos por cinzas, em Reykjavik, na Islândia
Foto: EFE
Vulcão lança fumaça que cobre o ar, na Islândia
Foto: EFE
Fazeideiro limpa cinzas que se acumularam em sua propriedade, próximo ao vulcão
Foto: Reuters
Mulher observa cachoeira formada pelo gelo que descongelou por causa da erupção, próximo à geleira de Eyjafjallajokull
Foto: Reuters
Cinzas se acumulam em fardos numa fazenda em Eyjafjoll, na Islândia
Foto: Reuters
Cinzas se acumulam na região próxima ao vulcão islandês
Foto: EFE
Imagem aérea mostra o vulcão glaciar em erupção na Islândia
Foto: Divulgação
O vulcão em erupção está sob a geleira de Eyjafjallajokull
Foto: Divulgação
Coluna de fumaça é lançada pelo vulcão islandês
Foto: Divulgação
Nuvem de cinzas cobre o céu sobre o vulcão
Foto: Divulgação
Vulcão glacial solta fumaça na Islândia
Foto: Divulgação
Imagem de satélite mostra a nuvem provocada pelo vulcão cobrindo a Islândia
Foto: AP
Nuvem de cinzas cobre a fazenda de Pall Eggert Olafsson, em Thorvaldseyri, na Islândia
Foto: AP
Carro trafega em rodovia próxima ao vulcão, na Islândia
Foto: AFP
Vulcão da geleira Eyjafjallajokull diminui intensidade
Foto: AFP
Vulcão localizado na geleira Eyjafjallajokull expele lava, na Islândia
Foto: Reuters
Vulcão em atividade expele lava e fumaça na Islândia
Foto: Reuters
Fumaça do vulcão se ergue sobre a geleira
Foto: Reuters
Moradores andam com cavalos próximo à região do vulcão
Foto: Reuters
Vulcão lança fumaça na Islândia
Foto: AP
Coluna de fumaça lançada pelo vulcão é vista sobre a geleira