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Genoma de pássaro pode explicar origem da linguagem humana

13 abr 2010 - 09h34
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Pesquisadores passaram a saber mais sobre o cérebro ao decodificar o genoma do diamante-mandarim, um pássaro cujos machos aprendem somente uma canção de amor de seus pais e a repetem por toda a vida.

Uma equipe liderada por Wesley Warren e Richard Wilson, da Washington University School of Medicine, em St. Louis, decodificaram o genoma do pássaro a um custo de cerca de 1 milhão de dólares, disse Warren. Isso é muito pouco em comparação aos US$ 10 milhões necessários há vários anos para decodificar o genoma da galinha.

Cerca de 50 laboratórios ao redor do mundo estão estudando o diamante-mandarim, muitos na esperança de obter pistas sobre como a linguagem humana é aprendida. Assim como os humanos e algumas outras espécies, esse pássaro pode imitar um som que ouve.

Os mecanismos desse aprendizado vocal parecem ser bem similares em pássaros e humanos, desde a anatomia do cérebro até os genes específicos. As pessoas com mutação num gene chamado FOXP2 possuem vários tipos de defeitos na fala, e os pesquisadores descobriram que pássaros nao conseguem cantar quando sua versão do gene tem problemas.

Com o genoma do diamante-mandarim em mãos, pesquisadores aprenderam que um número surpreendente dos genes do pássaro está envolvido no canto e na audição do canto de outros diamantes-mandarins. Cerca de 800 genes ficam mais ou menos ativos nos neurônios do pássaro durante o canto, afirmam os pesquisadores na edição atual da Nature.

"Agora que conhecemos mais sobre as células, vemos que elas emitem toda essa energia de transcrição", disse David Clayton, biólogo da University of Illinois e co-autor do relatório. Essa descoberta enfraquece a ideia de que o cérebro é relativamente estável em termos de atividade genética.

Enquanto o pássaro ouve um canto, os genes em seus neurônios estão produzindo um grande número de transcrições, ou cópias de genes. Mas essas transcrições não resultam nas células que estão produzindo proteínas da forma usual. Em vez disso, elas parecem modular a atividade de outros genes envolvidos na audição. "Esta é a primeira demonstração de que essas transcrições estão fortemente envolvidas e ativadas em tempo real", disse Clayton.

O sequenciamento do genoma do diamante-mandarim irá ajudar outros biólogos que estudam o pássaro. Além do aprendizado vocal, eles esperam entender a base genética de outros aspectos do comportamento do pássaro, como os cuidados dos pais, territorialidade e seleção de parceiros.

The New York Times
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