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Biólogos: animais silvestres estão mais próximos de humanos

11 abr 2010 - 19h25
(atualizado em 12/4/2010 às 00h19)
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Rose Mary de Souza
Direto de Campinas

Os animais silvestres vivem cada vez mais perto dos seres humanos porque a zona urbana se aproxima dos últimos fragmentos de mata virgem. A conclusão é de biólogos e pesquisadores da fauna brasileira do interior de São Paulo.

Onça parda é capturada pelo sistema de "armadilhas fotográficas"
Onça parda é capturada pelo sistema de "armadilhas fotográficas"
Foto: Márcia Rodrigues/ Cenap / Divulgação

No eixo entre São Paulo, Jundiaí, Campinas e Piracicaba, os fragmentos de reserva de mata estão estrangulados. Os corredores ecológicos são escassos pela degradação ambiental, queimadas e avanço da faixa urbana, segundo a zootecnista e doutora em política ambiental Márcia Gonçalves Rodrigues, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamiferos Carnivoros (CENAP/ICMBio) de Atibaia-SP.

"Nos últimos 20 anos, a região de Campinas teve uma expansão de sua ocupação territorial muito grande em comparação a outras regiões de São Paulo, o que acaba tornando mais comum cenas de bichos passeando praticamente dentro da cidade, afirma.

Segundo a pesquisadora, avanço do perímetro urbano em direção a áreas de mata virgem registra seu crescimento maior nos últimos 30 anos, o que comprova a necessidade de conservação das sobras de áreas e seus habitantes.

Na região de Campinas, há duas áreas de conservação com significativa presença de animais silvestres: a Mata de Santa Genebra, que ocupa uma extensão de 250 hectares, e o Matão de Cosmópolis, com 173 hectares.

Armadilha fotográfica

Em uma área de 150 hectares no entorno da Refinaria do Planato (Replan), da Petrobras, em Paulinia, distante cerca de 20 km Campinas e a pouca distância de sítios e imóveis comerciais, biólogos estudam a constante presença de mamíferos, roedores, repteis e aves. Para descobrir as espécies do local, quantificar os indivíduos e depois sugerir uma forma de manutenção sem degradação, os pesquisadores utilizam a chamada armadilha fotográfica.

O equipamento detecta a presença de animais de difícil observação. Seu funcionamento é simples. O aparelho é formado por uma câmera fotográfica acondicionada a uma caixa protetora presa por um cadeado para impedir que seja desligada ou roubada.O registro da imagem é ativado por um sensor infravermelho de movimento e calor quando algum animal aproxima-se da armadilha. A tecnologia é semelhante a dos alarmes residenciais.

Onça parda

Quinze armadilhas fotográficas foram espalhadas e captaram imagens que mostram a vida animal sem interferência humana em locais próximos de onde vivem populações superiores a 1 milhão de habitantes. Em um registro no final de fevereiro, uma onça parda ou suçuarana corre atrás de uma capivara, uma de suas presas mais cobiçadas.

A zootecnista Marcia explica que, a partir da fotografia, é possível saber somente através das imagens qual a espécie de animal, sexo, idade, horário de caça, entre outros detalhes.

Nas estradas

Em setembro do ano passado, uma onça parda foi atropelada no km 70 da Rodovia Anhanguera, em Vinhedo. A ocorrência chamou a atenção e causou congestionamento. Uma faixa de uma das vias mais movimentas do Estado de São Paulo teve que ser fechada para os primeiros socorros à onça. Apesar dos ferimentos, o macho sobreviveu aos ferimentos. Ele acabou batizado de Anhanguera.

Durante todo o ano passado, a AutoBan, empresa que administra as rodovias Anhanguera e Bandeirantes, encontrou 76 animais em suas vias - pouco mais que o dobro do ano anterior, quando foram 36 animais recolhidos das pistas. Na última semana, após passarem mais de um mês sob os cuidados da Associação Mata Ciliar, em Jundiaí, um bicho-preguiça e um gavião carcará encontrados caídos nas duas rodovias foram devolvidos à natureza.

Fonte: Especial para Terra
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