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Alguns insetos escolhem o vento ideal para voar, diz estudo

Alguns insetos escolhem o vento ideal para voar, diz estudo

12 fev 2010 - 09h05
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Para um inseto que voa alto, a migração por longas distância aparentemente deveria ser fácil. O animal simplesmente sobe até a altitude em que encontra ventos - de 150 a 750 metros - e se deixa carregar na direção em que o vento esteja soprando.

Pelo menos era isso que muitos cientistas presumiam. Mas um estudo conduzido no Reino Unido mostra que algumas mariposas e outros insetos de voo alto são ativos, e não passivos, em seu percurso de migração. Não voam em qualquer vento, e optam por ventos de cauda e alta velocidade, que em geral tomam a direção norte ou sul, a depender da época do ano, e ajustam sua trajetória, quando necessário, para compensar os desvios.

Jason Chapman, da Rothamsted Research, de Harpenden, Inglaterra, e seus colegas usaram um radar vertical de feixe estreito para determinar a direção de insetos individuais em voo de migração de e para o sul da Europa. Obtiveram dados sobre mais de 100 mil insetos, ao longo de oito anos.

"O que o nosso radar nos revela é que, quando os ventos sopram em direção sazonalmente favorável, as mariposas os aproveitam em grandes números", disse Chapman, diretor científico de um estudo cujos resultados foram descritos em artigo publicado na revista Science. "Mas na noite seguinte, se o vento não for o certo, não vemos quaisquer insetos de partida".

Como as mariposas detectam o vento é um mistério, disse Chapman, mas provavelmente empregam um mecanismo visual para determinar a direção. E devem dispor de uma espécie de bússola interna, bem como de um senso hereditário de direção.

Chapman disse que os dados demonstravam que, quando a direção do vento estava bem perto do norte ou sul, os insetos o acompanhavam, atingindo velocidades de até 90 km/h. Mas se o vento se desviasse desses eixos por mais de 20 graus, os insetos alteravam a direção de seu deslocamento. "Eles chegam a um meio-termo", disse. "Não podem perder velocidade demais, mas tentam se manter o mais próximos possível do sul ou norte puro".

Compreender de que maneira essas criaturas fazem uso dos ventos pode, no futuro, ajudar os cientistas a prever os movimentos de grande número de pragas de insetos, disse Chapman.

Tradução: Paulo Migliacci ME

The New York Times
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