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Acelerador já faz prótons circularem em sentido oposto

23 nov 2009 - 11h48
(atualizado às 15h55)
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O Centro Europeu de Física Nuclear (Cern) revelou hoje que feixes de prótons já estão circulando em direções opostas no maior acelerador de partículas do mundo, embora ainda se trate de testes em baixa velocidade.

O Grande Colisor de Hádrons (LHC, em inglês) começou a funcionar novamente no fim da sexta-feira passada com o lançamento de feixes em uma só direção, depois de 14 meses paralisado. Durante esse tempo, foi reparado dos erros técnicos ocorridos em setembro de 2008, apenas nove dias depois de entrar em operação em meio a uma grande expectativa da comunidade científica internacional.

Espera-se que as colisões a altas velocidades, que permitirão aos cientistas obter dados jamais conseguidos sobre a criação do Universo, sejam produzidos em princípios de 2010. Fizemos medições que normalmente são feitas em aceleradores várias vezes testados", acrescentou.

O enorme acelerador, de 27 km de comprimento, está situado a 100 m de profundidade no Cantão de Genebra (Suíça), na fronteira com a França. "É o fim de 20 anos de esforços, e o princípio de outra nova e fascinante fase", afirmou hoje Fabiola Gianotti, porta-voz do Atlas, um dos quatro detectores de partículas do acelerador.

"Demos um grande passo, e foi um grande êxito. Agora começa a segunda parte da viagem", disse, por sua vez, Tejinder Virdee, porta-voz do CMS, segundo maior detector que compõe o LHC. Apesar dos dois feixes estarem circulando em sentidos opostos, por enquanto não se chocaram e não é esperado que isso aconteça a curto prazo.

"Primeiro precisamos observar como eles circulam, e devemos identificá-los com absoluta certeza para podermos manipulá-los. Queremos proteger o acelerador e nos certificarmos de que o processo é seguro", explicou Myers. "Vamos seguir passo a passo, faremos testes para comprovar que o LHC funciona perfeitamente. Faremos também as mudanças nnecessárias e, quando tivermos confiança total no acelerador, então faremos as colisões a alta velocidade", disse o diretor-geral do Cern, Rolf Heuer.

Quando o LHC funcionar em plena capacidade, será possível recriar os instantes prévios ao Big Bang, o que dará informações chaves sobre a formação do universo e confirmará ou não a teoria da física, baseada no Bóson de Higgs. A existência dessa partícula, que deve seu nome ao cientista que há 30 anos previu sua existência, é considerada indispensável para explicar por que as partículas elementares têm massa e por que as massas são tão diferentes entre elas.

Myers especificou que a ideia é fazê-las alcançar uma velocidade de 1.2 TeV (teraelétron-Volts) nas próximas semanas. Apenas em meados do ano que vem ela chegaria a 3.5 TeV. "Esperamos que a 3.5 TeV já possamos observar algo novo, mas ainda não temos certeza disso", afirmou Gianotti.

"Pode ser que a essa velocidade já possam ser abertas novas janelas para a ciência. É o que todos esperamos, mas não podemos garantir", acrescentou Heuer. O passo seguinte seria fazer testes a 7 TeV por feixe. "A natureza é mais elegante que as suposições dos humanos, vamos deixar que ela nos surpreenda", disse Gianotti.

Para a construção do LHC foram investidos 12 anos de trabalho, cerca de 4 bilhões de euros, e o esforço combinado de 7 mil cientistas.

EFE   
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