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Brasileiros vão à África para colher dados sobre Atlântico Sul

19 out 2009 - 17h00
(atualizado às 17h18)
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Um grupo de instituições científicas brasileiras iniciou nesta segunda-feira uma expedição oceanográfica com o objetivo de colher dados sobre as águas do Atlântico Sul entre Brasil e África, que poderão ser utilizados em pesquisas meteorológicas e em análises sobre os efeitos da mudança climática.

A expedição saiu hoje do porto do Rio de Janeiro, a bordo do navio oceanográfico Cruzeiro do Sul, da Marinha, com destino à Cidade do Cabo, na África do Sul. A previsão é de que ela esteja de volta no dia 22 de dezembro.

A missão, promovida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, conta com a participação de 16 pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Centro de Hidrologia da Marinha e de diferentes universidades, como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

A rota da expedição, a primeira transatlântica realizada pelo Brasil, tem paradas previstas na África do Sul e na Namíbia, antes de retornar, explicou em comunicado o comandante da operação, capitão de fragata Alvaristo Nagen Dair. Os pesquisadores recolherão dados tanto no trajeto de ida quanto no de volta, sobre temperatura, salinidade, oxigênio e clorofila nas águas do Atlântico Sul, assim como sobre suas correntes marinhas.

A expedição recolherá ainda mostras de água para analisar os nutrientes e o material em suspensão. Também serão lançadas boias de deriva e radiossondas, para poder medir os perfis verticais de temperatura oceânica e atmosférica.

Segundo um comunicado do Inpe, os dados sobre a região oceânica, até agora pouco conhecida, poderão ser utilizados em pesquisas sobre a influência da frente subtropical na formação de massas de água ao longo de toda a extensão do Atlântico Sul, entre os litorais da América do Sul e da África. Estes estudos são determinantes para previsões meteorológicas na região, segundo o Inpe.

A coleta de dados será feita tanto na superfície do mar quanto em profundidades de 30 a 5 mil m, graças aos equipamentos especiais do navio oceanográfico brasileiro. "Vamos recolher dados de uma área do Atlântico com um vazio de informações muito grande, que poderão ser utilizadas para melhorar os processos de previsão meteorológica em nossa costa", segundo Dair.

"Os processos de interação entre o oceano e a atmosfera e o papel das estruturas oceânicas, como os vórtices originados na corrente do Brasil e na corrente das Agulhas, são de grande importância para entender o clima", acrescentou Ronald Buss de Souza, pesquisador do INPE e um dos integrantes da expedição. As mostras serão recolhidas na viagem de ida na linha de latitude 30 graus sul e na de volta na linha de latitude 20 graus sul.

"Com estas medidas será possível quantificar parcialmente a porcentagem de calor que a célula meridional do atlântico está transportando das latitudes mais elevadas às mais baixas, ou seja, em direção ao Equador", segundo Luciano Ponzi Pezzi, outro pesquisador do Inpe.

EFE   
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