PUBLICIDADE

Cauda de espécie de lagartixa tem vida própria, diz estudo

16 set 2009 - 19h30
Compartilhar

Como alguns outros animais, a lagartixa pode usar um truque esperto quando ameaçada por um predador: amputar a própria cauda. A cauda distrai o inimigo e permite que a lagartixa corra mais rápido. Mas a cauda não fica parada: pode se movimentar por até meia hora.

Timothy Higham, da Universidade Clemson, e Anthony Russell, da Universidade de Calgary, agora estudaram em detalhe esse movimento. Uma cauda de lagartixa amputada, eles informam em estudo publicado pela revista Biology Letters, pode se mover lateralmente e até saltar.

Higham diz que seu interesse era tentar compreender os padrões motores da cauda, que parecem provir de neurônios na medula espinhal que formam um chamado "gerador central de padrões", ou GCP. "Isso é semelhante ao que vemos em outros vertebrados", disse o pesquisador. "O problema é que para estudá-los é preciso desconectar a medula espinhal da cabeça".

A lagartixa desconecta a medula espinhal sem ajuda e sem sofrer danos. Um pequeno aperto perto da base da causa basta para que a lagartixa derrube a cauda, ou a torne autônoma. Os pesquisadores estudaram as lagartixas leopardo, registrando em vídeo as suas caudas e registrando as atividades elétricas nos músculos com eletrodos.

A maioria dos GCP que foram estudados, diz Higham, produz movimentos rítmicos e previsíveis. A cauda da lagartixa leopardo apresenta alguns movimentos pendulares rítmicos, ele diz, mas também produz movimentos muito mais complexos. "Ela apresenta saltos, viradas e arranques malucos", ele diz.

Os movimentos elaborados podem estar relacionados ao habitat, diz Higham. As lagartixas leopardo vivem ao nível do solo, no deserto, e uma cauda abandonada provavelmente ficaria visível para um predador. "Quando mais balísticos e complexos os movimentos, melhor, nessa espécie de terreno", disse. "Isso poderia distrair ainda mais os predadores".

A lagartixa Tokay, que vive em árvores, não produz esse tipo complexo de movimento, ao que se sabe, e presumivelmente tampouco precisa dele, porque sua cauda cairia ao chão ou seria menos perceptível. Higham disse que as lagartixas podem ser úteis para novas pesquisas sobre geradores de padrões, por não requererem cirurgia destrutiva. "Ter uma cauda curta e tão fácil de preparar", disse, "pode ensinar sobre os GCP e como funcionam".

Tradução: Paulo Migliacci ME

The New York Times
Compartilhar
Publicidade