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Estudo: vida na Terra teria começado há 4 bilhões de anos

20 mai 2009 - 13h37
(atualizado às 16h54)
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A vida pode ter começado na Terra há mais de quatro bilhões de anos, apesar do intenso bombardeio de meteoritos sofrido por nosso planeta há 3,9 bilhões de anos, segundo um estudo que será publicado quinta-feira pela revista científica Nature.

Cerca de 200 milhões de bilhões de toneladas de meteoritos de todos os tamanhos (de 100 m a mais de 100 km de diâmetro) se abateram sobre a Terra nestes 100 milhões de anos de bombardeios, destacaram Oleg Abramov e Stephen Mojzsis, do departamento de Geologia da Universidade de Colorado (oeste dos EUA). As provas de vida mais antigas descobertas na Terra remontam a 3,83 bilhões de anos, recordaram.

Os autores do estudo tentaram determinar se este intenso bombardeio meteorítico provocou uma vaporização dos oceanos, uma fusão da crosta terrestre e a destruição de uma hipotética forma de vida mais antiga, ou seja, a esterilização da Terra. Abramov, Mojzsis e sua equipe de pesquisadores realizaram uma simulação digital deste período de "intenso bombardeio tardio", conhecido como LHB (Late Heavy Bombardment). Depois desta simulação, os geólogos chegaram à conclusão de que se uma forma de vida microbiana subterrânea existia, ela pôde se manter, apesar dos impactos.

"A maior parte da crosta terrestre não derreteu, nem sofreu modificações profundas. Somente 10% sofreram um aumento de temperatura de mais de 500°C", afirmaram. "Mesmo que todos os impactos do LHB tenham acontecido de forma simultânea, a Terra não teria sido esterilizada", destacaram. A simulação digital analisou as temperaturas nas zonas potencialmente habitáveis, até 4 mil m de profundidade.

Durante este bombardeio de meteoros, haveria "um aumento significativo do volume habitável" para as populações microbianas termófilas e hipertermófilas, capazes de sobreviver a temperaturas de 50 a 80°C ou de até 110°C, enquanto este volume diminuiria para as que vivem a temperaturas inferiores a 50°C.

No entanto, "o volume habitável total continua sendo o mesmo, devido ao esfriamento relativamente rápido da crosta terrestre perto da superfície", resumiram. Este esfriamento rápido pode ter preservado a vida, inclusive na hipótese de uma massa cem vezes maior de meteoritos caindo sobre a Terra, accrescentaram os autores do estudo.

Até o impacto de um objeto de mais de 300 km de diâmetro "seria insuficiente para vaporizar os oceanos", ressaltaram. Além disso, segundo a simulação, a presença d'água debaixo da superfície terrestre pode ter acelerado o esfriamento e o restabelecimento de condições propícias à vida sob os crateras de impacto.

Este estudo "permite supor que a vida na Terra começou centenas de milhões de anos mais cedo do que se pensava", comentou Lynn Rotschild, uma pesquisadora da Nasa. O estudo "também abre a possibilidade de que a vida tenha aparecido uma única vez na Terra, e que o planeta tenha sido habitado de forma contínua desde então", acrescentou esta especialista em astrobiologia. Alguns biologistas acreditavam na possibilidade de a vida ter aparecido mais de uma vez na Terra, se uma primeira forma de vida tivesse sido eliminada pelos meteoritos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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