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Brasil avança na pesquisa de células-tronco, diz estudiosa

12 fev 2009 - 09h20
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O Brasil tem tido vários avanços no campo das pesquisas sobre células-tronco e conseguido publicar suas descobertas em revistas de impacto, afirmou Mayana Zatz, responsável pelo Centro de Estudos sobre o Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), que participou nesta quarta-feira do Encontro Nacional sobre Células-Tronco, na capital paulista. Segundo ela, novos recursos que vêm sendo aprovados pelo Ministério de Ciência e Tecnologia são a chance de o País dar um salto qualitativo muito importante na área.

"Entre nossos projetos para 2009 temos um novo centro de células-tronco ligado às doenças genéticas. Nós temos o maior centro de doenças genéticas da América Latina e, a partir desse centro, vamos poder estudar como os genes causam essas doenças, testar novas drogas, comparar pacientes com a mesma mutação e que, muitas vezes um deles não tem nada e um deles tem uma forma grave da doença. Nós vamos poder responder inúmeras perguntas visando futuras terapias", garantiu Mayana Katz.

Segundo um dos organizadores do encontro, José Xavier Neto, pesquisador do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do Instituto do Coração da USP, o potencial das células-tronco é incrível e, no futuro, sem dúvida haverá diversas terapias utilizando esse recurso. "O que está claro para nós agora é que os benefícios das terapias de células-tronco são limitados hoje e transitórios para a maioria delas. O tratamento é bom apenas no transplante de medula, pele e córnea. Nesse caso, está se usando as células desses tecidos para reproduzir células iguais".

O que os pesquisadores perseguem agora é o resultado favorável para a transformação de células-tronco em tecidos diferentes. Nesse caso, esse tipo de tratamento está associado a benefícios pequenos e transitórios, sem muitas evidências de que as células estejam adquirindo a identidade que os pesquisadores desejam.

"Isso nos leva a concluir que, hoje, terapia com célula-tronco é experimental. Não necessariamente os tipos de células-tronco que estão sendo utilizadas hoje serão os que vão dar sucesso alguns anos na frente".

Por conta da necessidade de estudos mais profundos e dos diferentes estágios, que diversas comunidades cientificas estão fazendo nesse sentido, o encontro tem o objetivo de reunir os pesquisadores para um intercâmbio de experiências. "Por isso elaboramos o projeto de um curso para jovens cientistas, que estão começando suas carreiras agora. Colocamos juntos aqueles, que desenvolvem pesquisas básicas, com aqueles que tentam desenvolver terapias, para que os dois se complementem, troquem informações e façam convênios bilaterais".

No curso, os jovens cientistas da América Latina e do Reino Unido ficarão 16 dias no programa. Para Xavier Neto, o Brasil está em um caminho bastante interessante nos estudos sobre as células-tronco, mas ainda não lidera esses estudos.

"Na minha avaliação, isso acontece porque não temos ainda uma tradição forte em biologia de desenvolvimento, que é uma ciência relativamente nova. Estamos tentando com todos esses programas estimular o aparecimento de grupos". Por outro lado ele destaca grupos muito bons, que trabalham em outras áreas, e que dão vantagem competitiva por sua criatividade e interesse em terapias.

Xavier Neto destacou que muitas pessoas esperam o tratamento com células-tronco e esses tratamentos ainda demorarão muito. "Às vezes achamos que uma coisa vai demorar muito e surge alguém com uma abordagem brilhante e demora menos. O que podemos dizer com segurança é que tem muito chão pela frente, muita pesquisa. O certo é que o potencial existe, mas quando chegaremos lá, é difícil dizer".

Agência Brasil Agência Brasil
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