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Paraíso de Darwin, Ilhas Galápagos estão ameaçadas

11 fev 2009 - 10h11
(atualizado às 12h44)
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As Ilhas Galápagos, pertencentes ao Equador, são um paraíso no Oceano Pacífico que inspirou o cientista inglês Charles Darwin em sua mais brilhante teoria, mas atualmente se encontram ameaçadas por uma espécie perigosa: o homem.

Nesta quinta-feira, comemoram-se os 200 anos do nascimento de Darwin, e 2009 marca o 150º aniversário do lançamento de seu livro "A Origem das Espécies".

O turismo, a introdução de espécies nocivas ao frágil ecossistema local, o aumento da demografia, a mudança climática e inclusive a globalização são os principais fenômenos de origem humana que põem em risco as também chamadas Ilhas Encantadas.

Em sua viagem a bordo da embarcação HMS Beagle, Darwin encontrou em Galápagos - hoje uma reserva terrestre e marinha de 40 mil quilômetros quadrados - um "laboratório natural" e as provas vivas de sua teoria.

No arquipélago, descobriu variedades de tentilhões, pássaros de 10 a 20 centímetros de cor escura e similares em morfologia, exceto em seus bicos, cujas formas estavam plenamente adaptadas à alimentação particular de cada variedade.

Segundo o presidente da Fundação Científica Charles Darwin de Galápagos, Gabriel López, as ilhas seguem sendo importantes para a ciência, agora "para explicar coisas novas, como a mudança climática, porque representam um microcosmo do planeta".

Embora isso não suponha deixar de lado o estudo das espécies que têm seu habitat nas ilhas, o forte da pesquisa está voltado para o entendimento dos "novos desafios de nosso tempo", disse López à Agência Efe.

"O passo importante que estamos dando agora é entender melhor as dinâmicas do ecossistema, o que inclui o estudo do impacto humano na biodiversidade", acrescentou o cientista.

Ainda segundo López, um dos maiores riscos às ilhas envolve o turismo. Em 2008 "chegaram 173 mil visitantes a Galápagos", 90 mil deles em cruzeiros "bem controlados", mas o resto oferece "um turismo com base em terra e em hotéis".

O turismo com base em terra, de acordo com López, pode ser muito prejudicial para o meio ambiente, e essa foi uma das preocupações da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN, na sigla em inglês), que situaram o arquipélago em uma "lista negra" de reservas em perigo.

Após reconhecer o risco que Galápagos corre, o presidente do Equador, Rafael Correa, ordenou que se apliquem estratégias voltadas à proteção da biodiversidade nas Ilhas.

"Sou otimista para a criação de Ilhas Galápagos sustentáveis até 2020", acrescentou López, para quem a melhor homenagem que se pode fazer a Darwin, com as comemorações amanhã pelos 200 anos de seu nascimento, é trabalhar para a conquista de uma consciência mundial sobre a fragilidade do meio ambiente.

"Por isso, nosso interesse não é a ciência pura, mas a ciência aplicada para resolver problemas, para tomar decisões e para construir um caminho mais sustentável para Galápagos e para o mundo", garantiu.

"Temos ainda muitas coisas a descobrir" e esse trabalho nunca se detém, concluiu o cientista, que assumiu a direção da fundação Darwin em Galápagos no início deste ano, poucos dias antes da inclusão na lista de espécies freqüentes desse arquipélago da iguana rosada, que não tinha sido vista pelo local desde 1986.

A incorporação da iguana rosada à lista de espécies de Galápagos encoraja o aprofundamento do conhecimento.

A Fundação Científica Charles Darwin de Galápagos, que se encontra em Puerto Ayora, na Ilha Santa Cruz - a mil quilômetros do litoral continental do Equador -, prevê reunir entre 20 e 24 de julho uma "legião" de cientistas internacionais em um simpósio a ser realizado naquele que foi o laboratório do naturalista.

EFE   
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