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Mosquito produz "canção de amor" para seduzir sexo oposto

16 jan 2009 - 09h50
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Um mosquito dificilmente representaria um ideal de romantismo, para a maioria das pessoas, mas o inseto mesmo assim produz uma espécie de canção de amor - o zumbido de suas asas ao serem batidas, que ressoa na caixa torácica do animal. O zumbido das asas femininas, cuja frequência fundamental é de 300 a 600 hertz, basta para causar paixão a um mosquito macho.

» Mosquitos podem picar diversas vezes o mesmo indivíduo

Mas o Aedes aegypti, a espécie de mosquito que transmite os vírus causadores da dengue e da febre amarela em seres humanos, leva esse conceito de canção de amor a novas alturas sonoras, de acordo com um estudo publicado na versão online da revista Science. Lauren Cator, Ronald Hoy e seus colegas da Universidade Cornell reportam que os machos da espécie A. aegypti transformam a sedução em dueto, ao produzir um zumbido semelhante ao das fêmeas com suas asas.

Hoy diz que tanto os machos quanto as fêmeas elevam a frequência de seus zumbidos a cerca de 1,2 mil hertz, o que representa um harmônico na frequência fundamental tanto da fêmea (cerca de 400 hertz) quando do macho (600 hertz).

Trata-se da primeira ocasião em que os cientistas obtêm provas da existência dessa "convergência harmônica".

Ele apontou que a constatação também nega uma suposição que os cientistas sustentaram durante muito tempo - a de que os mosquitos são incapazes de ouvir acima de uma determinada frequência. "Todos nós acreditávamos que o teto fosse de entre 800 e mil hertz", ele disse.

Hoy disse que esse comportamento provavelmente era parte de um processo de seleção sexual. "As fêmeas são especialmente seletivas", ele explicou. "Uma fêmea vai requerer do macho que a corteja que ele se equipare com precisão ao tom de suas asas".

A constatação pode ajudar nos esforços de erradicação do A. aegypti, disse Hoy. Um método envolveria criar machos estéreis e enviá-los para procriar com as fêmeas - o que essencialmente removeria as fêmeas do pool genético. Mas não se sabe se esterilizar os machos afetará também sua capacidade de acasalamento.

Por isso, Hoy está planejando uma espécie de teste biológico no qual os machos esterilizados serão observados para determinar se conseguem produzir sons da frequência necessária.

"Se não puderem, então haverá alguma coisa de errado", ele disse.

The New York Times
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