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Peixe desenvolve espelho nos olhos para ver no escuro

8 jan 2009 - 08h18
(atualizado às 09h36)
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Cientistas da Alemanha e da Grã-Bretanha descobriram que uma espécie de peixe que vive no fundo do Oceano Pacífico é o único animal vertebrado que desenvolveu espelhos para enxergar.

O animal parece ter quatro olhos, mas tecnicamente, possui apenas dois - cada um se divide em duas partes conectadas
O animal parece ter quatro olhos, mas tecnicamente, possui apenas dois - cada um se divide em duas partes conectadas
Foto: Habor Branch Oceanographic Institution / BBC Brasil

O peixe, Dolichopteryx longipes, já era conhecido há 120 anos, mas nunca havia sido capturado vivo.

No ano passado, cientistas da Universidade de Tübingen, na Alemanha, conseguiram pegar uma espécime viva nos litorais do arquípélago de Tonga.

Testes confirmaram que o animal utiliza os espelhos para captar e concentrar luz em seus olhos, segundo artigo publicado pelos pesquisadores na revista especializada Current Biology.

Luminosidade

"Em quase 500 milhões de anos de evolução dos vertebrados, esta é a primeira vez, pelo que se sabe, que um animal resolveu com espelhos o principal desafio óptico que todos os olhos enfrentam - o de formar uma imagem", disse Julian Partridge, da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, que realizou os testes com o peixe.

O animal parece ter quatro olhos, mas tecnicamente, possui apenas dois - cada um se divide em duas partes conectadas.

Uma das partes dos olhos aponta para cima, ajudando o peixe a capturar os fracos feixes de luz que vêm da superfície do mar, cerca de mil metros acima. A outra parte tem o formato arredondado e fica na lateral da cabeça, apontando para baixo.

"Como a mil metros de profundidade há muito pouca luz, esse peixe se adaptou para conseguir captar o máximo possível dessa luminosidade", explicou Partridge. "O que ele faz é procurar flashes da luz bioluminescente de outros animais. Assim ele sabe da presença desses animais, principalmente abaixo da sua barriga vulnerável".

Os espelhos são formados de lâminas minúsculas, provavelmente compostas de cristais de guanina e dispostas em camadas.

"O uso de espelhos deve oferecer a este peixe uma vantagem enorme nas profundezas do mar, onde a capacidade de perceber o mínimo de luz pode fazer a diferença entre comer e ser comido", disse o cientista.

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