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Cientistas testam resfriamento isolado de cérebro

7 jan 2009 - 13h07
(atualizado às 13h44)
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Médicos de diversas instituições observaram que o esfriamento do corpo após um ataque cardíaco pode limitar os danos ao cérebro e averiguam novas técnicas para reduzir a temperatura desse órgão sem afetar o resto do organismo, informa a revista New Scientist.

Os pesquisadores acreditam que diminuir 4ºC da temperatura do cérebro reduz o metabolismo das células cerebrais e limita seu apetite de oxigênio em momentos cruciais em que há problemas de irrigação sanguínea. No passado, os médicos induziam a hipotermia terapêutica com pacotes de gelo ou com mantas refrigeradas a todo o corpo ou injetando nas veias uma solução fria, mas o resfriamento de todo o corpo pode elevar os riscos de infecções e de pneumonia.

Bridget Harris, estudante de medicina da Universidade de Edimburgo, inventou uma espécie de capacete refrigerador que pode induzir uma ligeira hipotermia no cérebro. A invenção, desenvolvida com ajuda da companhia de tecnologia médica KCI, de San Antonio (Texas, EUA), aproveita a densa rede de vasos sanguíneos no couro cabeludo que transportam o sangue ao cérebro.

Ela consiste em duas camadas de náilon que se ajustam à cabeça, uma sobre a outra, e, das quais, a mais próxima à pele tem pequenas perfurações. Quando se sopra ar frio entre as camadas, as perfurações permitem que o ar penetre na pele a intervalos regulares, com o que se esfriam os vasos sanguíneos. Nos testes com voluntários, essa espécie de capuz esfriou o cérebro em 1ºC em uma hora, mais ou menos o alcançado com os métodos tradicionais de refrigeração de todo o corpo.

A fim de produzir uma mudança mais rápida na temperatura do cérebro, outros pesquisadores estão desenvolvendo técnicas distintas para esfriar o sangue antes que chegue ao cérebro. Por exemplo, no nariz: a cavidade nasal está cheia de vasos sanguíneos que aquecem o ar que entra através desses orifícios, segundo explica Allan Rozenberg, da firma de tecnologia médica BeneChill (San Diego, Califórnia).

As artérias que levam o sangue ao cérebro passam junto dessa rede de vasos capilares, por isso, se esfriando a cavidade nasal, se reduz ao mesmo tempo a temperatura do sangue que chega àquele órgão. A BeneChill desenvolveu um sistema batizado RhinoChill, que pulveriza gotinhas de perfluorocarbono nas profundezas da cavidade nasal por dois tubos inseridos nas narinas.

O perfluorocarbono foi escolhido porque se evapora rapidamente, resfriando as paredes da cavidade nasal, e a chegada de um jato constante de oxigênio acelera ainda mais a evaporação. Estudos realizados em animais indicam que esse mecanismo pode esfriar o cérebro até 2,4ºC em uma hora.

Segundo Rozenberg, estão em andamento atualmente dois testes clínicos com pessoas que sofreram parada cardíaca ou apoplexia, mas os voluntários saudáveis nos quais se aplicaram protótipos responderam positivamente. Outra possibilidade é esfriar o sangue procedente dos pulmões, dado que as artérias carótidas vão diretamente do peito à cabeça, algo que tenta atualmente uma equipe do Argonne National Laboratory de Illinois (EUA.).

EFE   
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