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Níveis de gases do efeito estufa são os mais altos em 800 mil anos

17 out 2015 - 14h26
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Os níveis dos gases do efeito estufa bem misturados mais importantes, que são dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), são os mais altos dos últimos 800 mil anos, disse à Agência Efe o físico Ángel Gómez, do Observatório Atmosférico de Izaña, em Tenerife.

O estudo dos níveis dos gases do efeito estufa, que começaram no Havaí nos anos 50, é realizado também em Tenerife desde 1984, e quanto aos dados relativos a antes dessa data, são conhecidos com o estudo das borbulhas de ar apanhadas no gelo da Antártida e da Groenlândia, explicou Gómez.

O efeito estufa sempre existiu, mas aumenta desde a revolução industrial, afirmou Ángel Gómez, da Agência Estatal de Meteorologia, que acrescentou que com isso ocorre na superfície terrestre um aumento de temperatura, que é lento porque a água profunda dos oceanos demora muito para se aquecer.

Os gases do efeito estufa em Izaña são medidos todas as horas do dia e todos os dias do ano, e apesar do óxido nitroso e do hexafluoreto de enxofre (SP6) serem estudados desde 2007, o metano e o dióxido de carbono são analisados desde 1984.

Gómez explicou que o monóxido de carbono (CO) não é um gás de efeito estufa, mas influencia na química do metano, que, de modo que se houver mais do primeiro haverá algo mais do segundo.

O monóxido de carbono e o metano têm uma vida relativamente curta na atmosfera, pois o primeiro permanece nela poucos meses e o segundo cerca de nove anos, enquanto o dióxido de carbono se mantém durante centenas de anos, o óxido nitroso aproximadamente 120 e o hexafluoreto de enxofre em torno de 3,2 mil anos.

A diferença entre ambos tipos de gases é grande, pois para os primeiros é possível alcançar um equilíbrio entre emissão e destruição, em cujo caso a concentração do gás permaneceria constante na atmosfera, enquanto para os segundos a concentração do gás continua crescendo enquanto houver emissões.

Isto explica por que as concentrações medidas em Izaña sempre crescem para dióxido de carbono, óxido nitroso e hexafluoreto de enxofre, enquanto a concentração de metano teve períodos de não crescimento, e a de monóxido de carbono inclusive de queda.

O especialista indicou que o impacto das emissões dos gases em certo instante do futuro é quantificada mediante o Potencial de mudança da Temperatura Global (GTP), que se baseia na mudança da Temperatura Superficial Global Média (GMST) provocada por ditas emissões para horizontes temporários utilizando como referência o que provoca o dióxido de carbono.

O GTP a um horizonte de dez anos para as emissões presentes de metano é quase igual ao provocado pelas emissões de dióxido de carbono, mas é pouco mais da metade para um horizonte de 20 anos, e desprezível para um horizonte de cem anos, já que o metano emitido cem anos antes quase terá sido destruído.

No entanto, o GTP para as emissões presentes de óxido nitroso permanece constante nesses horizontes temporários, pois sua vida média é longa e parecida com a do dióxido de carbono.

Os valores médios da atmosfera de fundo medidos em Izaña durante 2014 mostraram que por cada milhão de moléculas na atmosfera, 398,6 partículas eram de dióxido de carbono, 1,86 de metano, 0,3277 de óxido nitroso, 0,00000842 de hexafluoreto de enxofre e 0,0923 de monóxido de carbono.

O crescimento anual médio de dióxido de carbono da última década foi de 2,1 partículas por milhão ao ano, enquanto o aumento de óxido nitroso foi de 0,00089 e do hexafluoreto de enxofre de 0,00000030.

O vapor de água (H2Ou) também é um gás de efeito estufa importante, mas sua concentração na atmosfera varia muitíssimo de um lugar para outro e também em altura, pois é determinado por emissões procedentes da evaporação de água líquida em oceanos, lagos e rios, evapotranspiração das plantas e do solo.

A concentração depende de fatores meteorológicos complexos como temperatura, vento, localização das borrascas e anticiclones.

Este gás desaparece da atmosfera mediante sua condensação em forma de água líquida em nuvens, que é devolvida à superfície terrestre como chuva.

Por isso, o impacto do vapor de água no aumento do efeito estufa se leva em conta em forma de retroalimentação: o aumento dos gases do efeito estufa bem misturados, aumenta a temperatura da baixa atmosfera, e este aumento de temperatura permite que uma maior quantidade de vapor de água possa permanecer na atmosfera.

EFE   
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