Estrela de Belém pode ter origem na Babilônia, dizem teólogos
14 dez2012 - 15h56
Compartilhar
Para teólogos, a Estrela de Belém descrita na história do nascimento de Jesus Cristo é originada da tradição de se associar grandes fatos ou monarcas a sinais celestes, costume mais antigo do que o cristianismo.
A Estrela de Belém sempre representa, no Natal, um papel importante e, ao mesmo tempo, misterioso. Teria sido um cometa, uma supernova, ou Júpiter e Saturno entraram em conjunção quando Jesus nasceu? Os astrônomos discutem até hoje sobre o que, na verdade, era a Estrela de Belém. Independente disso, permanece um mistério o motivo que levou os três reis magos a supostamente segui-la. O que os atraiu? E como lidamos com símbolos estelares produzidos culturalmente?
Segundo o mito, quando os três reis magos viram a estrela, compreenderam imediatamente que ela era um sinal divino. "O aparecimento da estrela foi para os magos o sinal de que um novo rei havia nascido", afirma o estudioso do Novo Testamento Jens Herzer, teólogo da Universidade de Leipzig. "Afinal, o profeta Balaão escreveu: 'Uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro'."
Quando uma pessoa importante vem ao mundo, procura-se um sinal celeste para ser associado. Pode ser uma estrela que aparece ou que cai do céu, o Sol ou a Lua que escurecem. A história está cheia desses relatos, lembra o professor de Teologia: "Fenômenos naturais e fenômenos celestes, no nascimento ou na morte de pessoas importantes sempre fizeram parte do repertório de histórias sobre diversas personalidades", explica Herzer.
Sinais do céu e personalidades importantes
Os habitantes da antiga Babilônia foram os primeiros a ver no céu certas relações entre as estrelas e a política, aponta Hannah Müller, professora de Estudos Religiosos pela Universidade de Leipzig. "Os sacerdotes babilônicos estudavam as estrelas para calcular os eclipses da Lua, que tinham uma importância para o calendário, para eles saberem quando podiam, ou não, realizar certos rituais."
Os gregos trouxeram um elemento novo à observação dos astros, ao associarem as divindades às estrelas: Marte é o deus da guerra, Mercúrio é responsável pelo comércio e Vênus, pela beleza, Júpiter é o astro-rei, Saturno é considerado a estrela dos judeus.
E aqui pode estar uma chave para o mistério da Estrela de Belém: Pesquisadores de história da astronomia acreditam que, há 2011 anos, Júpiter e Saturno se encontravam na constelação de Peixes. Astrologicamente, isso significaria o nascimento de um novo rei dos judeus.
"Quando Mateus, em seu evangelho, descreve as figuras de três reis magos que seguem a estrela a partir do Oriente, quer dizer, da Babilônia, ele lança uma prova de legitimação de que aquele tinha realmente que ser um acontecimento único¿, observa Hannah Müller.
A estrela remete não só à criança prodigiosa que nasceu em Belém. A estrela é Cristo. Assim era, pelo menos, a interpretação de Santo Ambrósio, no século 4º. Jens Herzer lembra que associar o monarca a uma estrela faz parte da tradição judaica.
"O líder da segunda revolta judaica do começo do século 2 descreveu a si mesmo como Bar Kochba, que significa 'filho da estrela'. Ele mandou cunhar moedas que também traziam o símbolo de uma estrela. Isso mostra claramente o quanto a vinda de um Messias estava também ligada com tal simbolismo astronômico", ressalta o teólogo.
A divulgação da descoberta de um papiro que seria a primeira evidência de que os cristãos já acreditaram que Jesus foi casado causou grande polêmica. Cientistas acreditam que fragmento faça parte de evangelho desconhecido. Veja essas e outras descobertas da arqueologia no mês de setembro. Leia mais
Foto: Karen L. King/Harvard University / Divulgação
Segundo a professora Karen King, de Harvard, que levantou a polêmica, a tradição cristã afirma que Jesus não foi casado, apesar de não haver nenhuma evidência histórica confiável para suportar essa afirmação
Foto: AFP
Já no final do mês o jornal vaticano afirmou que o papiro, que alimentou a teoria que fosse casado, é falso. Leia mais
Foto: AFP
Arqueólogos alemães apresentaram vestígios do que é considerado o mais antigo acampamento militar romano já encontrado até hoje no território da antiga Germânia. O local era utilizado por entre 5 mil e 10 mil legionários e estava estrategicamente situado para manter afastados os celtas, que ocupavam a fortaleza de Hunnenring. Leia mais
Foto: Johannes Gutenberg University Mainz/Martin Peilstöcker/The Jaffa Cultural Heritage Project / Divulgação
Arqueólogos britânicos talvez estejam mais perto de desvendar um mistério secular, após a descoberta de um esqueleto atravessado por uma flecha no local onde procuravam os restos de Ricardo III, rei da Inglaterra entre 1483 e 1485. Leia mais
Foto: AFP
Dois esqueletos bem preservados são a primeira evidência de que os britânicos usavam técnicas de mumificação há 3 mil anos. Contudo, um novo estudo divulgado no dia 24 pela Universidade de Manchester indica que na verdade elas foram criadas com partes de diferentes corpos. Leia mais
Foto: Daily Mail / Reprodução
Uma estátua budista levada do Tibet para a Alemanha em 1938 por uma equipe enviada por nazistas para buscar "as raízes da raça ariana" foi esculpida há mil anos em um pedaço de meteorito, revelaram os cientistas encarregados de sua análise. Veja mais
Foto: AFP
Arqueólogos filipinos encontraram um cemitério de mil anos de idade em uma floresta tropical na cidade de Mulanay, ao sudeste de Manila
Foto: AFP
Funcionário do governo local segura parte de crânio encontrado em um dos caixões
Foto: AFP
Homem deita dentro de um dos caixões
Foto: AFP
Os caixões de pedras têm cerca de 6 metros de comprimento
Foto: AFP
Segundo os arqueólogos, o túmulo já havia sido atacado por assaltantes que roubaram artefatos importantes e que poderiam colaborar com os estudos
Foto: AFP
Homem anda pelo local onde se acredita ser um caminho de uma comunidade do século 10, nas montanhas ao sudeste de Manila
Foto: AFP
A escavação no sítio de Ein Zippori, em Israel, revelou a existência de uma comunidade pré-histórica do período neolítico, onde já havia uma elite que possuía objetos de luxo importados. Os trabalhos, realizados pelo Departamento de Antiguidades, começaram há um ano, mas só agora as descobertas foram reveladas. Leia mais
Foto: Clara Amit / BBC Brasil
Pesquisadores encontraram esculturas de bronze de 7 mil anos no sítio arqueológico de Plocnik, localizado no sul da Sérvia, distante aproximadamente 300 quilômetros de Belgrado, capital do país
Foto: Marko Djurica / Reuters
De acordo com os arqueólogos, os objetos encontrados indicam que teriam pertencido ao povo que viveu na região dos Bálcãs durante por volta de 5.300 a.C.
Foto: Marko Djurica / Reuters
Os objetos encontrados apontam para o período Neolítico
Foto: Marko Djurica / Reuters
Membros do time de arqueólogos que pesquisam no sítio arqueológico de Plocnik