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Estrela de Belém pode ter origem na Babilônia, dizem teólogos

14 dez 2012 - 15h56
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Para teólogos, a Estrela de Belém descrita na história do nascimento de Jesus Cristo é originada da tradição de se associar grandes fatos ou monarcas a sinais celestes, costume mais antigo do que o cristianismo.

A divulgação da descoberta de um papiro que seria a primeira evidência de que os cristãos já acreditaram que Jesus foi casado causou grande polêmica. Cientistas acreditam que fragmento faça parte de evangelho desconhecido. Veja essas e outras descobertas da arqueologia no mês de setembro. Leia mais
A divulgação da descoberta de um papiro que seria a primeira evidência de que os cristãos já acreditaram que Jesus foi casado causou grande polêmica. Cientistas acreditam que fragmento faça parte de evangelho desconhecido. Veja essas e outras descobertas da arqueologia no mês de setembro. Leia mais
Foto: Karen L. King/Harvard University / Divulgação

A Estrela de Belém sempre representa, no Natal, um papel importante e, ao mesmo tempo, misterioso. Teria sido um cometa, uma supernova, ou Júpiter e Saturno entraram em conjunção quando Jesus nasceu? Os astrônomos discutem até hoje sobre o que, na verdade, era a Estrela de Belém. Independente disso, permanece um mistério o motivo que levou os três reis magos a supostamente segui-la. O que os atraiu? E como lidamos com símbolos estelares produzidos culturalmente?

Segundo o mito, quando os três reis magos viram a estrela, compreenderam imediatamente que ela era um sinal divino. "O aparecimento da estrela foi para os magos o sinal de que um novo rei havia nascido", afirma o estudioso do Novo Testamento Jens Herzer, teólogo da Universidade de Leipzig. "Afinal, o profeta Balaão escreveu: 'Uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro'."

Quando uma pessoa importante vem ao mundo, procura-se um sinal celeste para ser associado. Pode ser uma estrela que aparece ou que cai do céu, o Sol ou a Lua que escurecem. A história está cheia desses relatos, lembra o professor de Teologia: "Fenômenos naturais e fenômenos celestes, no nascimento ou na morte de pessoas importantes sempre fizeram parte do repertório de histórias sobre diversas personalidades", explica Herzer.

Sinais do céu e personalidades importantes

Os habitantes da antiga Babilônia foram os primeiros a ver no céu certas relações entre as estrelas e a política, aponta Hannah Müller, professora de Estudos Religiosos pela Universidade de Leipzig. "Os sacerdotes babilônicos estudavam as estrelas para calcular os eclipses da Lua, que tinham uma importância para o calendário, para eles saberem quando podiam, ou não, realizar certos rituais."

Os gregos trouxeram um elemento novo à observação dos astros, ao associarem as divindades às estrelas: Marte é o deus da guerra, Mercúrio é responsável pelo comércio e Vênus, pela beleza, Júpiter é o astro-rei, Saturno é considerado a estrela dos judeus.

E aqui pode estar uma chave para o mistério da Estrela de Belém: Pesquisadores de história da astronomia acreditam que, há 2011 anos, Júpiter e Saturno se encontravam na constelação de Peixes. Astrologicamente, isso significaria o nascimento de um novo rei dos judeus.

"Quando Mateus, em seu evangelho, descreve as figuras de três reis magos que seguem a estrela a partir do Oriente, quer dizer, da Babilônia, ele lança uma prova de legitimação de que aquele tinha realmente que ser um acontecimento único¿, observa Hannah Müller.

A estrela remete não só à criança prodigiosa que nasceu em Belém. A estrela é Cristo. Assim era, pelo menos, a interpretação de Santo Ambrósio, no século 4º. Jens Herzer lembra que associar o monarca a uma estrela faz parte da tradição judaica.

"O líder da segunda revolta judaica do começo do século 2 descreveu a si mesmo como Bar Kochba, que significa 'filho da estrela'. Ele mandou cunhar moedas que também traziam o símbolo de uma estrela. Isso mostra claramente o quanto a vinda de um Messias estava também ligada com tal simbolismo astronômico", ressalta o teólogo.

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