PUBLICIDADE

Museu britânico busca parceria e exalta 'grande potencial' da ciência no Brasil

Diretor do Museu de História Natural de Londres elogia iniciativas brasileiras, mas lamenta falta de museus nacionais e baixo interesse da população

14 nov 2013 - 07h55
(atualizado às 07h55)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Michael Dixon, do Museu de História Natural, veio ao Brasil propôr colaboração com universidades</p>
Michael Dixon, do Museu de História Natural, veio ao Brasil propôr colaboração com universidades
Foto: Consulado Britânico de São Paulo / Divulgação

Em visita ao Brasil para propor parcerias com o governo federal e instituições privadas de pesquisa e ensino, o diretor do prestigiado Museu de História Natural de Londres elogiou o desenvolvimento científico no País – que o leva a sugerir o envio de especialistas britânicos para cá –, porém lamenta a falta de grandes museus nacionais. Michael Dixon acredita que a cooperação é a melhor maneira de incentivar o crescimento dessas instituições, exalta o grande potencial – ainda não plenamente explorado – da área, e afirma que o Brasil tem bastante a ensinar (e aprender) com países que têm museus como local de turismo e alvo de muito interesse do público.

Museu de Londres reúne melhores fotos de natureza do mundo

Concurso elege melhores imagens da vida selvagem em 2013

Com quase 5 milhões de visitantes por ano, o Museu de História Natural conta com um acervo de mais de 80 milhões de espécimes e é um dos maiores do mundo na área. A instituição promove centenas de atividades e exposições – de imagens, de bichos, de tesouros científicos – ao redor do mundo, e já trouxe ao Brasil algumas dessas iniciativas. O diretor, contudo, pretende ampliar essa colaboração, tornando o País um de seus principais parceiros. Além de trazer exposições que atraem milhares de visitantes à sua sede, o museu demonstra interesse também de receber mais contribuições brasileiras: tanto na participação em concursos quanto no envio de itens nacionais para além do continente e a participação de mais cientistas – e do público em geral – nos programas de um dos maiores museus do mundo.

"Já mantemos colaborações com cientistas do Brasil, o que é uma das razões que nos trouxe aqui, porém queremos desenvolver mais essa cooperação. Atualmente acontece que as pessoas mantêm contato em iniciativas individuais – e temos cerca de 75 colaboradores brasileiros no Museu de História Natural. Há uma boa quantidades de instituições no País com as quais gostaríamos de fazer parcerias", revelou Dixon em entrevista por telefone ao Terra no último dia de sua visita em São Paulo. Durante os quase 10 dias em que permaneceu no Brasil neste mês, o diretor do Museu de História Natural teve uma agenda cheia: participou de reuniões com entidades, conversou com representantes de ministérios e visitou museus em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

O diretor britânico gostaria de compartilhar e integrar coleções entre diversos museus do mundo
O diretor britânico gostaria de compartilhar e integrar coleções entre diversos museus do mundo
Foto: Consulado Britânico de São Paulo / Divulgação

Dixon relatou conversas consideradas produtivas com os ministérios da Cultura, Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. O teor era o mesmo: a busca de uma parceria bilateral para incentivar o crescimento de museus no Brasil e a participação nacional nas iniciativas londrinas. Das reuniões, surgiram propostas. Uma delas inclui a digitalização de espécies da fauna e flora brasileiras – itens que estão presentes em um dos maiores museus do mundo dedicados ao estudo das coisas vivas ou já extintas. O governo, revelou Dixon, demonstrou grande interesse na colaboração com o museu.

"Conversamos sobre diversas áreas em potencial com que poderíamos colaborar, principalmente em pesquisa. O País tem grandes aspirações como uma nação científica, e apesar de já ser considerado um local importante para a ciência ao redor do mundo, ainda há muito potencial a ser explorado. Meu interesse em vir aqui é também porque o Brasil tem uma boa história, mas o potencial é ainda maior", garantiu o diretor do Museu de História Natural de Londres.

Ciência sem Fronteiras e pesquisas no Brasil

O diretor exaltou o programa Ciência sem Fronteiras, que levou alguns brasileiros a passar pela instituição enquanto estudam fora do País. Para ele, essa é uma boa oportunidade para estudantes aprenderem o que talvez não pudessem aqui. Dixon revelou o desejo de receber mais jovens por meio dessa iniciativa, e propôs que também seja feito o caminho inverso: que britânicos venham aprender em território nacional para depois aplicar os conhecimentos no Reino Unido. 

A visita ao Brasil – que incluiu passagens por museus paulistas de geociências, arqueologia e zoologia, o Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, o Instituto de Inhotim, em Minas Gerais, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, entre outros – foi realizada com três objetivos principais: entender as leis e a diversidade cultural no País, como os museus participam desse processo e se há oportunidades de colaboração com institutos e universidades nacionais. Dixon veio ainda entender a importância  dos museus para a população, e se mostrou descontente com a falta de locais dedicados à história natural e com a baixa incidência de museus nacionais. Ele lamenta a falta de uma grande instituição aberta ao público que represente a diversidade nacional.

Para Michael Dixon, os museus unem pesquisa científica, cultura e educação, e atrair a atenção da população – e de turistas – depende, além do reconhecimento, também de iniciativas inovadores e uma atraente conexão social. A parceria com a respeitada instituição britânica poderia contribuir nesse sentido, acredita ele. "Existe um interesse do público por aprender mais, e temos que incentivar isso. Promover exibições aqui poderia atrair a atenção de mais pessoas para museus e, além disso, conscientizar a população sobre questões ambientais e animais, por exemplo."

Ele compara a cultura no Reino Unido – onde, estima, 50% dos adultos visitam museus pelo menos uma vez por ano – à do Brasil, em que aproximadamente 20% manteriam esse hábito. Em um local que recebe milhões de pessoas anualmente e as visitas continuam aumentando, a parceria com iniciativas brasileiras poderia levar a ganhos de ambas as partes. "Trabalhar nesse tipo de colaboração poderia ajudar os dois lados a conquistar mais do que têm conquistado até agora. Acho que o importante é aprendermos um com o outro."

Fonte: Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade