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Mudança climática tem efeito multiplicador em conflitos, dizem especialistas

27 mai 2016 - 12h06
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A mudança climática tem um efeito multiplicador nos conflitos armados, advertiu nesta sexta-feira um painel de especialistas durante o último dia da segunda Assembleia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (UNEA, na sigla em inglês) realizada em Nairóbi, capital do Quênia.

A mudança climática "gera tensões na agricultura e no acesso à água", porém, "o mais importante é como os governos e a sociedade respondem a essa ameaça, já que isso é o que determinará se há conflito ou não", explicou à Agência Efe, Carl Bruch, do Instituto de Direito Ambiental (ELI, em inglês).

Um exemplo da importância das políticas governamentais é o conflito de Darfur, que foi um dos primeiros a ser qualificado de "guerra climática" pelos efeitos da seca sobre a economia local e o consequente aumento do descontentamento entre a população.

"Vários estudos analisaram os padrões de chuva no Sahel e determinaram que muitos países sofreram um declínio nas chuvas parecido ao de Darfur, mas só houve conflito em alguns", acrescentou Bruch, o que reforça a ideia de que a mudança climática é uma ameaça multiplicadora, mas não uma causa direta.

A degradação do meio ambiente também tem um grande impacto na reconstrução dos países que foram arrasados por um conflito, como ocorrerá na Síria, indicou à Efe o diretor da plataforma Toxic Remnants of War Project, Doug Weir.

A guerra da Síria causou a destruição de cerca de 1,3 milhão de lares e infraestruturas, o que gera resíduos e a emissão de químicos poluentes como o amianto.

No fogo cruzado entre as distintas facções, também ficaram destruídas florestas, centrais elétricas, indústrias químicas e grandes refinarias que provocam vazamentos incontrolados.

"A saúde da população ficará comprometida durante a fase de recuperação da economia", previu Weir.

Além disso, o impacto sobre os recursos naturais, os resíduos e a destruição de toda a infraestrutura industrial deixarão as pessoas "sem emprego e suas rendas vão cair", e o acesso a medicamentos serão reduzidos pelo desaparecimento do setor farmacêutico.

A UNEA debaterá hoje duas resoluções relevantes que pedem, pela primeira vez, que se proteja o meio ambiente em tempos de conflito, em relação a Ucrânia e Gaza.

Para Weir e outros especialistas, é necessário começar a avaliar os danos desde o início das crises, e uma decisão da UNEA será uma chamada de atenção para o futuro.

EFE   
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