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Mongólia: 40 anos após desaparecer, cavalo selvagem retorna

14 nov 2011 - 16h35
(atualizado às 17h36)
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Sua silhueta atarracada de cor marrom clara inspirava, nos primórdios, artistas pré-históricos nas pinturas rupestres. Salvo da extinção pelos zoológicos, o cavalo de Przewalski retorna, hoje, às estepes mongólicas, sua terra de origem.

Encarregado da manutenção do livro genealógico mundial da espécie, o zoológico de Praga desempenhou um papel de grande importância na proteção desse cavalo selvagem e sua reintrodução na Mongólia. "Três éguas e um garanhão estão se aclimatando desde junho na província mongólica de Khomiin Tal", explica o diretor da instituição, Miroslav Bobek. "A transferência de outros quatro cavalos está prevista para 2012".

A espécie foi considerada extinta na natureza em 1969, quando o último desses equinos foi percebido na Mongólia. No entanto, mais de um terço dos 1,8 mil cavalos de Przewalski que vivem hoje, no mundo, entre eles 1,6 mil em cativeiro, têm em seu pedigree um parentesco com os perpetuados graças ao zoo de Praga.

O animal voltou a ser ameaçado no século XX por um excesso de caça. Mas todos os animais atuais descendenm de um grupo de 12 reprodutores apenas, segundo Bobek. Para voltar a colocar seus cascos na terra dos ancestrais, esses pequenos cavalos de pescoço largo e cabeça forte tiveram que passar cerca de 30 horas no interior de caixotes especiais, a bordo de um avião do exército checo e, depois, de um caminhão.

Os novos vindos a Khomiin Tal, o jovem garanhão Matyas e as éguas Kordula, Lima e Cassovia, logo atraíram a atenção de outros, que tinham sido levados para o local há seis anos, pela associação francesa Takh (nome mongol do cavalo de Przewalski). "Um macho dominante, Carex, pulou em agosto a cerca do local de aclimatação e se juntou ao grupo. Ele afastou Matyas, mas teve que concorrer com um outro, o padreador Bo, que se revelou um líder natural ainda mais forte", conta Bobek.

"Bo é uma abreviação de 'Born to be Wild' ('Nascido para ser selvagem') e honra o seu nome", sorri o diretor, ao ser ouvido pela AFP. "Esperamos que a chegada de nossos jovens animais dê um novo impulso à reprodução da manada de Khomiin Tal", acrescentou ele.

A julgar pelas pinturas rupestres das grutas de Lascaux na França, esta espécie vivia na Europa há vinte milhões de anos, mas as mudanças climáticas o levaram para a Ásia.

Os europeus só foram saber desse cavalo selvagem no final do século XIX, graças ao explorador e geógrafo russo Nikolai Mikhailovitch Przewalski (1839-1888) que o descobriu nas montanhas através do déserto de Gobi. Pesando de 250 a 350 kg, têm de 1,20 m a 1,35 m de lombo e comprimento de 2 m.

Em 1959, o zoológico de Praga organizou um simpósio internacional para sua proteção. Programas de intercâmbio de reprodutores e de expansão da população foram, em seguida, colocados em prática por diferentes zoológicos e fundações. Nos anos 1980 quando o número em cativeiro chegava a 500, especialistas puseram em prática programas de reintrodução.

Quatro outros animais vão deixar Praga pela Mongólia no ano que vem. Vai se tratar, sem dúvida, de três éguas e um garanhão. "Um macho fecunda várias fêmeas", explica o zoólogo Jaroslav Simek, vice-diretor do zoológico de Praga. Ele espera que o jovem Matyas, afastado impiedosamente pelos mais velhos, possa logo demonstrar sua autoridade de macho. "Isso depende em grande parte dele mesmo, de sua capacidade de atrair fêmeas e de criar seu próprio harém", disse Simek.

Funcionários do zoológico de Praga preparam um cavalo de Przewalski para transporte
Funcionários do zoológico de Praga preparam um cavalo de Przewalski para transporte
Foto: Reuters
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