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Migrações são uma constante na Europa desde a chegada do humano moderno

2 mai 2016 - 14h40
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Todos os europeus vieram de uma única população fundadora há cerca de 37 mil anos, que persistiu através da Era de Gelo, apontou um estudo que constatou também que a história europeia viveu movimentos de população contínuos - alguns dramáticos - desde a chegada dos humanos modernos.

Estas são algumas das conclusões de uma pesquisa publicada pela revista "Nature", que estabeleceu um fio narrativo das migrações e das mudanças da população europeia graças à análise de DNA antigo de 51 amostras de humanos modernos que habitaram o continente europeu entre 45 mil e sete mil anos atrás.

Entre eles, restos da caverna do Observador Curioso (Espanha), que junto a outros traçaram um desenho das "dramáticas mudanças" da população na Europa neste período: o que se vê é uma história de migração que não é menos complicada do que a dos últimos sete mil anos, apontou o estudo.

"Uma história com múltiplos episódios de substituição e migrações, em uma escala imensa e dramática, e em um momento no qual o clima estava mudando dramaticamente", destacou em uma nota de imprensa David Reich, autor deste trabalho e pesquisador do Instituto Médico Howard Hughes na Escola Médica de Harvard (EUA).

A pesquisa foi liderada por grupos da Universidade de Tübingen e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, ambos na Alemanha.

"Nossa espécie é africana e estima-se que saiu desse continente há 45 mil anos e depois se estendeu por toda a Europa", continuou.

Este trabalho, que incluiu a análise genética mais completa do Paleolítico Superior europeu, estabeleceu uma população fundadora há 37 mil anos no noroeste da Europa, que foi capaz de deixar plantas que estão ali até hoje, detalhou à Agência Efe Manuel González Morales, diretor do instituto da Cantábria, que também participou desse trabalho.

Esta população teve várias ramificações importantes em diferentes partes da Europa e uma delas está representada pelos restos de um humano moderno encontrados em uma jazida belga.

Os pesquisadores acreditam que esta ramificação, que fazia parte da cultura Aurignaciano (substituindo há aproximadamente 38 mil anos a cultura Musteriana no início do Paleolítico Superior), foi parcialmente deslocada há 33 mil anos, quando outro grupo de humanos antigos, membros de uma cultura diferente - conhecida como Gravetiano, entrou em cena.

No entanto, os primeiros não desapareceram: restos de descendentes destas populações foram encontrados no sudoeste da Europa, no que hoje é a Espanha, com uma data de 19 mil anos.

Precisamente, o fóssil humano da caverna del Mirón, denominada a "Dama Vermelha", pertence à linhagem dos primeiros habitantes aurignacianos e é parente de um indivíduo da Caverna de Goyet, na Bélgica, de 35 mil anos de idade.

"Isto quer dizer que a população de fundação se manteve em muitos lugares, e que quando veio a última era glacial, as populações do norte da Europa emigraram em direção ao sul", acrescentou González.

Este estudo apontou que estas populações voltaram a recolonizar a Europa à medida que o gelo desaparecia.

Esta foi uma das grandes mudanças populacionais descritas no artigo. A outra foi datada há 14 mil anos: apareceram uma série de indivíduos dispersos por toda Europa, cuja afinidade genética é com as populações do Oriente Médio, ressaltou o pesquisador da Cantábria.

Para González, este trabalho demonstrou que a história europeia conheceu "quase continuamente movimentos de população, depois do surgimento da nossa espécie no continente".

Outra das coisas que este trabalho evidenciou é que as populações humanas pré-históricas continham entre 3% e 6% de DNA neandertal, mas hoje em dia a maioria dos humanos só têm 2%, como apontaram também outras pesquisas.

"O DNA neandertal é ligeiramente tóxico para os humanos modernos", conclui Reich.

EFE   
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