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Loja austríaca emprega ex-dependentes para reciclar lixo em projeto

16 mai 2013 - 10h55
(atualizado às 12h39)
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No centro de Viena há uma loja onde o lixo é comercializado através da reciclagem, já que os resíduos renascem em forma de atrativos objetos criados por trabalhadores que superaram alguma dependência e querem recomeçar do zero.

A Gabarage baseia seu negócio em um processo conhecido como "upcycling" (supra reciclagem) ou seja, pega todos os tipos de materiais já usados para criar artigos radicalmente diferentes que são usados de várias maneiras.

São vendidos milhares de objetos singulares que passam por todos os tamanhos e necessidades: desde sofás elaborados com velhas escadas metálicas até anéis confeccionados com moedas de prata.

Alguns produtos de ponta são bolas convertidas em jarro de flores, braceletes feitos com bolas de tênis e bolsas e pastas para guardar papéis confeccionados em lona velha de caminhões.

Pode parecer uma simples loja de projetos ecológicos, mas com produtos de estilo e sustentáveis que não estão ao alcance de qualquer bolso, já que os preços são bastante elevados.

Mas o componente social é justamente o eixo que torna o negócio diferente: o compromisso com aqueles que, após um tratamento de reabilitação, buscam uma segunda oportunidade na vida.

A loja conta com cerca de 20 pessoas, sendo que metade delas são trabalhadores que acabam de passar pela reabilitação, em sua maioria jovens de entre 20 e 30 anos de idade.

"Os pacientes realizam um tratamento de 12 meses e, ao terminá-lo, vêm aqui por um ano para trabalhar junto com os designers e nas oficinas. Eles recebem uma formação", explicou à Agência Efe Daniel Strobel, chefe de marketing da Gabarage.

"O objetivo não é que fiquem para sempre conosco, mas formá-los e assim poder levá-los ao mercado de trabalho", acrescentou.

Na Garbarage, o processo de produção de um artigo sempre depende do material disponível em cada momento. A equipe de designers idealiza o objeto definitivo em função das reservas de material dos armazéns, e não o contrário, o que aumenta a dificuldade do processo criativo.

"A prioridade é ter um bom produto e, em segunda instância, destacar o valor agregado social e ecológico porque, se partirmos apenas da responsabilidade social, então é somente caridade. O mais importante é oferecer produtos de qualidade", afirma o chefe de marketing da Gabarage.

Segundo Strobel, o acesso à criatividade é muito importante para os ex-dependentes porque se sentem ativos ao produzir os artigos, e isso gera uma retroalimentação muito positiva se os clientes os adquirirem pouco depois na loja.

"Isso dá mais confiança do que um mero gesto de aprovação por parte de qualquer terapeuta", afirmou. Mesmo assim, há algumas tarefas que são complicadas, como a venda ao público, já que se trata de um trabalho mais exposto e difícil de assumir para um aprendiz transitório.

De fato, nenhum dos ex-viciados da Gabarage quis fazer declarações à Efe"Aí é onde ainda há o medo com o contato, sobretudo se ainda se sentirem inseguros ou acabarem de ter saído do tratamento e nunca trabalharam 40 horas, porque demora um tempo para se adaptar", comenta o porta-voz da empresa.

Um dos maiores problemas é o das recaídas. Embora nestes casos a supervisão da recaída seja externa, a loja conta com treinadores e profissionais especializados.

"A última fase do período de formação consiste em prepará-los para futuras entrevistas de trabalho: eles aprendem a detectar seus pontos fortes e a distinguir em que direção querem seguir profissionalmente", diz Strobel.

EFE   
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