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Incêndio comprometeu 40% do programa antártico brasileiro

26 fev 2012 - 13h21
(atualizado em 27/2/2012 às 17h17)
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O incêndio que destruiu neste sábado a Estação Antártica Comandante Ferraz, na Ilha Rei George, comprometeu 40% do programa antártico brasileiro. A avaliação é do diretor do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Jefferson Simões, que já esteve 19 vezes no continente gelado, das quais cinco em Comandante Ferraz.

Membros da estação de pesquisa brasileira foram evacuados e chegaram no domingo a Punta Arenas, no Chile
Membros da estação de pesquisa brasileira foram evacuados e chegaram no domingo a Punta Arenas, no Chile
Foto: Reuters

"Foram afetadas principalmente as áreas de biociência, algumas pesquisas sobre química atmosférica, de monitoramento ambiental, principalmente sobre o impacto da atividade humana naquela região do planeta. Infelizmente, isso também representou uma perda enorme em termos de equipamentos. Ainda não podemos estimar, mas ultrapassa a casa da dezena de milhões de dólares", lamenta o pesquisador.

Segundo Simões, no entanto, o programa antártico continuará funcionando porque a Comandante Ferraz, apesar de concentrar uma parte importante das pesquisas brasileiras, não era a única estação científica brasileira. Ele explica que, pelo menos metade dos pesquisadores, trabalha em navios de pesquisa ou em acampamentos isolados na Antártida.

Além disso, Simões conta que, em janeiro deste ano, foi inaugurado um módulo de pesquisa no próprio continente antártico, chamado de Criosfera 1, localizado a 2,5 mil km ao sul de Comandante Ferraz, que está concentrando importantes pesquisas brasileiras. Segundo a Academia Brasileira de Ciências, essa é a estação de pesquisas latinoamericana mais próxima do Pólo Sul.

"É um módulo totalmente automatizado, que coleta dados meteorológicas, de química atmosférica, inclusive dióxido de carbono, e outros estudos. Essa expedição de instalação do módulo foi liderada por mim, com pesquisadores de sete instituições nacionais, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro", disse.

De acordo com o pesquisador, a reconstrução da Estação Comandante Ferraz demorará, pelo menos, dois anos, em consequencia das condições geográficas da Ilha Rei George. "O processo de reconstrução, para voltar ao nível em que estava, demorará de dois a três anos. A logística é muito difícil e só podemos construir durante o verão antártico. E o inverno já está chegando", disse.

Agência Brasil Agência Brasil
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