PUBLICIDADE

Hospital: bebê que divide corpo com irmão corre risco de morrer

20 dez 2011 - 19h54
(atualizado às 19h56)
Compartilhar
Filipe Faraon
Direto de Belém

Em entrevista no final da tarde desta terça-feira, a equipe médica da Santa Casa de Misericórdia de Belém (PA) confirmou que o bebê com duas cabeças que nasceu ontem em um hospital de Anajás, na verdade corresponde a gêmeos unidos, também chamados de siameses. Os meninos foram tratados como uma única criança de duas cabeças, quando nasceram, mas ao chegarem ao hospital da capital, ficou constatado que são duas pessoas, que dividem quase todos os órgãos vitais, mas têm cada uma seu próprio cérebro. Uma delas, de acordo com os médicos, corre risco de vida.

Os recém-nascidos, que pesam 4,5 kg, chegaram a Belém em voo fretado por volta das 13h30 desta terça-feira. Um deles pode não resistir, por conta de dificuldades na respiração. Eles estão sob cuidados intermediários, mas podem ser levados à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) a qualquer momento.

Enquanto busca manter os dois meninos vivos, a equipe de neonatologia do hospital faz uma série de exames, para entender melhor o caso. Até agora ficou confirmado que os bebês usam o mesmo coração, fígado, têm dois pulmões, dois rins e uma bexiga, como uma pessoa qualquer. O problema é que são duas cabeças ligadas a esse mesmo corpo, com dois cérebros.

Ainda não está confirmado, mas tudo leva a crer que há apenas um estômago. A mãe dos meninos, Maria de Nazaré, 23 anos, conta que os dois mamaram durante o voo a Belém. Ela chegou ao hospital dizendo que o nome da criança era Emanuel, mas ao ser informada pela enfermeira Rosana Nunes que se trata de duas, deu o nome de Jesus à outra. "A gente precisou fazer um trabalho cuidadoso para mostrar que a criança não é um monstro, com duas cabeças, mas sim que são dois meninos", disse a neonatologista Neila Dahás, diretora assistencial do Hospital Santa Casa de Misericórdia.

O hospital recebeu um caso muito parecido há sete anos. Os siameses também tinham só um coração e sobreviveram pouco mais de um mês. "Infelizmente a expectativa de vida deles é muito pequena. Há casos de siameses com mais de 50 anos, mas é porque não compartilham muitos órgãos importantes", explica a médica.

A possibilidade de cirurgia está descartada por enquanto, afirma Neila Dahás, não só por causa do estado de saúde frágil de um dos bebês, mas também porque eles têm apenas um dia de vida. Só no caso de um deles morrer a operação deve se tornar necessária.

A mãe das crianças mora na região rural do município de Anajás, no Marajó. Ela tem outros três filhos, de 3, 5 e 7 anos. Neste momento, está em casa de parentes em Belém, enquanto as crianças são amamentadas por meio do banco de leite do hospital. Maria fez exames pré-natal, mas não ultrassonografia, por isso não sabia da anomalia até o parto, por volta de 1 h de ontem.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade