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Goodall pede proteção ao meio ambiente para não deixar "um mundo podre"

20 fev 2014 - 11h38
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A primatóloga britânica Jane Goodall, que completará 80 anos em abril, continua sua luta para proteger o meio ambiente, algo que considera crucial para não deixar "um mundo pobre" para as futuras gerações, segundo disse à Agência Efe em Dacar.

Goodall visitou nesta semana o Senegal para inaugurar um centro de pesquisa e conservação dos chimpanzés, instalado por uma equipe de primatólogos do Instituto Jane Goodall (IJG) da Espanha.

Este centro, o primeiro da África Ocidental, está situado na reserva de Dindefelo, na região de Kedougou, situada a quase 700 quilômetros de Dacar.

Em um ato realizado na Embaixada da Espanha, a primatóloga ressaltou que os chimpanzés e os humanos têm similitudes não só no DNA, mas na estrutura do cérebro e em pautas de comportamento, como ter cócegas.

"Eles são capazes de distinguir alegrias e tristezas, de maldade e bondade, de maneira semelhante aos seres humanos", disse a cientista, que dedica 300 dias de sua agenda anual para percorrer o planeta e ampliar seu programa denominado "Roots and Shoots", iniciado em 1991 na Tanzânia.

Hoje em dia, esse programa se estendeu a 134 países e os protagonistas, cerca de 150 mil jovens de uma idade média de 30 anos, se dedicam às tarefas de proteção das povoações, dos chimpanzés e do meio ambiente.

"Queremos atrair particularmente os jovens estudantes e alunos das escolas secundárias e primárias, pois me preocupa o porvir das gerações futuras", disse à Agência Efe a ganhadora do Prêmio Príncipe de Astúrias (2003) e Mensageira de Paz da ONU.

"Os jovens que encontro em minhas viagens e que se comprometem no programa 'Roots and Shoots' -ressaltou- me dão a força para seguir atuando. E vou completar 80 anos dentro de dois meses".

"Minha preocupação é com meus netos, nossos netos e bisnetos. E se não protegermos o meio ambiente, vamos deixar um mundo podre", declarou a especialista.

A cientista denunciou os danos ocasionados pelas multinacionais ao meio ambiente. "Muitos problemas surgem das multinacionais, que exploram os recursos naturais".

As ações dessas empresas têm um impacto sobre as povoações e a natureza, na opinião de Goodall, que acredita ser "urgente que cada um atue em seu lugar, assuma suas responsabilidades".

No ato da Embaixada Espanhola, realizado na segunda-feira,Goodall aproveitou sua visita para se reunir com o ministro senegalês do Meio Ambiente, Mor Ngom, com quem conversou sobre a necessidade de melhorar a parceria entre seu instituto e o Governo do Senegal.

A agricultura, os incêndios florestais e a desertificação são os perigos que os chimpanzés afrontam na reserva de Dindefelo, que forma um corredor ecológico com a vizinha Guiné, o país da África Ocidental que conta mais chimpanzés, cerca de 15 mil.

Segundo as estatísticas oficiais, 75% dos chimpanzés de África Ocidental desapareceram durante os últimos 30 anos, passando de 600 mil para 200 mil exemplares.

Jane Goodall visitou a África em 1960 para realizar um estudo sobre os chimpanzés do Lago Tanganica e, desde então, dedicou sua vida a estudar e defender estes primatas.

Goodall é considerada uma das principais autoridades no estudo dos chimpanzés em estado selvagem e, ao longo de 40 anos de pesquisas, descobriu pautas de comportamento e habilidades insuspeitadas, como a que os chimpanzés usam e fabricam ferramentas e utilizam plantas como remédios.

EFE   
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