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A 6 dias do "fim do mundo": grupo se reúne na Serra Gaúcha

15 dez 2012 - 08h02
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Jovens de diversas partes do Rio Grande do Sul se preparam para o tão falado 21 de dezembro de 2012. Chamado de Movimento Mundial da Paz e Mudança para o Sincronário, o grupo reúne 15 pessoas há mais de 45 dias em Canela, na Serra Gaúcha. Eles são seguidores do Calendário da Paz, ou Calendário Maia, e buscam maior contato com a natureza como forma de se adaptar ao que chamam de nova era.

André Staehler, coordenador do movimento, esclarece que o grupo não acredita em um grande cataclisma, tsunami ou catástrofe natural. Segundo ele, os maias previam o encerramento de um período baseado no Sol, no qual o respeito ao planeta será vital para a sobrevivência na Terra. Com o retiro, o movimento intensifica a preparação para esse novo momento.

"Temos vivido em meio a montanhas, fazendo apenas alimentação vegetariana, meditando e praticando yoga. Tentamos intensificar o convívio e respeito pela natureza para estarmos bem preparados para encontrar o equilíbrio necessário", explicou Staehler, que estuda há anos o calendário maia.

Região mobilizada

Perto dali, o município vizinho São Francisco de Paula também está em alerta. Pelo menos é o que espera o prefeito, Décio Colla. Ao contrário do grupo de Canela, ele prevê mudanças mais catastróficas nos próximos dias. De acordo com o mandatário de "São Chico", como a pacata cidade é chamada, devem ser esperados eventos de ordem climática, como tsunamis e terremotos. O prefeito, que estuda teorias de astrofísica e geofísica, recomenda à população que mantenha um estoque de remédios, alimentos e água.

Segundo Colla, o mundo não chegará ao fim, mas apresentará alterações que permitirão a evolução dos seres humanos. Como São Francisco de Paula localiza-se 900 m acima do nível do mar, o prefeito admite que a cidade é um "bom refúgio" e que houve um aumento do interesse pelo município nos últimos meses. Mesmo assim, ele afirma que é melhor estar preparado.

"À medida que a Terra se aproxima do dia 21 de dezembro, uma série de coisas estranhas acontecem no Sol e na Lua. Então, algo não está bem. Por que os australianos, americanos e japoneses estão se preparando? Alguma coisa deve acontecer e não quero que o povo seja surpreendido. Quero que o Brasil acorde e preste atenção. Devemos garantir merendas para as escolas, medicamentos e outras coisas. Por isso, sempre aconselhamos que as pessoas se preparem", disse em março deste ano ao Terra.

Interpretações

O historiador mexicano Carlos Velásquez, que vive no Estado brasileiro do Ceará, diz que a maioria das interpretações de estudos de astronomia e do calendário maia que preveem uma grande tragédia no próximo dia 21 são errôneos. "O calendário (maia) tem dois ciclos diferentes. Um é solar, e o outro, lunar. Eles são representados como duas grandes rodas de pedras. A grande é solar e circunscreve a menor, que é lunar. As duas giram e, evidentemente, a lunar completa os seus ciclos mais rapidamente. A cada número determinado de anos, os dois ciclos coincidem e se dá o inicio de uma nova contagem", afirmou Velásquez.

Evidências

Em artigo na revista americana

Science

, o arqueólogo da Universidade de Boston William Saturno, que estudou os resquícios Maias encontrados mais recentemente, na Guatemala, classificou de "falácia" as interpretações de que os eles previam o fim do mundo. Saturno diz que os Maias tinham uma "obsessão" com números e ciclos. "O calendário maia vai muito além de 2012 e o mundo não acaba aqui", resumiu o pesquisador no artigo.

Em meio à boataria, a Nasa divulgou um vídeo para acalmar os mais afoitos. A agência explica que as interpretações catastróficas são um equívoco, e o diretor do Centro de Arqueastronomia afirma que não há evidências no Calendário Maia para corroborar teorias apocalípticas. Segundo o astrobiologista David Morrison, também da Nasa, se houvesse algo como um planeta em rota de colisão com a Terra, seria já um dos objetos mais brilhantes no céu. "Toda as pessoas no mundo conseguiriam vê-lo", sentenciou. A Nasa ainda lembra que as erupções solares não representam ameaça para a existência da espécie humana.

Apesar das investidas científicas, a proximidade da data intensifica a expectativa, os boatos e as discussões. De fato, em 21 de dezembro de 2012, é bom estar preparado: e agora, quando será o próximo "fim do mundo"?

INFOGRÁFICO

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Fonte: Terra
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