Radares dos EUA podem ter afetado sonda russa, diz especialista
24 nov2011 - 08h36
(atualizado às 09h36)
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Radares americanos podem ter provocado a falha da estação interplanetária russa Fobos-Grunt que ficou em órbita terrestre ao invés de seguir para Marte, disse nesta quinta-feira o tenente-general Nikolai Rodionov, ex-comandante-em-chefe do sistema de prevenção de ataques de mísseis da Rússia.
"A trajetória do Fobos-Grunt passou pela zona de cobertura de poderosos radares americanos no Alasca. Temo que a potente radiação eletromagnética dessas estações tenha afetado os equipamentos de controle da sonda interplanetária", avaliou Rodionov, citado pela agência Interfax.
Ele ressaltou que a Rússia deveria se preocupar com a presença de radares americanos na Noruega e no Alasca. Rodionov sugeriu ainda as autoridades de seu país a usarem menos componentes eletrônicos estrangeiros na fabricação de mísseis e equipamentos espaciais russos. "A qualquer momento (os fabricantes estrangeiros) poderiam enviar alguns sinais, ativar chips para deixar fora de serviço um míssil ou uma nave espacial", explicou.
Na quarta-feira à noite, especialistas da Agência Espacial Europeia (ESA) conseguiram pela primeira vez receber dados de telemetria a partir da estação interplanetária russa, que até então não tinha emitido sinal desde o lançamento. A Fobos-Grunt devia cumprir uma missão de 34 meses, incluindo o voo da Fobos, a descida em sua superfície e, finalmente, o retorno à Terra de uma cápsula com mostras do solo do satélite marciano.
Com custo de US$ 170 milhões, o projeto tinha como objetivo estudar a matéria inicial do sistema solar e ajudar a explicar a origem de Fobos e Deimos, a segunda lua marciana, assim como dos demais satélites naturais no sistema solar. Roscosmos, a agência espacial russa, declarou que tem até o fim de novembro para tentar reativar a Fobos-Grunt e colocá-la rumo ao seu destino: Fobos, uma das duas luas de Marte.
Na terça-feira, o subdiretor da Roscosmos (agência espacial russa), Vitaly Davydov, disse que havia chegado o momento de sermos realistas: a sonda Fobos-Grunt, que custou US$ 170 milhões e deveria explorar uma das luas de Marte (Fobos) estava perdida, assim como a missão. O fracasso da nave da Rússia entra para o grupo de missões espaciais que não deram certo. Veja a seguir algumas das de maior destaque
Foto: AFP
Hubble: ok, você deve estar estranhando que o telescópio mais famoso da história e responsável por algumas das mais importantes - e incríveis - descobertas da astronomia esteja nessa lista. Contudo, em seus primeiros anos o Hubble era, digamos assim, meio míope
Foto: Nasa / Divulgação
As imagens do telescópio orbital eram borradas devido a uma anomalia nas lentes fabricadas por uma empresa privada. A nave de US$ 1,5 bilhão parecia encaminhada ao fracasso - e assim foi, por três anos. A revista Time chamou o caso Hubble de "escândalo" e a New Scientist de "fiasco"
Foto: Nasa / Divulgação
Foi em uma missão realizada em 1993 que o telescópio recebeu "lentes de contato" e, bem...
Foto: Nasa / Divulgação
...hoje ele consegue ver muito bem
Foto: Nasa / Divulgação
Vanguard TV3: os soviéticos já haviam mostrado que chegavam com tudo na corrida espacial. Em 4 de outubro de 1957, eles lançavam o primeiro satélite artificial da história - o Sputnik - e viam os americanos apenas pelo retrovisor. Os Estados Unidos tentaram dar uma resposta. Tentaram
Foto: Nasa / Divulgação
O Vanguard TV3 deveria ser o primeiro satélite feito pelos Estados Unidos a ir ao espaço. Os americanos desejavam que sua nave fosse, inclusive, a primeira a chegar à Lua. Não chegou nem na estratosfera. Mal o foguete havia deixado o solo, ele começou a cair e se desintegrou no chão. O satélite, por incrível que pareça, resistiu e ainda está em exposição no Museu Smithsonian Nacional de Ar e Espaço
Foto: Nasa / Divulgação
Somente em 1958 os Estados Unidos conseguiram colocar no espaço seu primeiro satélite, o TV4. Na verdade, ele era idêntivo ao TV3, mas ficou apenas mandando sinais de rádio na órbita terrestre
Foto: Nasa / Divulgação
Segundo Lyndon Baines Johnson, o Vanguard TV3 acabou como a "a mais humilhante falha na história americana". O senador não tinha ideia do que estava por vir
Foto: Nasa / Divulgação
Apollo 1: não passava de um teste em Cabo Canaveral, no Estado americano da Flórida. Três astronautas se preparavam para uma simulação em 27 de janeiro de 1962 do verdadeiro voo, que ocorreria no dia 21 de fevereiro. Eles testariam o equipamento da primeira missão Apollo, que deveria orbitar o planeta por 14 dias. Contudo, às 18h31, um incêndio começou na nave e as portas, trancadas, não abriam. Todos os astronautas morreram
Foto: Nasa / Divulgação
Na edição de 28 de janeiro, o The New York Times dizia que os primeiros astronautas americanos a morrerem em serviço, "ironicamente, morreram ainda no chão" (na verdade, outros astronautas já haviam morrido em acidentes de avião, mas não durante uma missão espacial).
Foto: Nasa / Divulgação
Um relatório do acidente, apresentado ao senado americano, feito pelo Centro de Pesquisa Langley (da Nasa), indicou problemas elétricos como a causa do incêndio
Foto: Nasa / Divulgação
Soyuz 1: em 1967, o líder da União Soviética, Leonid Brezhnev, decidiu que um feito incrível deveria ser realizado para comemorar os 50 anos da revolução. Ele queria que duas naves acoplassem e dois astronautas passassem de uma para outra. Na Soyuz 1 estaria Vladimir Komarov, que receberia dois homens de outra Soyuz e eles pousariam - seria a primeira vez que astronautas seriam lançados em uma nave e retornariam em outra. O problema era que Komarov sabia que a missão era suicida
Foto: AFP
No livro Starman, de Jamie Doran e Piers Bizony, documentos da KGB indicam que Yuri Gagarin e técnicos haviam inspecionado a Soyuz 1 e descobriram 203 problemas estruturais na nave. O problema era quem iria contar a Brezhnev. O relatório passou pela própria KGB e chegou a Alexei Kosygin - então alto oficial do governo soviético. Como ninguém queria confrontar o chefe do Partido Comunista que sonhava com o "feito", a missão continuaria
Foto: AFP
O livro afirma que Komarov não desistiu da missão porque sabia que o astronauta "reserva" teria que ir - seu amigo Yuri Gagarin. A nave falhou durante a missão e começou a cair - nem mesmo os paraquedas funcionaram. Durante a queda, guarnições americanas na Turquia registraram a fala do astronauta, que estaria ao mesmo tempo enfurecido e em prantos, amaldiçoando as pessoas que o colocaram na missão
Foto: AFP
O Observatório Orbital de Carbono (OCO, na sigla em inglês) deveria ser um satélite que mediria os níveis de dióxido de carbono na atmosfera. Contudo, a nave americana nem chegou à órbita terrestre durante o lançamento, em 2009. O satélite não conseguiu se separar do foguete Taurus XL e acabou destruído. As causas seriam falhas em diversos sistemas da nave. O custo do projeto foi de US$ 209 milhões
Foto: Nasa / Divulgação
O Dart (Demonstração da Tecnologia Autônoma de Encontro) deveria ser uma nave robotizada capaz de se aproximar de satélites e consertá-los. O problema é que o Dart se aproximou demais de um satélite em 15 de abril de 2005. Segundo a Nasa, as primeiras oito horas da missão iam muito bem, com aproximações bem realizadas. Mas a equipe notou algumas anomalias no sistema de navegação. A nave se chocou contra um satélite após esgotar seu combustível e acabou caindo na Terra
Foto: Nasa / Divulgação
A Mars Polar Lander (MPL) foi lançada em 3 de janeiro de 1999, junto com a sonda orbital Climate Orbiter. Em 3 de dezembro do mesmo ano, chegou a Marte e... nada. A Nasa nunca mais recebeu sinais da sonda e não sabe o que aconteceu com a nave que deveria estudar um dos polos do planeta vermelho
Foto: Nasa / Divulgação
Quanto à Climate Orbiter, a nave também teve problemas e se destruiu na atmosfera marciana. O problema, segunda uma reportagem da CNN da época, é que os engenheiros da Lockheed Martin (contratada para ajudar na missão) usavam o sistema de medidas inglês, enquanto os especialistas da Nasa usavam o sistema métrico. Isso mesmo, quando a Lockheed Martin escrevia 10 polegadas, a Nasa entendia 10 cm, o que resultou numa confusão tremenda e na destruição de uma sonda de US$ 125 mi
Foto: Nasa / Divulgação
Como parar uma sonda milionária? Coloque areia no caminho. O robô Spirit, preso como uma bola de golfe em um buraco de areia desde abril de 2009, ainda não conseguiu sair do lugar. Aliás, a Nasa até desistiu da sonda em janeiro de 2010. Em 2011 a agência ainda tentou salvar o equipamento atolado, mas não adiantou