Mais lento que lesma, robô em Marte anda 30 km em 7 anos
24 jul2011 - 11h15
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Um ônibus espacial viaja a 28 mil km/h; um avião supersônico dá uma volta na Terra em 32 horas; uma Ferrari pode passar dos 300 km/h; e o Opportunity, robô que está explorando Marte, caminhou 32,5 km ao longo dos últimos sete anos. Em uma competição de velocidade, o pequeno robô "andarilho" da Nasa envergonharia até uma lesma (há registros de lesmas que se arrastam a 9 m/h). Feita a ressalva de que o Opportunity passa longos períodos estacionado, a velocidade média do robô tem sido de 0,4 m/h. Mas para sorte da agência espacial americana, a boa fama do robô depende mais de suas descobertas científicas no planeta vermelho do que de sua quilometragem.
O Opportunity foi levado a Marte em janeiro de 2004, três semanas depois de seu irmão gêmeo Spirit. Os dois robôs tinham missões de apenas 90 dias, com o objetivo de encontrar vestígios de água no planeta vizinho. Mas cumpridos o prazo e a missão - eles acharam prova de que já houve mares salgados no planeta em tempos passados - os pequenos robôs seguiram funcionando, e a Nasa passou a criar novas missões para seus "andarilhos". O Spirit foi declarado "morto" em maio deste ano, mas o Opportunity continua sua aventura até hoje.
Vida longa sem aposentadoria
É comum que os robôs enviados ao espaço trabalhem por mais tempo do que o inicialmente previsto. Como disse o gerente do projeto de "andarilhos" em Marte da Nasa, John Callas, a agência tem como regra tirar o máximo de cada robô e nunca deixar capacidades inutilizadas. O robô Phoenix - que ao contrário de seus sucessores "andarilhos" não era capaz de se movimentar - foi enviado a Marte em 2008 e também chegou ao planeta com uma missão de três meses, mas seguiu suas explorações por dois meses a mais.
O Viking 1, primeiro robô estacionário a aterrissar com sucesso no planeta vermelho, em 1976, igualmente chegou com expectativa de vida de 90 dias, e sobreviveu cerca de seis anos, bem como seu irmão Viking 2, enviado poucos dias depois. Apesar da decepção causada pelas descobertas do Viking que revelavam o ambiente inóspito de Marte, ele contribuiu com diversos experimentos geológicos graças a seu braço mecânico e sua câmera fotográfica.
Opportunity enfrenta problemas "de saúde"
A longa vida do Opportunity lhe permitirá explorar novos lugares em Marte, de acordo com Alfonso Herrera, um dos administradores da Nasa. Ele deverá seguir se movendo enquanto suas rodas permitirem. Segundo Bill Nelson, chefe da equipe de engenheiros das missões em Marte, o Opportunity tem "uma artrite no ombro do seu braço mecânico e está um pouco mal da roda dianteira direita, mas no geral está muito bem". Recentemente, o robô começou a andar de ré, com o objetivo de preservar as rodas da frente.
O Opportunity parece seguir os passos do Spirit, que após perder duas de suas seis rodas atolou em um banco de areia e teve que se transformar em uma estação imóvel. Mesmo assim, o Spirit seguiu trabalhando e acidentalmente encontrou sílica, um composto químico que poderia indicar a presença anterior de comunidades de bactérias. Mas em 2010, o robô deixou de enviar dados à Terra e parou de responder aos comandos da Nasa. Em 25 de maio de 2011, a agência fez a última tentativa de contato com o "andarilho", que havia percorrido um total de 7,7 km e enviado 124 mil fotografias, e provavelmente deixou de funcionar pelo extremo frio e pela falta de sol - fonte de energia do robô - do inverno marciano.
Guindaste voador levará novo robô a Marte
O próximo robô a ser enviado ao planeta vizinho é o Curiosity (curiosidade, em inglês) que será o maior "andarilho" a chegar ao planeta. Do tamanho de um carro e pesando cerca de 900 kg, o Curiosity será deixado na superfície de Marte por uma nave parecida a um guindaste, e o custo da missão já ultrapassa os US$ 2,5 bilhões. A previsão inicial do envio do Curiosity a Marte era 2009, mas atrasos na construção do robô passaram o prazo para novembro de 2011.
Movido com energia nuclear, o "andarilho" contará com um raio laser capaz de vaporizar rochas para analisar os gases liberados, um dos equipamentos mais avançados que a Nasa já produziu. Entre guindastes voadores e raios laser, a missão do Curiosity é tão cinematográfica que até James Cameron havia sido convidado a participar. O cineasta estava ajudando a Nasa a desenvolver uma câmera 3D de alta resolução que faria vídeos do planeta vermelho, mas o projeto foi abandonado por falta de tempo hábil para testes antes de novembro. Se os demais prazos forem cumpridos, o Curiosity estará perambulando por Marte a partir de agosto de 2012.
O telescópio espacial Hubble, da Agência Espacial Americana (Nasa), passou da marca de 1 milhão de observações espaciais no dia 6 de julho de 2011. A marca foi atingida ao procurar água na atmosfera de exoplanetas a mil anos-luz de distância
Foto: Nasa / Divulgação
O telescópio espacial Hubble é um satélite astronômico artificial não tripulado, que foi lançado pela Agência Espacial Americana (Nasa) em 24 de abril de 1990
Foto: Nasa / Divulgação
Esta imagem tomada em fevereiro de 2010 mostra o nascimento de estrelas e celebra o 20º aniversário do lançamento do telescópio espacial Hubble e implantação em uma órbita ao redor da Terra. As cores correspondem ao brilho do oxigênio (azul), hidrogênio e nitrogênio (verde) e enxofre (vermelho)
Foto: AFP
O lançamento do telescópio espacial Hubble ocorreu em 1990, para observar e fotografar objetos astronômicos jamais vistos até então. Nesta imagem, de 2010, pode-se observar a galáxia em espiral, chamada NGC 3982, marcante pelo nascimento de estrelas
Foto: AFP
Esta foto de arquivo mostra o primeiro satélite artificial do mundo a ser lançado na órbita da Terra. Quando o satélite Sputnik orbitou nosso planeta, em outubro de 1957, a Rússia passou à frente dos Estados Unidos na corrida espacial
Foto: AFP
Em 1960, o objetivo maior da disputa espacial era levar o homem ao espaço. Novamente a União Soviética sai na frente, enviando ao espaço o cosmonauta Yuri Gagarin, a bordo da nave Vostok I, em 1961
Foto: AFP
Em 1999, a Nasa lançou o mais sensível telescópio de raios-X do mundo, o Chandra. Este telescópio possui maior sensibilidade e clareza que o Hubble. Nesta imagem, pode-se observar os destroços de uma estrela que explodiu, conhecida como E0102, que fica há 190 mil anos-luz de distância, na Pequena Nuvem de Magalhães, uma das galáxias mais próximas à Via Láctea
Foto: AFP
Antes de 1972 nenhum objeto feito pelo homem tinha alcançado algum outro planeta. Pioneer 10 mudou tudo isso com uma missão com destino a Júpiter. Esta imagem revela como era a sonda americana Pioneer 10, que foi responsável por cumprir uma das metas mais ousadas do programa espacial
Foto: AFP
A sonda espacial Pioneer 10 foi lançada a 2 de março de 1972. Esta foi a primeira sonda a passar através do cinturão de asteroides e também a primeira a obter imagens próximas de Júpiter. Em 1983 ultrapassou a órbita de Plutão
Foto: Nasa/AFP / Divulgação
Em 1981, o ônibus espacial Columbia decolou com sucesso. O uso dos ônibus espaciais durou 30 anos
Foto: Nasa/AFP / Divulgação
A espaçonave Columbia é lançada no dia 26 de abril de 1993 para uma missão científica de nove dias. O adiamento do lançamento havia sido cancelado três vezes em função de falhas mecânicas
Foto: Nasa/AFP / Divulgação
A missão Pathfinder surgiu para provar a viabilidade de exploração não tripulada em Marte. Ela foi uma das mais bem sucedidas sondas da história da exploração espacial. A Pathfinder foi lançada ao espaço em 4 de dezembro de 1996 e possuía um robô chamado Sojourner, que permitia mobilidade nas observações da superfície marciana
Foto: AFP
O primeiro astronauta americano a orbitar a Terra foi Alan Shepard, deixando a Terra em 5 de maio de 1961. Ele não foi o primeiro homem no espaço, mas foi o primeiro a ser enviado pela Nasa
Foto: AFP
O astronauta James Lovell, comandante da Apollo 13, é levantado do navio principal de recuperação da Apollo 13 a bordo de um helicóptero após o retorno forçado à Terra
Foto: Nasa / Divulgação
Os astronautas da Apollo 13 usaram materiais da própria nave para construir um equipamento que filtrasse o ar
Foto: Nasa / Divulgação
Apollo 13 foi a terceira missão tripulada do Projeto Apollo com destino à Lua, mas não cumpriu a missão devido a um acidente durante a viagem de ida. Se a ida à lua foi um fracasso, salvar os astronautas foi um feito incrível. A nave espacial mergulhou em 17 de abril de 1970 no sul do Pacífico e os três tripulantes sobreviveram
Foto: Nasa / Divulgação
Apenas 20 dias após a Alan Shepard orbitar a Terra, o presidente Kennedy anunciou a missão que seria a maior conquista da Nasa: o envio de um homem à Lua - o início do programa Apollo. Demorou oito anos a partir desse anúncio para que o fato realmente acontecesse. Foi com a Apollo 11 que o astronauta Neil Armstrong chegou à Lua, em 20 de julho de 1969
Foto: AFP
Esta é uma imagem, em cores falsas, tomadas com a câmera da Vênus Express, da Agência Espacial Europeia (ESA). Ela mostra a visão completa do hemisfério sul do equador (dir.) para o polo
Foto: ESA / Divulgação
Atualmente não são apenas os programas espaciais dos EUA e da Rússia (herdeira do programa espacial da extinta URSS) que trabalham em missões espaciais. Programas da Comunidade Européia e do Japão já apresentam bons resultados. A Agência Espacial Europeia (ESA), por exemplo, conta com um ótimo modelo de lançador para satélites, o foguete Ariane
Foto: ESA / Divulgação
Imagem do lançamento de um foguete Ariane, da Agência Espacial Europeia (ESA)
Foto: ESA / Divulgação
A Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (Jaxa) foi responsável pelo lançamento da sonda Hayabusa, que retornou ao nosso planeta após viajar até o asteroide Itokawa em uma viagem de sete anos e aproximadamente 5 bilhões de km. Esta foi a primeira vez na história da conquista espacial que uma sonda voltou à Terra depois de ter entrado em contato com um asteroide
Foto: Jaxa / Divulgação
A Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (Jaxa) lançou a sonda Hayabusa, a primeira que voltou à Terra depois de ter entrado em contato com um asteroide
Foto: Jaxa / Divulgação
A Jaxa observou e analisou por meio de microscópio eletrônico as amostras que foram coletadas com a sonda Hayabusa e chegou à conclusão de que cerca de 1,5 mil grãos de poeira são do asteroide Itokawa
Foto: Jaxa / Divulgação
O ônibus espacial Atlantis decola na Flórida rumo à Estação Espacial Internacional, em 8 julho de 2011. A missão do Atlantis sinaliza o fim do programa espacial da Nasa de maior duração - os ônibus espaciais
Foto: AFP
Voyager é um programa de pesquisa espacial da Nasa iniciado em 1977 com o lançamento de duas missões, a Voyager 1 e a 2 . O objetivo era estudar os planetas Júpiter e Saturno e suas respectivas luas, mas, posteriormente, inclui-se as explorações de Urano, Netuno e o estudo do espaço após a orbita de Plutão
Foto: Nasa / Divulgação
Imagem do planeta Júpiter captada por meio da missão Voyager, da Nasa. Segundo a agência espacial, a sonda 1 pode estar a 23 bilhões de km da Terra e registros feitos pelo equipamento indica que ele estaria no limite do Sistema Solar
Foto: Nasa / Divulgação
O bilionário telescópio europeu Planck, projetado para investigar os segredos de micro-ondas do Big Bang, que supostamente ocorreu há 14 bilhões de anos atrás. Lançado em maio de 2009, Planck realizou três varreduras completas do universo, produzindo um catálogo de 15 mil novos objetos celestes, incluindo 30 grupos de galáxias
Foto: ESA / Divulgação
Esta imagem mostra estruturas locais de poeira espacial a 500 anos-luz do Sol, capturada pelo telescópio europeu Planck, projetado para investigar os segredos de micro-ondas do Big Bang
Foto: ESA / Divulgação
A Estação Espacial Internacional (ISS) foi uma criação entre Estados Unidos, Rússia, Canadá, Japão e Europa para avançar a exploração do espaço que marcou a história. A ISS superou todas as expectativas e é agora um destino no espaço, enorme em tamanho e capacidade tecnológica. Nesta imagem da Estação Espacial Internacional, o ônibus espacial Atlantis aparece à direita