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Cientistas confirmam que Voyager 1 entrou no espaço interestelar

12 set 2013 - 20h28
(atualizado em 13/9/2013 às 07h12)
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Após mais de um ano debatendo se a sonda Voyager 1 saiu ou não do Sistema Solar e se tornou o primeiro objeto feito por humanos a atingir o espaço interestelar, os cientistas anunciaram nesta quinta-feira que isso agora é uma certeza, após uma viagem de 36 anos.

"Conseguimos", disse a jornalistas Edward Stone, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, cientista ligado à missão.

A principal prova disso surgiu por acaso, graças a duas labaredas solares que dispararam partículas eletricamente carregadas na direção da Voyager, em 2011 e 2012. Levou um ano para que as partículas chegassem à sonda, fornecendo informações que poderiam ser usadas para determinar a densidade plasmática na região da Voyager.

O plasma consiste de partículas carregadas, e é mais prevalente no frio extremo do espaço interestelar do que na bolha quente de vento solar que permeia o Sistema Solar.

A Voyager 1, que está agora a 21 bilhões de quilômetros da Terra, não pôde fazer essa medição diretamente porque seu detector de plasma pifou há mais de 30 anos. "Esse foi basicamente um presente sortudo do Sol", disse Stone.

Extrapolando as medições, os cientistas acreditam que a Voyager na verdade deixou o Sistema Solar em agosto de 2012. Naquela época, a sonda enviou por rádio outra informação surpreendente, mostrando um forte pico no número de raios cósmicos vindos de fora do Sistema Solar e uma correspondente redução nas partículas emanando do Sol.

Mas os cientistas relutavam em cravar que a sonda já havia saído do Sistema Solar, porque ela continua recolhendo medições de campo magnético que eram muito parecidas com o campo magnético do Sol. Modelos informatizados previam uma mudança significativa no alinhamento do campo magnético interestelar.

"O campo magnético ainda é algo que nos intriga consideravelmente", disse o físico Gary Zank, da Universidade do Alabama, em Huntsville.

Os cientistas agora acreditam que o campo magnético interestelar seja de alguma forma envolto e distorcido pela heliosfera, a bolha do espaço sob a influência do Sol.

A compreensão disso é uma das muitas questões que os cientistas tentarão elucidar enquanto a Voyager 1 ainda tem energia. Ela e sua "gêmea" Voyager 2 usam o calor liberado pela degradação natural do plutônio radiativo, gerando assim eletricidade para os seus instrumentos.

Os cientistas acreditam que precisarão começar a desligar os instrumentos após 2020, e que por volta de 2025 a sonda ficará totalmente sem energia, quando continuará percorrendo o espaço sideral em silêncio.

A sonda percorre cerca de 1,5 milhão de quilômetros por dia. Após deixar a esfera solar, seu próximo encontro com uma estrela deve acontecer em 40 mil anos, quando ela passará a cerca de 1,7 ano-luz de uma estrela chamada AC +79 3888, na constelação de Camelopardalis.

O estudo sobre a Voyager saiu nesta semana na revista Science.

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