Cientistas acham água na Lua, mas ainda não sabem sua origem
21 jul2010 - 18h04
(atualizado em 22/7/2010 às 10h04)
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Apenas 9 meses após lançar um projétil para estudar a estrutura da Lua, os cientistas sabem com segurança que há água no satélite terrestre, mas seguem sem saber qual é a sua origem, afirmou a Nasa - a agência espacial americana. Os cientistas, que participam nesta semana do Fórum de Ciência da Nasa em Mountain View (Estado americando da Califórnia), também dizem saber que a água encontrada está em lagos e não em oceanos vastos, mas ainda não descobriram a sua origem.
O assunto foi tratado em Mountain View por vários pesquisadores liderados por Anthony Colaprete, chefe da missão da Nasa para o projeto LCROSS, um satélite de observação enviado à Lua para determinar a presença ou ausência de gelo de água na cratera Cabeus. Durante o encontro, os pesquisadores confirmaram que o impacto de um projétil na superfície lunar permitiu analisar o pó levantado e isto revelou concentrações de cristais de água.
"Descobrimos um ambiente totalmente novo", disse Colaprete. "É muito mais frio que o antecipado, mas há energia, além de água e materiais de todo tipo que se acumulam ali enquanto ocorrem processos químicos". Segundo o cientista, a área "é um laboratório por si mesmo". Em novembro os técnicos do LCROSS anunciaram que a análise espectroscópica do pó levantado pelo impacto do projétil mostrava a presença de moléculas de água e hidroxil, subproduto da água constituído por um átomo de hidrogênio e um de oxigênio.
Os cientistas indicaram ontem no fórum que o LCROSS desceu em um oásis com uma paisagem seca, mas que é provável que a Lua contenha áreas úmidas. "Há áreas de concentração relativamente alta, úmidas ou mais úmidas que nosso deserto do Saara", indicou Colaprete. "Eu sei que isso não soa muito úmido, mas na Lua equivale a um pântano".
"Partem daí as questões: como a água chegou à Lua? E como se distribuiu desde então? Esta é uma informação realmente importante para a prospecção", disse Colaprete, que afirmou que a Nasa quer ir à Lua com "com veículos móveis" e não desejaria "descer em uma área qualquer".
A Nasa elegeu as dez observações "mais legais" de 1 ano da missão da sonda Orbital de Reconhecimento Lunar (LRO). Entre elas, a sonda observou o lado distante da Lua: sempre se referiu de maneira errada a essa face como "lado negro da Lua", mas ela recebe tanta luz quanto a outra face. A LRO está registrando muitos dados dessa metade, ela descobriu, por exemplo, que ela tem as maiores crateras do sistema solar
Foto: Divulgação
O lugar mais frio do sistema solar: o local fica no fundo da cratera Hermite, onde a temperatura chega a -248°C. Para se ter uma ideia, os cientistas estimam que a superfície do ex-planeta Plutão chegue a -184°C. Outros locais extremamente frios foram encontrados no fundo de crateras no polo sul do satélite natural
Foto: Divulgação
Os primeiros passos de astronautas: em 1969, os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin entraram para a história ao dar os primeiros passos na Lua. Eles passaram cerca de duas horas e meia para tiras fotografias e realizar alguns experimentos científicos. A sonda da Nasa conseguiu registrar imagens do local do pouso da Apollo 11, inclusive de parte do módulo que ficou na Lua, rastros deixados pelos astronautas e outros equipamentos deixados para trás
Foto: Divulgação
As marcas da Apollo 14: a Apollo 14 tinha como uma das missões coletar amostras da borda da cratera Cone. Contudo, após 1,4 km de caminhada, o controle da missão notou que Alan Shepard e Edgar Mitchell estavam com batimentos cardíacos muito acelerados devido ao desgaste. Além disso, a agenda apertada da missão fez com que a Nasa determinasse que os astronautas retornassem, desistindo da empreitada. A LRO achou os rastros dos astronautas e descobriu que eles pararam a apenas 30 m da cratera
Foto: Divulgação
Sonda russa perdida: a sonda Lunokhod 1 percorreu cerca de 10 km da superfície lunar em 1970. Cerca de 10 meses depois, em 1971, os cientistas da Rússia perderam contato com a sonda. Aproximadamente 40 anos depois, em março deste ano, a LRO achou a sonda. Testes com laser confirmaram que era o equipamento russo e que seus espelhos refletores ainda funcionavam perfeitamente, com cinco vezes mais precisão que os do Lunokhod 2, que foram utilizados por anos por cientistas durante experimentos
Foto: Divulgação
Contagem de crateras e pedras: segundo a Nasa, a grande resolução da câmera do LRO permite o registro de detalhes nunca vistos, principalmente de crateras e pedras lunares, algumas com apenas alguns metros de diâmetro. Os cientistas estudaram os tamanhos, formas e distribuição para comparar as regiões da Lua e também com lugares como a Terra e Marte. Os astrônomos afirmam que esse tipo de estudo ajuda a entender a história natural do sistema solar
Foto: Divulgação
Montanhas: enquanto na Terra as montanhas levam milhões de anos para serem formadas - através de uma lento e gradual processo de colisão de placas tectônicas -, na lua mesmo o mais alto monte se forma em minutos. A diferença é que no nosso satélite natural a geografia é mais afetada por asteroides e cometas que se chocam contra a superfície. Durante testes de câmera no ano passado, a LRO pôde registrar a superfície lunar por outro ângulo, mostrando o terreno montanhoso do satélite atural
Foto: Divulgação
"Riachos": são longas e estreitas depressões na superfície lunar que se assemelham, no seu formato, aos rios na Terra. Algumas são retas, outras são curvas e até sinuosas. Eles são visíveis às imagens de radar, que também podem ser registradas pela LRO. Os cientistas ainda tentam entender como essas estruturas se formaram no nosso satélite natural. Uma das hipóteses é de que eles tenham se formado por rios de magma
Foto: Divulgação
Fossos lunares: a LRO está registrando as mais detalhadas imagens de pelo menos dois fossos lunares - gigantescos buracos na superfície lunar. As observações levaram a Nasa a acreditar que esses buracos foram criados pela ação de tubos de magma, possivelmente aliados ao impacto de um meteorito. Segundo a Nasa, um dos fossos, o Marius Hills, tem 65 m de diâmetro e profundidade estimada entre 80 e 88 m, o suficiente para engolir a Casa Branca completamente
Foto: Divulgação
Áreas constantemente iluminadas pelo Sol: um dos principais objetivos da LRO é pesquisar a iluminação solar na Lua, que tanto fornece calor como é uma fonte de energia. Com os registros da sonda, os astrônomos conseguiram criar um mapa detalhado da iluminação, descobrindo que algumas áreas que chegam a ficar 243 dias recebendo luz do Sol e nunca tem um período de total escuridão maior que 24 horas