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Brasil desiste de base conjunta com a Ucrânia para lançar satélites

23 jul 2015 - 15h44
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O Brasil decidiu cancelar unilateralmente o acordo bilateral que assinou com a Ucrânia em 2003 para a construção de um centro conjunto de lançamento de satélites na base aeroespacial brasileira de Alcântara, segundo confirmaram nesta quinta-feira fontes oficiais.

"Era melhor desfazer esta cooperação e encontrar outros parceiros, que ainda não foram determinados, para que possamos avançar na área aeroespacial", disse o ministro da Defesa, Jaques Wagner, em declarações que concedeu aos jornalistas durante o ato de apresentação de uma nova embarcação de pesquisa oceanográfica da Marinha no Rio de Janeiro.

Nos últimos meses uma comissão integrada por representantes dos ministérios brasileiros de Defesa, Ciência e Tecnologia e Relações Exteriores estudou as alternativas para levar adiante o projeto, disse Wagner, mas chegou à conclusão de que "era melhor desfazer esta cooperação".

No começo da década passada, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) se tornou no protagonista de um acordo alcançado entre Brasil e Ucrânia para a construção de uma base aeroespacial com possibilidades de lançamento e comercialização para colocar em órbita de satélites geoestacionária.

De acordo com o ministro brasileiro de Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, que também participou do ato, tratava-se de um "acordo comercial" entre ambos países, que não incluía nenhum tipo de "transferência" de conhecimento tecnológico, para "prestar serviços a terceiros países que estivessem interessados em pôr satélites em órbita".

Para tal fim ambos governos constituíram uma empresa, Alcântara Cyclone Space (ACS), cuja missão seria o desenvolvimento e a exploração do CLA mediante prestação de serviços de lançamentos espaciais tanto para o Brasil e Ucrânia, como para outras potências ou, inclusive, para clientes privados.

O projeto recebeu um investimento de R$ 1 bilhão desde que foi iniciado o acordo de cooperação entre ambos países em 2004.

Mas, segundo fontes oficiais, perante a atual política do governo brasileiro de redução dos gastos públicos para fazer frente à estagnação da economia brasileira, para o país é inviável um projeto que, segundo se previa, seria deficitário durante os primeiros 20 anos.

Por outro lado, a atual crise política da Ucrânia, provocada pela anexação da Crimeia por parte da Rússia e que tinha levado à paralisação de sua participação econômica no projeto, também contou na decisão.

Segundo algumas versões, o governo da Rússia pressionava pelo fim da cooperação espacial entre Ucrânia e Brasil, seu principal parceiro comercial na América Latina.

Wagner, no entanto, rejeitou que o fim do projeto se deva a questões políticas, já que o fim do acordo "foi decidido antes disso", apesar de admitir que "eventualmente o conflito agravou (a situação) já que este incluía muita tecnologia que é compartilhada entre Rússia e Ucrânia".

A previsão do projeto era que o complexo de lançamento espacial começasse a funcionar em 2015, mas neste momento as obras de ampliação mostram um evidente estado de abandono, o que provocou a deterioração de grande parte do trabalho já realizado.

Entre as opções para uma saída às instalações "que já foram levantadas, apesar de ainda não terem sido terminadas", é a possibilidade de alcançar um acordo com outro parceiro que bem poderia ser Estados Unidos, Rússia, China ou Europa.

Com os americanos, segundo confirmou Rebelo, foram retomadas as conversas a respeito no marco da visita de Estado que a presidente Dilma Rousseff realizou a Washington no final do mês passado.

Em 2000m chegou a ser assinado um acordo de colaboração em matéria aeroespacial com os Estados Unidos, mas finalmente não prosperou por que os americanos não quiseram compartilhar sua tecnologia com o Brasil.

EFE   
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