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Astrônomos fazem medição mais precisa da distância de galáxia vizinha

6 mar 2013 - 15h00
(atualizado às 15h01)
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Impressão artística mostra uma estrela binária eclipsante
Impressão artística mostra uma estrela binária eclipsante
Foto: ESO/L. Calçada / Divulgação

Astrônomos divulgaram nesta quarta-feira em artigo na revista especializada Nature a melhor medição já feita da distância da Grande Nuvem de Magalhães, a galáxia mais próxima da Via Láctea. O dado pode ajudar os astrônomos, já que a estrelas da Grande Nuvem são usadas para fixar a escala de distâncias de galáxias mais remotas.

"A distância à Grande Nuvem de Magalhães é extremamente importante para a astrofísica. Ela define o melhor ponto zero para todas as distâncias na escala cósmica", diz ao Terra o líder do estudo, Grzegorz Pietrzynski, das universidades de Concepción, no Chile, e de Varsóvia, na Polônia. 

Para determinar a distância de objetos no universo, os astrônomos usam as chamadas "velas padrão" - corpos os quais conhecemos bem o brilho absoluto, quanto menos brilhante este objeto parece para nós na Terra, mais longe ele está. Como sabemos o brilho "real" dele, podemos calcular a distância com precisão.

Contudo, a medição da distância para a Grande Nuvem se mostrou uma tarefa complicada, mas importante, já que as estrelas encontradas nesta galáxia são utilizadas para medirmos as distâncias para galáxias ainda mais remotas. Com o esforço dos cientistas, a precisão dessa medida melhorou muito - em 2001, a diferença entre os valores medidos chegava a 36%. Em 2011, os cientistas conseguiram medir a distância com uma margem de erro de 3%.

A medição mais precisa do início desta década utilizava um objeto conhecido como estrelas binárias eclipsantes - pares de estrelas que, do ponto de vista da Terra, passam uma em frente à outra em determinados intervalos de tempo, eclipsando uma à outra. Para que o dado fosse ainda mais preciso, os cientistas analisaram binárias eclipsantes descobertas recentemente e que são mais frias que as conhecidas até então. 

"Nós descobrimos sistemas binários eclipsantes muito especiais. Baseados nas observações desses eclipses, nós medimos os tamanhos lineares de seus componentes. Usando relações bem estabelecidas - para estrelas frias -, nós derivamos também os tamanhos angulares (o tamanho aparente visto da Terra, medido por ângulos) de nossas estrelas gigantes frias em binárias eclipsantes. Assim, apenas multiplicando as dimensões lineares pelas angulares, nós temos a distância", diz Pietrzynski. 

O resultado, afirmam os cientistas, é a distância de 49,97 mil parsecs, com uma margem de erro de 2,2%. "Dentro dos erros citados, nossa medida concorda muito bem com os estudos anteriores. No entanto, é muito mais exata e precisa, e muito mais confiável", diz o astrônomo.

"As distâncias dos corpos celestes são cruciais na astronomia. Elas permitem aos astrônomos entender a estrutura do universo; por exemplo, ver a organização do Sistema Solar e reconhecer as galáxias que estão além da Via Láctea", diz em artigo separado da revista Bradley E. Schaefer, da Universidade do Estado da Louisiana e que não teve envolvimento no estudo.

Schaefer destaca ainda que o cenário deve mudar completamente com o lançamento do telescópio Gaia. Segundo o astrônomo, a espaçonave vai ter uma capacidade muito maior de medir a distância para objetos cósmicos. "Assim, o tempo gasto com as binárias eclipsantes da Grande Nuvem de Magalhães no primeiro plano da astrofísica será limitado a apenas alguns anos pela frente", diz o professor. A previsão é que a missão Gaia seja lançada ainda em 2013 pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).

Fonte: Terra
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