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Agência espacial define onde robô aterrissará sobre cometa

Equipe de controle está bastante consciente do incrível desafio que a missão representa

15 set 2014 - 18h11
(atualizado às 18h53)
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Cientistas da Agência Espacial Europeia anunciaram ter escolhido o ponto de aterrissagem de uma sonda que, pela primeira vez na história na história da exploração do espaço, irá pousar em um cometa.

Foto: BBC News Brasil

Foto: BBCBrasil.com

Cientistas e engenheiros passaram semanas estudando o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, que tem 4 km de largura e viaja a 55 mil km/h atualmente a cerca de 440 milhões de quilômetros da Terra. É lá que o robô Philae, enviado pela sonda Rosetta, deverá aterrisar.

O local escolhido para o pouso (veja foto acima) foi considerado o mais apropriado devido às características de sua superfície e a exigência de períodos de sombra. Mas a equipe de controle está bastante consciente do incrível desafio que a missão representa.

O cometa 67P tem um formato muito irregular. Sua superfície é marcada por grandes depressões e altíssimos penhascos, e mesmo as superfícies aparentemente planas contêm grandes pedaços de rocha e fraturas perigosas.

Assim, evitar todos esses perigos exige muita sorte e planejamento cuidadoso.

Aranha mecânica

O plano da equipe ainda é tentar fazer a aterrissagem no dia 11 de novembro. A sonda Rosetta vai enviar seu robô Philae de um ponto a dez quilômetros de distância do cometa.

O robô, com formato semelhante ao de uma aranha, vai tentar se acoplar à superfície por meio de parafusos e harpões, no esforço de se fixar em um objeto que tem pouquíssima força gravitacional.

A Agência Espacial Europeia diz que o controle da missão só terá uma oportunidade de acertar. As ações acontecem a distâncias tão grandes que controle pelo rádio, em tempo real, é impossível.

O processo terá de ser totalmente automatizado, com comandos finais programados na Rosetta e no robô Philae com vários dias de antecedência.

A escolha do ponto de aterrissagem foi feita após um fim de semana de deliberações em Toulouse, na França.

A equipe se reuniu para analisar as últimas imagens transmitidas pela Rosetta, que vem monitorando o cometa 67P atentamente, desde o início de agosto.

Havia cinco locais na mesa de discussões. Destes, a equipe escolheu dois, um principal e um de reserva.

Os dois pontos serão estudados em mais detalhes nas próximas semanas, até que uma decisão seja tomada, em meados de outubro.

O local preferido pela equipe tem condições de iluminação adequadas, oferecendo ao robô alguns períodos de escuridão, permitindo que seus sistemas se resfriem.

O ponto de aterrissagem "reserva" fica no lado maior do 67P.

A agência está prestes a anunciar mais detalhes sobre sua audaciosa tentativa de aterrissar um robô em um cometa.

Perseguição no Espaço

Após passar quase uma década no encalço do 67P, a sonda europeia Rosetta finalmente entrou na órbita do cometa no início de agosto.

A nave se aproximou do 67P/ Churyumov-Gerasimenko para investigar a estrutura e composição do astro.

Uma das teorias sobre o início da vida na Terra postula que os primeiros ingredientes da chamada "sopa orgânica" vieram de um cometa.

Os 11 instrumentos da Rosetta devem observar o 67P por mais de um ano, buscando indícios da presença de água, carbono e outros elementos fundamentais para a vida.

Mas, naturalmente, uma análise química da superfície do 67P, feita pelo robô Philae, daria um grande impulso ao estudo.

O robô carregará uma furadeira para colher amostras de material na superfície do cometa. Elas serão analisadas em um laboratório à bordo do aparelho.

"Se conseguirmos apenas algumas medidas e amostras, já terá sido um sucesso", disse Jean-Pierre Bibring, que coordena as pesquisas do robô Philae.

"Gostaríamos de completar a primeira sequência científica, (o que seria feito) em dois dias no cometa. Mas para entender o tipo de atividade que existe no cometa, também precisamos de ciência de longo prazo. Isso levaria algumas semanas".

De qualquer maneira, a equipe não espera que o robô sobreviva além de março, quando, provavelmente, sucumbirá por superaquecimento.

Feito Inédito

Até hoje, cientistas foram capazes de fazer sondas cruzarem o caminho de cometas, possibilitando apenas observações fugazes.

As dificuldades técnicas de primeiramente colocar a Rosetta em órbita ao redor do 67P foram consideráveis.

O cometa viaja a 55 mil km/h. Para entrar na sua órbita, a nave precisou estar em frente ao astro a uma velocidade apenas 3,6 km/h menor, permitindo a aproximação até ficarem lado a lado.

O feito foi inédito e dificultado pelo fato de os sinais de rádio enviados da Terra para comandar a sonda levarem mais de 22 minutos para ser recebidos.

A estrutura irregular do cometa, que já foi comparada a um pato de brinquedo, é outro obstáculo, já que é difícil calcular a sua força gravitacional, um dos fatores mais importantes para se pilotar a Rosetta ao redor do cometa e para os planos de pouso.

Informações iniciais indicam que a superfície do cometa esteja coberta de poeira estelar, com temperaturas de -70ºC negativos

Acredita-se que cometas estejam entre os corpos celestes mais antigos do Sistema Solar.

A missão Rosetta, batizada em homenagem à pedra que possibilitou a tradução dos hieróglifos egípcios, foi planejada na década de 90.

A sonda foi lançada em março de 2004 e, desde então, já orbitou o sol cinco vezes, ganhando velocidade "surfando" na gravidade da Terra e de Marte.

Para atravessar a parte mais gelada de sua rota, a sonda foi desligada em 2012 e somente reativada em 1º de janeiro deste ano.

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