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Oxigênio em cometa sugere outra origem para o Sistema Solar

Uma nova descoberta está intrigando os cientistas a respeito da origem do Sistema Solar.

29 out 2015 - 19h26
(atualizado às 19h53)
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A descoberta pode forçar uma reconsideração sobre o que se sabia até agora sobre a formação do Sistema Solar
A descoberta pode forçar uma reconsideração sobre o que se sabia até agora sobre a formação do Sistema Solar
Foto: Divulgação/BBC Brasil

A sonda espacial Rosetta identificou uma molécula de oxigênio na nuvem de gás que envolve o cometa que ela está estudando entre a Terra e Júpiter – chamado 67P/Churyumov-Gerasimenko e apelidado Chury.

A descoberta, divulgada na publicação científica , foi uma grande surpresa para os pesquisadores, que achavam que o oxigênio teria reagido com outros elementos quando os planetas estavam se formando.

O resultado indica que as ideias atuais que os cientistas tinham até aqui sobre a origem e a formação do Sistema Solar podem até estar erradas.

Pesquisadores usaram um instrumento da Rosetta para "farejar" a atmosfera ao redor do cometa. A sonda foi lançada em 2004 e chegou ao seu alvo no ano passado – desde então, os cientistas têm estudado as informações trazidas por ela.

Sistema Solar

Os pesquisadores da Nasa (agência espacial americana) descobriram que o oxigênio era o quarto gás mais comum ao redor do cometa, depois de vapor de água, monóxido de carbono e dióxido de carbono.

Uma das cientistas envolvidas, Kathrin Altwegg, da Universidade de Berna, disse que inicialmente os pesquisadores até pensaram que aquilo que tinham visto nas informações da sonda era um equívoco.

"Quando vimos isso pela primeira vez, nós tivemos uma primeira reação de negação porque não era algo que nós esperávamos encontrar em um cometa", afirmou.

O oxigênio reage muito facilmente com outros elementos para formar outros compostos e não costuma ficar na sua forma única. Os pesquisadores sugerem que o oxigênio deve ter congelado de maneira muito rápida e ficado preso em pedaços de material no início da formação do Sistema Solar.

"Foi a descoberta mais surpreendente que fizemos até agora (sobre o cometa)", disse Altwegg. "A maior pergunta que fica agora é como ele chegou ali."

Várias teorias atuais sobre como os planetas e os cometas se formaram em volta do Sol sugerem um processo violento que teria aquecido o oxigênio congelado – e ele teria, então, reagido com outros elementos.

A sugestão agora é que a formação do Sistema Solar deve ter sido um processo muito mais silencioso do que aquele que se imaginava.

"Se nós temos oxigênio no início da formação do cometa, como ele sobreviveu por tanto tempo?", disse um dos autores do estudo, Andre Bieler, da Universidade de Michigan.

"Todas as informações que tínhamos até agora mostravam que (o oxigênio) não poderia sobreviver por tanto tempo, e isso nos diz algo sobre a origem do Sistema Solar – mas o processo precisa ser muito mais tranquilo – não violento, como se achava antes - para construir esses grãos de gelo, porque parece que é um material bastante intocado ainda."

"Agora nos temos provas de que essa parte significativa do cometa, na verdade, sobreviveu à formação do Sistema Solar."

Montagem de quatro imagens feitas a 26,3 km do cometa Chury, que tem um núcleo de cerca de 4 km de diâmetro. A atividade no "pescoço" do cometa (centro da foto) é formada por gelos e gases que escapam do interior do cometa e geram correntes de poeira no espaço.
Montagem de quatro imagens feitas a 26,3 km do cometa Chury, que tem um núcleo de cerca de 4 km de diâmetro. A atividade no "pescoço" do cometa (centro da foto) é formada por gelos e gases que escapam do interior do cometa e geram correntes de poeira no espaço.
Foto: Agência Espacial Europeia - ESA
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