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Delegação brasileira deixa Copenhague insatisfeita com acordo

18 dez 2009 - 21h37
(atualizado às 21h43)
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Lúcia Müzell
Direto de Copenhague

A delegação brasileira não ficou nada satisfeita com o acordo que se desenha na Conferência do Clima de Copenhague. O país ficou particularmente frustrado com a falta compromisso com metas de redução de emissões de CO2 por parte dos países desenvolvidos. O rascunho do documento final - que será uma declaração de compromisso, e não um tratado formal - ainda está sendo negociado pelos representantes dos países e deve ser votado ao longo da madrugada.

Com a partida de Lula e dos ministros que o acompanharam, à exceção do de Meio Ambiente, Carlos Minc, coube ao embaixador para as questões de Clima do Itamaraty, Sérgio Serra, dar explicações à imprensa sobre a posição brasileira. "Não posso deixar de externar a minha frustração com este resultado. Será incompleto. Não terá as metas de redução dos países desenvolvidos até 2020. Faltam os números neste documento que está em preparação", disse Serra. "Definitivamente, não é o que a gente esperava deste encontro. Será necessário outro, ou até mesmo vários outros, até se chegar a um resultado completo".

Na prática, reclamou o diplomata, apenas o Brasil, o México, a China e a Índia apresentaram metas concretas de redução de emissões, mesmo se esses países não tivessem obrigação de apresentá-las. No caso do Brasil, estabeleceu-se uma estimativa entre 36 e 39% a menos de emissões.

No final da noite, a União Europeia também teria confirmado o seu compromisso de metas de diminuição de 30% até 2020. Por outro lado, o consenso parece estar estabelecido acerca da meta de redução global em 50% das emissões até o ano de 2050, para que se possa evitar o aumento superior a 2ºC da temperatura da Terra em decorrência do aquecimento global que está em curso. A Europa, que pedia redução global de 80%, frustrou-se com essa parte do esboço de acordo.

O embaixador anunciou também que os países emergentes e os Estados Unidos chegaram a uma posição comum depois de uma reunião entre os seus chefes de Estado e de governo. As informações acerca deste acerto ainda são imprecisas. Mas conforme Serra, depois de muita resistência a China aceitou os mecanismos de verificação internacional do cumprimento das ações de redução de emissões, desde que realizados sob a forma de consultas e análises, sem intrusões nos segredos de Estado dos países.

A questão do financiamento para os países pobres não ficou clara. Sabe-se apenas que os países desenvolvidos estariam dispostos a se comprometer com U$S 100 bilhões a partir de 2020. Os Estados Unidos, no entanto, condicionam a contribuição à transparência por parte dos beneficiados.

Logo depois da reunião com os emergentes, Obama foi ao encontro dos países ricos e eles teriam acertado outras posições, de acordo com informações postadas pelo presidente francês Nicolas Sarkozy pelo Twitter do Palácio do Eliseu. "Este acordo é o melhor que foi possível", declarou Sarkozy na Internet. Ele também contou que as reuniões bilaterais foram tensas "Houve afrontamentos bastante francos e viris durante o dia".

Mesmo se os chefes de Estado chegaram a acordos preliminares, o texto final deve ser preparado em detalhes antes da aprovação - ou não - em plenário.

Fonte: Especial para Terra
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