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Caos na organização e atuação policial ofuscam a COP-15

18 dez 2009 - 16h31
(atualizado às 17h11)
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A Cúpula da ONU sobre a Mudança Climática (COP- 15), em Copenhague, da qual participaram 119 chefes de Estado e de Governo, ficou marcada, à margem de acordos e divergências, pelo caos organizativo e uma ferrenha atuação policial para frear protestos.

Climate World - INFO1
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Foto: Reuters

A decisão da ONU de permitir o credenciamento de 46 mil pessoas ao palácio de congressos Bella Center, três vezes mais do que a capacidade do palco da cúpula, provocou em vários dias um colapso dos acessos.

A avalanche de gente do início desta semana, coincidindo com a chegada de representantes ministeriais dos 192 países participantes, provocou o caos, com milhares de pessoas fazendo filas durante mais de oito horas a temperaturas próximas a 0°C e sem poder entrar no Bella Center.

Então, a ONU limitou o acesso por meio de cotas a ONGs e entidades intergovernamentais, que ficaram com um terço do total de credenciais, o que contribuiu para aliviar a situação nos dias seguintes.

Entretanto, os graves problemas na organização fizeram com que o secretário-executivo da COP-15 e porta-voz da ONU para a mudança climática, Yvo de Boer, assumisse publicamente os erros e pedisse desculpas, enquanto as autoridades dinamarquesas negavam qualquer tipo de responsabilidade no ocorrido.

O Governo dinamarquês se saiu pior no campo da segurança e no uso massivo das detenções preventivas de mais de 1,5 mil pessoas, em sua maioria liberadas pouco tempo depois, em uma cúpula na qual não houve confrontos violentos graves nem distúrbios comparáveis a outros eventos deste porte.

Um mês antes do início da COP15, a Dinamarca aprovou a liberação de uma verba de 84 milhões de euros para o setor de segurança, em uma iniciativa batizada pelo ministro da Justiça dinamarquês, Brian Mikkelsen, como pacote legal "para malfeitores".

Mikkelsen demonstrou total apoio à atuação policial após a grande manifestação do dia 12, na qual houve mais de 1,2 mil detidos, muitos dos quais permaneceram algemados em fila durante horas e sentados sobre o gelado asfalto para serem liberados pouco depois.

Para o ministro, a ação policial impediu que Copenhague acabasse "em chamas", como aconteceu com outras cidades que receberam cúpulas do tamanho da COP-15, o que não evitou fortes críticas de ONGs, grupos de ativistas e organizações como a Anistia Internacional (AI).

A entidade Climate Justice Action (CJA), uma das principais organizadoras dos protestos mais espetaculares, acusou hoje as autoridades dinamarquesas de quererem silenciar as manifestações e de criminalizar suas atividades por meio das detenções.

A CJA destacou que, apesar da controvertida atuação policial, a cúpula de Copenhague permitiu reforçar o movimento internacional pela justiça climática.

No entanto, o maior esquema de segurança na história recente da Dinamarca, com mais de 6,5 mil agentes, não pôde evitar uma ação simbólica, mas de consequências ainda mais graves para a imagem do país.

Ontem à noite, dois ativistas do Greenpeace vestidos em trajes de gala burlaram a segurança e mostraram um cartaz de protesto diante das câmeras, enquanto a rainha Margarida II oferecia um jantar em homenagem aos chefes de Estado e de Governo presentes na cúpula, em um incidente que pôs as autoridades policiais em xeque.

EFE   
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