Lula: ricos devem assumir metas à altura das responsabilidades
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso na 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), em Copenhague, nesta quinta-feira, cobrou que os países desenvolvidos devem assumir metas ambiciosas de redução de emissões de gases do efeito-estufa.
"Os países desenvolvidos devem assumir metas à altura de suas responsabilidades históricas", disse Lula. Segundo o presidente, as ações devem "refletir a participação de cada país nos últimos séculos no aumento da temperatura".
Lula anunciou ainda o investimento de US$ 160 bilhões até 2020 para que o Brasil cumpra a meta de reduzir suas emissões em até 39%. São US$ 16 bilhões por ano. "Esta não é uma proposta para barganhar. É um compromisso que assumimos com a nação brasileira e com o mundo", discursou.
Entrave
As negociações para salvar o planeta dos efeitos do aquecimento global chegaram às margens de um colapso nesta quinta-feira, dia em que a maior parte dos líderes mundiais desembarcaram em Copenhague.
A expectativa de se conseguir um acordo concreto entre os países é baixa. Lula cobrou ação. "A hora de agir é essa. O veredicto da história não poupará os que faltarem com suas responsabilidades neste momento".
"A ambição de reduzir em 50% as emissões globais de gases do efeito-estufa em 2050 em comparação com o ano de 1990 ajudará a assegurar esse objetivo", afirmou. "Essa conferência não é um jogo onde se possa esconder cartas na manga. Se ficarmos à espera do lance de nossos parceiros, podemos descobrir que é tarde demais. Todos seremos perdedores."
O presidente disse ainda que controlar o aquecimento global é fundamental para permitir o crescimento econômico e superar a exclusão social. "A mudança do clima é um dos problemas mais graves que enfrenta a humanidade. Controlar o aquecimento global é fundamental para proteger o meio ambiente, permitir o crescimento econômico e superar a exclusão social".
Desigualdade
"É inaceitável que os países menos responsáveis pelas mudanças climáticas sejam as primeiras e principais vítimas", continuou.
"Mecanismos de mercado podem ser muito úteis, mas nunca terão a magnitude ou a previsibilidade que realmente queremos. Se ficarmos à espera do lance dos nossos parceiros, podemos descobrir que é tarde demais", disse, ao destacar que "a fragilidade de alguns não pode servir de pretexto para o recuo de outros".
Segundo o presidente, não é "politicamente racional" ou "moralmente justificável" que países ricos coloquem interesses corporativos e setoriais acima do bem comum da humanidade.
Kyoto
Lula voltou a defender a preservação do Protocolo de Kyoto. Lembrou que o protocolo estabelece a obrigatoriedade de financiamento aos países pobres e em desenvolvimento para a execução de projetos na área. Segundo o presidente, será muito difícil reforçar a capacidade de adaptação de nações mais vulneráveis sem um fluxo financeiro como "forte componente".
Lula afirmou que preservar o Protocolo de Kyoto, tratado que estabelece cortes vinculativos nas emissões de CO2 para 37 países ricos, é "absolutamente necessário".
O presidente disse ainda que o acordo, assinado nos anos 1990, "não pode ser substituído por instrumentos menos exigentes". Pelo contrário, o Protocolo de Kyoto deve ser tomado como "referência" para futuras metas, destacou Lula em seu discurso.
COP-15
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, de 7 a 18 de dezembro, que abrange 192 países, vai se reunir em Copenhague, na Dinamarca, para a 15ª Conferência das Partes sobre o Clima, a COP-15. O objetivo é traçar um acordo global para definir o que será feito para reduzir as emissões de gases de efeito estufa após 2012, quando termina o primeiro período de compromisso do Protocolo de Kyoto.