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Crise da água eleva risco de dengue em SP

9 fev 2015 - 12h03
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Quem armazena água por causa da seca deve tomar cuidado para que seus depósitos não virem criadouros de mosquitos transmissores, elevando o risco de epidemia no estado.

A crise hídrica em São Paulo pode elevar o número de casos de dengue no estado. Eles "explodiram" no início deste ano, e a falta da água pode agravar ainda mais esse cenário. O surto levou alguns municípios a cancelar as festividades de Carnaval e a adotar o uso de drones no combate à doença.

Ainda não há um balanço dos casos registrados no início deste ano no estado, mas, na capital, o número triplicou em relação ao mesmo período de 2014, passando de 45 para 120. Segundo a Secretaria da Saúde, o primeiro balanço estadual deve sair apenas em março.

Em algumas cidades do interior, o aumento foi bem maior, e pelo menos cinco municípios – Guararapes, Penápolis, Neves Paulista, Catanduva e Tanabi – já decretaram situação de emergência.

Para a infectologista Otília Lupi, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz, ainda é cedo para relacionar a escassez de água na região com o atual surto de dengue. "A crise da água vai piorar a situação, mas, nesse momento, os principais motivos são a temperatura e o acúmulo de população suscetível à doença", afirma.

Como uma grande parte da população dessa região nunca teve contato com o vírus da dengue, ela é mais suscetível a ele. Assim, as chances de a doença se espalhar são maiores do que em regiões endêmicas.

Além disso, o inverno mais ameno e temperaturas mais elevadas no início do verão proporcionaram ao Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, o clima ideal para a sua reprodução.

Nos próximos meses, diante do eminente racionamento, a população deve passar a fazer reservas de água. E, se esses locais de armazenamento não estiverem bem protegidos, o risco de uma epidemia é elevado, já que eles se tornam criadouros ideais para os mosquitos.

Olho da águia

Para evitar um surto maior, algumas prefeituras começaram a usar drones para localizar focos de proliferação do mosquito transmissor. Esses veículos aéreos não tripulados já estão em ação em Santos e Limeira.

"Estávamos gastando muito tempo para localizar o problema. O drone funciona como o olho da águia, e com ele vamos direto ao foco. Assim economizamos tempo e somos mais ágeis na luta contra a dengue", afirma o secretário da Saúde de Limeira, Luiz Antônio da Silva.

Uma câmera acoplada ao aparelho localiza criadouros de mosquitos e depósitos de água parada em locais de difícil acesso para os agentes de saúde, como telhados ou áreas verdes.

Limeira é dos municípios que enfrentam um surto de dengue. Somente em janeiro foram registrados 635 casos da doença, quase o total de casos de todo o ano de 2014, quando foram registrados aproximadamente 700.

Lupi aprova o uso de veículos aéreos não tripulados como ferramenta complementar para identificar pontos críticos, apesar de ver algumas desvantagens, como o potencial de acidentes ou a invasão da privacidade. "O agente vai de casa em casa, em alguns lugares ele não pode entrar, em outros ele não pode ver de cima. O drone complementa o trabalho do agente", afirma.

A infectologista acrescenta que eliminar criadouros – evitando o acúmulo de água parada e tampando depósitos de água – continua sendo a única maneira de evitar epidemias da doença.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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