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Relatório reafirma que 2012 será um dos anos mais quentes

28 nov 2012 - 21h47
(atualizado às 22h37)
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A tendência ao aquecimento global se consolida e 2012 também fechará como um dos anos mais quentes desde meados do século 19, momento a partir do qual a temperatura média subiu 1°C, uma variação que gera as ondas de calor.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmou nesta quarta-feira que esse grau centígrado a mais influirá em uma maior frequência de fenômenos meteorológicos extremos, principalmente nos períodos de calor intenso.

O aumento da temperatura média não é uniforme no planeta, sendo maior em algumas zonas e menor em outras. "Geralmente, falamos do impacto (da mudança climática) em termos de temperatura, mas há muitos outros, como o aumento do nível do mar", disse o secretário-geral da organização, Michel Jarraud, em entrevista coletiva.

Como exemplo mais recente citou o furacão "Sandy", sobre o qual existe a certeza que "seu impacto foi mais grave do que se tivesse acontecido há cem anos e isto devido ao fato de o nível do mar estar 20 cm mais elevado agora".

Também se constatou que fenômenos meteorológicos perigosos, que tendiam a reproduzir-se a cada 50 ou 100 anos, serão mais frequentes e "provavelmente a partir de agora ocorrerão a cada dez anos", acrescentou. A OMM, que apresentou hoje o "Estado Mundial do Clima 2012", com os resultados de todos os fenômenos extremos ocorridos de janeiro a outubro, confirmou também o novo recorde de degelo do Ártico.

Jarraud considerou que esta evolução anormal do clima continuará, principalmente por causa dos gases do efeito estufa - fenômeno causador da mudança climática -, cuja concentração na atmosfera alcançou níveis históricos neste ano.

A temperatura média da superfície do planeta (terras e oceanos) apresentou uma "anomalia" de 0,45°C acima do normal, com uma média mundial de 14,2°C .

Os anos entre 2001 e 2011 estiveram entre os mais quentes jamais registrados e os cientistas da OMM já podem garantir que 2012 não será uma exceção.

Dirigindo-se aos céticos da mudança climática, Jarraud admitiu que há uma "variabilidade natural" do clima e que fenômenos como "El Niño" e "La Niña" incidem nas temperaturas e chuvas, mas lembrou que "isto não põe em dúvida a tendência geral ao aquecimento em longo prazo imputável às mudanças climáticas" provocadas pelo ser humano.

Os episódios climatológicos extremos se manifestaram de maneira diferente por todo o planeta. Na América do Norte houve várias ondas de calor, na Europa foram quebrados vários recordes de calor e a Rússia viveu o segundo verão mais caloroso de sua história, enquanto no Marrocos se superaram vários recordes de calor durante o período estival.

Alguns países europeus registraram seus meses mais secos em muitos anos, como a Espanha, onde janeiro foi o sexto mês mais seco registrado; a Alemanha, que teve seu terceiro março mais seco; e Portugal, com o fevereiro mais seco desde 1931.

Nos primeiros três meses do ano, as chuvas na Espanha foram as mais esparsas desde 1947 e essas condições secas seguiram afetando o país durante o verão, que foi o mais seco dos últimos 60 anos.

Além disso, "uma grande parte da América do Sul - com ênfase no norte da Argentina - e da África tiveram "temperaturas superiores às normais".

As secas também foram mais intensas que o habitual, afetando 65% do território dos Estados Unidos, e o norte do Brasil conheceu a pior seca do último meio século enquanto na Austrália se observou um déficit de 31% nas precipitações no período abril-outubro.

O fenômeno oposto, as inundações, se abateu sobre vários países africanos, certas regiões do sul da China sofreram as chuvas mais abundantes dos últimos 32 anos e a Argentina registrou em agosto "chuvas e inundações recordes".

Quanto às nevascas e frio extremo, o oriente da Rússia chegou a experimentar temperaturas negativas de entre 45 e 50 graus abaixo de zero no final de janeiro, várias regiões da Europa Oriental conheceram mínimas de 30 graus negativos e no norte da Europa os termômetros chegaram a marcar 40 graus abaixo de zero.

EFE   
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