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Novas negociações em Bonn buscam acordo contra mudança climática

3 jun 2015 - 16h00
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A corrida para um acordo global sobre as alterações climáticas entrou numa nova fase desde segunda-feira em Bonn (Alemanha), onde novas negociações intermediárias são realizadas, a menos de 200 dias da grande conferência de Paris.

Christiana Figueres, chefe da ONU para o clima, Laurent Fabius, ministro das Relações Exteriores francês, e Manuel Pulgar-Vidal, ministro do meio ambiente do Peru, que presidiu a conferência em Lima, abriram a cúpula, que ocorre até 11 de junho.

Delegações de 195 países presentes tentam melhorar um documento de 80 páginas preparado em fevereiro, em Genebra, com inúmeras reticências e contradições.

"Se as partes mais ambiciosas permanecerem, teremos um acordo para promover uma transformação global para um futuro mais verde e sustentável", declarou em comunicado Mattias Södeberg, chefe da delegação em Bonn da ACT, uma coalizão de igrejas e organizações de 140 países.

"Um acordo deste tipo poderia salvar vidas, limitar os riscos de conflito e apoiar o crescimento e o desenvolvimento sustentável", acrescentou.

No entanto, o caminho para chegar a um consenso sobre as regras que regem a luta contra o aquecimento global após 2020 "ainda é longo", na opinião do economista britânico Nicholas Stern.

"O objetivo é chegar a um acordo preliminar em outubro [...] A COP21 [ cúpula de Paris] permitirá dar os últimos retoques e tratar de questões pendentes, mas na base de um texto sólido e claro para todos", apontou Fabius na sessão de abertura das negociações.

Algumas questões complexas estão no centro das negociações: que objetivo de redução de gases de efeito estufa devem ser impostos para limitar o aumento da temperatura a 2°C? Como encomendar esforços em todos os países, tendo em conta as crescentes necessidades energéticas dos países emergentes?

Enquanto os países revelam gradualmente suas metas nacionais para reduzir os gases de efeito estufa até 2025 ou 2030, as negociações também vão abordar como verificar sua execução e a capacidade de modificar os compromissos no futuro, acompanhando as mudanças de tecnologias e seus custos.

Até agora, 37 países, incluindo a União Europeia, os Estados Unidos, a Rússia, o Canadá e o México anunciaram suas "contribuições nacionais" para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

A China, maior poluidor do mundo, deve anunciar seus futuros projetos, como Austrália, Brasil e Japão.

"As negociações da ONU são totalmente inadequadas para a urgência climática. Em particular todo mundo diz, todo mundo está ciente disso, mas a complexidade do processo é tamanha que continua como se nada tivesse acontecido", lamentou a ministra francesa do Meio Ambiente, Ségolène Royal, em entrevista ao jornal Le Monde na última segunda-feira.

"Não seguimos o caminho" necessário para limitar o aumento da temperatura a 2°C, reconheceu Laurence Tubiana, negociadora francesa, acrescentando que é necessário enfatizar o aspecto punitivo da avaliação e "a forma como podem ser combinados crescimento e objetivos climáticos".

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), é preciso abandonar os combustíveis fósseis, especialmente o carvão, e investir pesadamente em eficiência energética para separar o crescimento econômico das emissões de gases de efeito estufa.

Seis empresas de petróleo e gás - BG, BP, Eni, Royal Dutch Shell, Statoil e Total - fizeram na segunda-feira um apelo a todos os estados para que adotem uma abordagem "prática e realista" para o preço das emissões de carbono que seja mais homogêneo entre os países.

Essa tarificação é uma forma de combater as alterações climáticas com base no princípio do poluidor-pagador (quem contamina paga, ndlr).

A questão das ajudas públicas para reduzir gases de efeito estufa e adaptar-se aos impactos do aquecimento global continua a ser espinhosa, porque os países do Sul, especialmente as ilhas mais pobres e pequenas, exigem compromissos claros do norte.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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