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Cientistas alertam que mudanças no rio Mackenzie afetarão clima mundial

12 jun 2013 - 17h31
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Um grupo de especialistas internacionais alertou nesta quarta-feira sobre a situação do rio Mackenzie, um dos maiores do mundo, e as graves consequências que terá para o clima mundial as mudanças pelas quais está passando.

Cientistas de Canadá, Estados Unidos e Reino Unido, a pedido do Fórum Rosenberg sobre Políticas da Água, publicaram um relatório no qual mostram que a bacia do Mackenzie está em perigo pela mudança climática e o desenvolvimento industrial, o que pode ter consequências globais.

O professor Henry Vaux, presidente do Fórum Rosenberg, disse à Agência Efe que a temperatura média da bacia do Mackenzie já aumentou mais de 2 graus centígrados, número estipulado pela comunidade internacional como o limite que deveria ser ultrapassado para lutar contra a mudança climática.

"A preocupação é que a combinação de um desenvolvimento desequilibrado junto com a mudança climática vai tornar a bacia menos resistente e mais instável", disse Vaux.

"E isto é importante porque a bacia é um recurso continental que proporciona benefícios a povos que estão em regiões muito afastadas do norte do Canadá, seja por meio de aves migratórias, moderação do clima ou correntes oceânicas" acrescentou.

Vaux explicou que os cientistas acreditam que o rio Mackenzie, que é considerado como "o Amazonas do Norte", tem influência sobre as correntes oceânicas.

"As correntes dependem em grande medida do que acontece na desembocadura do Mackenzie, quando suas águas se misturam com as do oceano Ártico", explicou.

Atualmente o Mackenzie, que tem uma longitude de quase 1.800 quilômetros, deposita 10,3 milhões de litros de água no oceano Ártico a cada segundo e 100 milhões de toneladas de sedimentos por ano.

"Mudanças na direção, a magnitude do fluxo e as temperaturas de correntes globais terão provavelmente significantes implicações no clima de todo o mundo", continuou.

A chave que determina em grande parte o clima é a diferença que existe entre as temperaturas no norte do planeta e no equador.

"Sabemos que o clima, pelo menos no hemisfério norte, está determinado parcialmente pelas diferenças na temperatura entre o equador e as latitudes mais setentrionais. As diferenças estão diminuindo, o que terá implicações não só no clima da América, mas no mundo todo", comentou Vaux.

O cientista ressaltou que a perda da camada de gelo que cobria quase por completo o oceano Ártico é parte do problema.

"Em parte está relacionado com o desaparecimento da camada de cobertura de gelo do Ártico. Assim que desaparece essa cobertura, menos energia é refletida para o espaço e mais energia é absorvida pelas águas. Esse é o mecanismo que está fazendo com que as temperaturas do Ártico aumentem", explicou.

A outra parte da questão é que a bacia do Mackenzie modera o clima ao capturar centenas de milhões de gases do efeito estufa no pergelissolo, a camada da terra que está constantemente congelada.

Na bacia do Mackenzie, o desaparecimento do pergelissolo vai representar a liberação de "quantidades maciças de metano", um gás de efeito estufa que tem 21 vezes mais potencial por molécula que o dióxido de carbono.

Para piorar a situação, parte da bacia do Mackenzie está na zona de areias betuminosas do Canadá, uma região que se calcula que contenha as terceiras maiores reservas de petróleo do mundo, e que Ottawa quer transformar no motor do futuro desenvolvimento econômico do país.

As jazidas das areias betuminosas já proporcionam ao Canadá uma de suas principais fontes de renda, mas o contínuo desenvolvimento destes recursos apresenta um considerável perigo para a bacia do Mackenzie.

Os cientistas advertiram em seu relatório que um vazamento de petróleo ou de produtos tóxicos derivados da extração do petróleo teria consequências desastrosas para a região, que foi comparada com o Serengueti africano pelo seu ecossistema.

Segundo o relatório, um acidente com uma embarcação de resíduos de metais pesados no inverno, como a que aconteceu em 1998 na cidade espanhola de Aznalcollar, "seria quase impossível de sanear ou limpar".

Por isso, o relatório pede que as empresas petrolíferas depositem "substanciais finanças" para explorar os recursos naturais na bacia do rio Mackenzie, a fim de cobrir os custos de limpeza ou recuperação.

EFE   
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